Elias Dhlakama vai candidatar-se à liderança da RENAMO
17 de janeiro de 2024Há mais um nome na corrida à liderança do maior partido da oposição em Moçambique: Elias Dhlakama. Em entrevista exclusiva à DW África, o irmão de Afonso Dhlakama assume a intenção de concorrer ao cargo e fala dos seus planos para "ressuscitar" a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), caso seja eleito.
Elias Dhlakama diz ainda que não receia a disputa interna da RENAMO e confia na máxima que diz "o meu currículo fala por si".
Esta quarta-feira (17.01) expira o mandato do atual líder, Ossufo Momade. A expetativa é de que em breve o partido marque datas para eleger o novo líder e futuro candidato às presidenciais de outubro próximo.
DW África: Vai candidatar-se à liderança da RENAMO?
Elias Dhlakama (ED): Sim, vou-me candidatar.
DW África: Reúne apoio dos seus correlegionários para avançar com o seu objetivo?
ED: Reúno muito bem. Tenho o contacto das bases, tenho o apoio das bases da RENAMO e dos membros séniores da RENAMO.
DW África: Tarda o anúncio por parte do Conselho Nacional da RENAMO da data do congresso, que, entre outras coisas, deverá escolher o líder do partido e candidato às presidenciais...
ED: É do nosso conhecimento e é do domínio público que o mandato dos órgãos do partido termina no dia 17. Passa à invalidade, estarão fora do prazo. Por isso é que há uma necessidade, antes de mais nada, de convocar-se a Comissão Política Nacional, que vai preparar as decisões. É preciso que se faça o balanço das eleições municipais, onde a RENAMO perdeu. Perdemos porque, de facto, ganha quem marca. Se nós não marcarmos, significa perdemos. Sabemos que nós ganhamos e fomos roubados, apenas nos foram dados municípios insignificantes como forma de fazer calar a RENAMO. Então, este caso de facto deve ser debatido no Conselho Nacional.
DW África: Que mecanismos são ativados para que os regulamentos da RENAMO sejam respeitados nessas circunstâncias?
ED: De princípio, aquele que é membro da RENAMO sabe muito bem que os estatutos da RENAMO são a Bíblia, a Constituição da RENAMO. Qualquer um para ser membro, primeiro, antes de mais nada, tem de respeitar este princípio. E chegando, normalmente, tem de existir um congresso para eleger. Há quem pense que o Congresso é apenas para eleger a figura do presidente. Não. Há muita gente que deve ser eleita. Há muitos membros da RENAMO que esperam ser eleitos para o Conselho Nacional. Há muitos membros da RENAMO que estão à espera de estar lá no Conselho Jurisdicional do partido.
DW África: O senhor Elias Dhlakama ambiciona um cargo que também é desejado por outras figuras bastante mediatizadas no cenário político moçambicano, como é o caso de Venâncio Mondlane, que também já assumiu que se quer candidatar. Estamos a falar de uma luta renhida em que, em termos de visibilidade, leva relativa desvantagem.
ED: Pelo contrário. Algumas imagens aparecem na opinião pública porque foram cabeças de lista, gritaram muito, andaram atrás da Justiça para defender os votos da RENAMO. Por isso é que eles falaram muito. Não é um cidadão comum que vai votar no congresso da RENAMO, que será convidado no Conselho Nacional da RENAMO. São membros séniores do partido. E eu sou um membro sénior da RENAMO. Talvez dissesse que eu tenho poucos adversários diretos, porque eu conheço bem. Agora, outra coisa é a opinião pública.
DW África: Caso chegue à liderança do partido, quais seriam os seus planos para revigorar a RENAMO, que há muito tempo anda mergulhada numa letargia?
ED: Eu conheço melhor o partido RENAMO. O que eu quero na RENAMO é a inclusão, eu serei aglutinador. Há muitas situações e é preciso ser conhecedor, porque a RENAMO anda com muitos problemas. Veja só que a RENAMO sai do processo de DDR [Desarmamento, Desmobilização e Reintegração], que foi muito mal feito e se possível [deve haver] uma renegociação, porque os militares que beneficiaram deste processo todos eles estão a murmurar, nós queremos uma RENAMO mais conjugada, uma RENAMO para ganhar eleições, para dirigir o país.