O ex-candidato da RENAMO às eleições de outubro será o porta-voz da campanha das autárquicas do atual candidato do partido, Hermínio Morais, e terá como missão projetar a imagem do Major General na reserva em Maputo.
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Na corrida às autárquicas na capital moçambicana, a RENAMO, maior partido da oposição, tem a dura tarefa de projetar a figura de Hermínio Morais, politicamente desconhecido. Depois de ter sido excluído da corrida eleitoral, foi Venâncio Mondlane o homem escolhido pela RENAMO para ser o porta-voz do partido.
À DW, Venâncio Mondlane explica que este trabalho conjunto surge "no âmbito do trabalho" que já vinha sendo feito. "Para quem acompanhou a pré-campanha, estamos a trabalhar juntos, estamos a planificar juntos. O próprio manifesto é resultado de um trabalho conjunto. Este trabalho vai-se prolongar até ao fim da campanha e até ao dia da vitória", garante.
Venâncio Mondlane está consciente de que é "uma peça importante para o sucesso da RENAMO". O partido deu-me uma função específica, como deu também ao general Hermínio Morais. Portanto, nós juntos vamos fazer desta RENAMO a alternativa para a cidade de Maputo".
Hermínio Morais, morador do histórico bairro da Mafalala, é um homem de poucas palavras. À DW diz confiar na retórica de Venâncio Mondlane para projetar a sua imagem. "A assessoria de Venâncio Mondlane é muito importante porque ele tem uma vasta experiência na área política nesta cidade. A expetativa é muito grande e nós vamos ganhar a cidade de Maputo", diz.
Que projetos?
O porta-voz do candidato da RENAMO para a autarquia de Maputo, Venâncio Mondlane, até já definiu os planos para o maior município de Moçambique. Entre estes, estão a construção da "primeira galeria multifuncional de várias artes", mas não apenas: "Vamos construir pela primeira vez clínicas municipais para saúde materno-infantil em todos os distritos. É incontornável falar da gestão do lixo. Depois da tragédia de Hulene, a nossa ideia é converter o lixo em luxo, isto é, olhar o lixo como uma matéria prima, como fonte de riqueza, como fonte de renda", acrescenta.
Sempre ao lado de Venâncio Mondlane, Hermínio Morais apelou para uma campanha ordeira e prometeu vitória em Maputo. "Apelamos a todos os munícipes para que sejam ordeiros. Vamos fazer desta campanha uma festa, um momento de confraternização em que os moçambicanos têm um momento próprio para refletir e optar pelas mudanças nesta cidade de Maputo".
A Comissão Nacional de Eleições deverá gastar pouco mais de dez milhões de euros para as eleições municipais e gerais de 2019.
Guerrilheiras da RENAMO aguardam paz e reintegração
A desmilitarização também se faz no feminino. As mulheres estão prontas para entregar as armas, assegura a Liga Feminina da RENAMO, e aguardam com expetativa a reintegração nas forças governamentais.
Foto: DW/M. Mueia
Na expetativa do acordo
Muitas mulheres na RENAMO são guerrilheiras e aguardam a sua reintegração social. Estão interessadas em entregar as armas e exercerem outras atividades profissionais. Esperam pelo acordo final entre as principais partes envolvidas no processo de deliberação, neste caso as bancadas parlamentares da RENAMO e A FRELIMO.
Foto: DW/Marcelino Mueia
O aguardado regresso à vida civil
Teresa Abdul, da província do Niassa, começou a combater quando tinha apenas 14 anos. Aguarda o desarmamento e o regresso à vida civil com muita expectativa. “Este processo é muito melhor. Temos muitas pessoas que passaram pela guerra, lutaram, mas até agora não estão a ser reintegradas nos seus lugares, é triste. Caso este processo ocorra, estaremos agradecidos porque todos estarão na linha”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Luta de quase quatro décadas
As mulheres do maior partido da oposição comemoraram o 38º aniversário da criação da Liga Feminina a 5 de Julho de 2018. As celebrações a nível nacional tiveram lugar na província moçambicana da Zambézia, juntando representantes do partido oriundos maioritariamente das províncias.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Que se cumpra o acordo feito com Dhlakama
Albertina Naene, ex-guerrilheira, ingressou nas fileiras militares da RENAMO com apenas 13 anos. Hoje, com 46, apela ao Presidente para prosseguir com os acordos de cessação definitiva das hostilidades militares."O Governo da FRELIMO está a atrasar o processo. Deveria cumprir o que ficou acordado com o presidente Dhlakama. Queremos que aqueles nossos irmãos saiam para virem conviver connosco”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Encontros para motivar e mobilizar apoiantes
A morte do líder da RENAMO não significa o fim do regime partidário. As autoridades políticas da RENAMO na província da Zambézia, têm mantido encontros constantes depois da morte de Afonso Dhlakama. Os encontros não visam apenas traçar planos de atividade para as delegações distritais e membros do partido, também servem para motivar os seus simpatizantes e eleitores.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Maria Inês Martins - presidente da Liga da Mulher da RENAMO
Para a presidente da Liga da Mulher da RENAMO, a integração dos guerrilheiros nas forças governamentais podia começar pelos que, depois dos acordos de paz de 1992, foram integrados e depois afastados “sem justa causa”. “Foram desmobilizados e despromovidos, a outros foram dadas reformas compulsivas. Esta seria uma prova de que o Presidente Nyusi está disponível para cumprir o que acordaram".
Foto: DW/M. Mueia
O desejo de uma vida em paz
Populares querem paz, para continuar a produzir comida, dizem as vendedeiras ao longo da estrada EN1 em Malei, distrito de Namacurra, na Zambézia. Apesar da zona não ter sido afetada pelo conflito no ano passado, algumas vendedeiras dizem que
temiam a situação. Dormiam em prontidão, com malas preparadas para abandonarem as suas casas, em caso de conflito.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Partido "envelhecido"
A RENAMO, continua a ser um partido político com muitos membros idosos. De acordo com o politólogo Ricardo Raboco, a derrota da RENAMO nos pleitos eleitorais está também associada a este fator. Mas o politólogo também opina que, em Moçambique, os mais velhos são mais fiéis à RENAMO e poucos emigram para outras formações políticas. E há cada vez mais idosos a filiar-se pela RENAMO.