Manuel Ribeiro / Ayeko Curtis29 de setembro de 2015
Só será possível concretizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se as pessoas os conhecerem. A pensar nisso, o realizador Richard Curtis criou o "Project Everyone". O moçambicano Ell Puto também participa.
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Os 193 Estados-membros das Nações Unidas aprovaram, na semana passada, uma nova agenda de desenvolvimento global, a "Agenda 2030", que preconiza 17 metas. Os três grandes objetivos para os próximos quinze anos são erradicar a pobreza extrema, combater a desigualdade e a injustiça e conter as mudanças climáticas.
Mas será que isso é possível? Afinal, grande parte dos países não cumpriu os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), lançados em 2000.
Richard Curtis está otimista. O realizador britânico está convencido que será possível alcançar os 17 novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) se toda a gente estiver envolvida.
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"No ano 2000, as Nações Unidas lançaram os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, mas eles não era muito conhecidos. No entanto, se mais pessoas souberem, maior será a responsabilidade que recai sobre os Governos."
"Project Everyone" divulga as novas metas durante uma semana
Curtis resolveu criar uma campanha para divulgar os 17 objetivos em todo o mundo.
O "Projeto para Todos" ("Project Everyone", em inglês), pensado pelo realizador, pretende divulgar as novas metas globais para o Desenvolvimento Sustentável da forma mais ampla possível e apenas em sete dias.
Como? "Temos parceiros online como o Google e o YouTube e temos anúncios em cinemas de 35 países. Há escolas e professores a passarem a mensagem aos seus estudantes, programas de televisão e a 'Radio Everyone'."
Curtis reconhece "que não será possível chegar à população de todo o mundo", mas já será bom "chegar a milhões de pessoas". A ajuda dos média é crucial, diz o realizador.
Produtor moçambicano envolvido no projeto
Haverá uma música que vai acompanhar toda a campanha, chamada "Tell Everybody" ("Conta a Toda a Gente"). Foi composta por três produtores de três países diferentes – um deles, o moçambicano Etivaldo Victorino, mais conhecido como Ell Puto.
O compositor foi convidado pela GeoBek Records, responsável pela criação da música.
"Na fase inicial era para ser uma música instrumental. Enviámos as nossas propostas e uma das minhas acabou por ser escolhida. Depois fomos à África do Sul para gravar. Não foi possível estarem lá todos os cantores pessoalmente mas apareceram os Mafikizolo (África do Sul), o Diamond (Tanzânia) e a Becca (Gana)", conta o músico de 27 anos.
Ell Puto, com quinze anos de experiência e vários prémios conquistados, considera ser um grande orgulho fazer parte do "Project Everyone".
"Os 17 objetivos foram definidos, de forma geral, para melhorar a vida em África. Nós, como artistas, temos um papel importante: passar a mensagem. Eu, como produtor, arranjei uma forma de o fazer: a música."
DW junta-se a iniciativa para divulgar as novas 17 metas globais
Emissoras de rádio em todo o mundo, entre elas a DW, comprometeram-se a ajudar a divulgar os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
A rádio continua a ser o meio mais acessível do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), 95% da população mundial ouve rádio.
17 objetivos para o futuro
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas almejam criar um mundo mais justo até 2030, protegendo o meio ambiente e eliminando a fome e a pobreza. O plano foi adotado numa cimeira da ONU.
Foto: Emmanuel Dunand/AFP/Getty Images
1º objetivo: um mundo sem pobreza
Até 2030, nenhuma pessoa deverá mais ter que viver em extrema pobreza. A comunidade internacional pretende assim ir mais longe do que com os Objetivos do Milénio, que previam apenas cortar para metade até 2015 o número de pessoas que vive na miséria. A definição da Organização das Nações Unidas (ONU) para "extrema pobreza" é ter que subsistir com o equivalente a menos de cerca de um euro por dia.
Foto: Daniel Garcia/AFP/Getty Images
2º objetivo: um mundo sem fome
Atualmente, mais de 800 milhões de pessoas não têm suficiente para comer, diz a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Até 2030, mais nenhuma pessoa deverá sofrer de subnutrição. Para conseguir o objetivo, será promovida a agricultura sustentável e fomentados os pequenos agricultores e o desenvolvimento rural.
Foto: picture-alliance/dpa
3º objetivo: saúde em todo o mundo
Anualmente morrem em todo o mundo 6,6 milhões de crianças com menos de cinco anos. E todos os anos morrem 500 mil mulheres durante a gravidez ou o parto. A mortalidade infantil e materna podia ser evitada com meios simples. Até 2030, todas as pessoas deverão beneficiar de cuidados de saúde preventivos, assim como obter vacinas e medicamentos a preços acessíveis.
Foto: DW/P.Kouparanis
4º objetivo: formação escolar para todos
Seja menina ou menino, rico ou pobre: até 2030, cada criança deverá obter uma formação escolar, que, mais tarde, lhe permita encontrar um emprego. Homens e mulheres deverão ter as mesmas oportunidades de formação, independentemente da sua etnia ou condição social, ou de uma deficiência física.
Foto: DW/S. Bogdanic
5º objetivo: a igualdade de géneros
As mulheres deverão ter as mesmas possibilidades que os homens de participar na vida pública e política. A violência e o casamento forçado serão relegados à história. E as mulheres de todo o mundo deverão passar a ter acesso livre a contracetivos e planeamento familiar. Este objetivo é criticado por alguns representantes religiosos.
Foto: Behrouz Mehri/AFP/Getty Images
6º objetivo: água como direito humano
A água é um direito humano. Não obstante, 770 milhões de pessoas não têm acesso a água potável e mil milhões de pessoas não têm acesso a sistemas sanitários, segundo a ONU. Até 2030, todas as pessoas deverão poder aceder a água potável e sistemas sanitários a preços módicos. A água deverá ser consumida de forma sustentável e os ecossistemas protegidos.
Foto: DW/B. Darame
7º objetivo: energia para todos
Até 2030, todas as pessoas deverão ter acesso a eletricidade e energia, de preferência de fontes renováveis. A taxa mundial de eficiência energética deverá ser duplicada e a infraestrutura alargada, sobretudo nos países mais pobres. Atualmente, cerca de 1,3 mil milhões de pessoas não têm eletricidade.
Foto: Fotolia/RRF
8º objetivo: condições de trabalho justas para todos
Condições de trabalho justas e sociais em todo o mundo, oportunidades de emprego para os jovens e uma economia global sustentável: o oitavo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aplica-se a países industrializados e em vias de desenvolvimento e inclui a eliminação do trabalho infantil e o respeito pelas normas de trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Foto: GIZ
9º objetivo: infraestruturas sustentáveis
O desenvolvimento económico do qual todos possam beneficiar deverá ser fomentado através da melhoria das infraestruturas. A industrialização deve fazer-se de forma ecológica e sustentável, garantindo que crie mais e melhor emprego e fomente a inovação, de modo a contribuir para a justiça social.
Foto: imago/imagebroker
10º objetivo: uma distribuição equitativa
Segundo a ONU, mais de metade do crescimento económico global beneficia apenas 1% da população mundial. O fosso entre pobres e ricos é cada vez mais fundo. Por isso, a política internacional de desenvolvimento deverá ajudar sobretudo a metade mais pobre da população e os países mais pobres do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa
11º objetivo: cidades nas quais se possa viver
Nos centros urbanos deverão ser construídos apartamentos e casas a preços acessíveis, assim como espaços verdes ecológicos. Os países em vias de desenvolvimento receberão apoio para tornar as cidades resistentes a catástrofes naturais causadas pelas alterações climáticas.
Foto: picture alliance/blickwinkel
12º: consumo e produção sustentáveis
Todo o mundo é responsável pela reciclagem, a reutilização de recursos e a diminuição do lixo, sobretudo na produção de alimentos e no consumo. Os recursos devem ser explorados e usados de forma ecológica e socialmente responsável. Os subsídios para as energias fósseis devem ser gradualmente eliminados.
Foto: DW
13º objetivo: combater as alterações climáticas
Hoje já há um consenso global sobre a necessidade de tomar medidas para conter as alterações climáticas. Os países mais ricos deverão ajudar os mais pobres através da transferência de tecnologias e fundos. Ao mesmo tempo deverão reduzir substancialmente as suas próprias emissões.
Foto: AP
14º objetivo: a proteção dos oceanos
Os oceanos estão já à beira do colapso e é necessário agir com rapidez para salvá-los. Até 2020 deverão ser tomadas medidas contra a pesca excessiva, assim como a destruição de zonas costeiras e de ecossistemas marinhos. A poluição dos mares com lixo e adubos só deverá ser significativamente reduzida até 2025.
Foto: imago
15º objetivo: travar a destruição do meio ambiente
Aos países membros da ONU foram concedidos cinco anos para pôr cobro à degradação ambiental maciça das bacias hidrográficas, florestas e biodiversidade. Até 2020, a terra, florestas e fontes de água. A gestão dos recursos naturais deverá ser fundamentalmente alterada.
Foto: picture alliance/dpa
16º objetivo: impor a lei e a justiça
Todas as pessoas têm que ser iguais perante a lei. O terrorismo, crime organizado, violência e corrupção devem ser combatidos com eficácia através das instituições nacionais a cooperação internacional. Até 2030, todas as pessoas terão o direito a uma identidade legal e uma cédula de nascimento.
Foto: imago/Paul von Stroheim
17º objetivo: um futuro solidário
Como já fora estabelecido nos Objetivos do Milénio, os países ricos deverão finalmente contribuir com 0,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para o desenvolvimento. A Alemanha, por exemplo, atualmente dedica 0,39% do seu PIB à ajuda ao desenvolvimento. Apenas cinco países atingiram a meta estabelecida de 0,7%: Noruega, Dinamarca, Luxemburgo, Suécia e Grã-Bretanha.