Esta sexta-feira (27.09), o príncipe britânico visitou campos de minas terrestres nas províncias do Cuando Cubango e Huambo. Harry elogiou os investimentos do Governo angolano na desminagem.
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Esta sexta-feira (27.09), o príncipe britânico Harry visitou um campo de minas nas proximidades da cidade de Dirico, na província angolana do Cuando Cubango.
O campo foi parcialmente desminado pela organização não-governamental britânica Halo Trust.
Num gesto simbólico, Harry detonou uma mina e elogiou investimento de 60 milhões de dólares (cerca de 55 milhões de euros) do Governo angolano em processos de desminagem, sobretudo no sul de Angola
"Esse compromisso histórico é um passo adiante importante para o movimento de livrar o mundo das minas e criar a base para um futuro seguro e justo para a próxima geração," declarou.
O príncipe Harry destacou ainda a importância da desminagem.
"As minas terrestres são uma cicatriz da guerra ainda por sarar. Ao promover a desminagem podemos ajudar esta comunidade a encontrar a paz e com a paz vêm as oportunidades," considerou.
Seguindo os passos da mãe
Depois, o príncipe britânico deslocou-se ao Huambo onde visitou dois pontos que fizeram parte da visita da sua mãe, a princesa Diana, em 1997: um antigo campo minado, que atualmente é uma movimentada avenida, e um centro ortopédico onde são tratadas as vítimas das minas.
As fotos de Diana usando equipamentos de proteção enquanto caminhava entre sinais vermelhos de caveira no Huambo ganharam publicidade para a instituição de caridade britânica HALO Trust, que estava a retirar minas deixadas durante a guerra civil de Angola.
Diana morreu alguns meses antes da assinatura da Convenção sobre a Proibição do Uso, Armazenamento, Produção e Transferência de Minas Antipessoais, por 157 países, entre os quais Angola.
Estima-se que existam cerca de 60 mil angolanos que ficaram mutilados devido ao rebentamento de minas de guerra.
OL Harry Angola - MP3-Stereo
A ministra para a Ação Social angolana, Carolina Cerqueira, reafirmou o compromisso do Governo angolano com a eliminação das minas antipessoais e destacou que a cooperação internacional ainda é necessária.
"Pensamos que necessitamos da cooperação internacional, do movimento antiminas a nível mundial, para se associar a esse processo que se engaja o Governo angolano e interpretamos essa vinda de sua Alteza Real como um impulso a esse movimento, a esse esforço do Governo angolano para banir as minas em todo o território nacional," enfatizou.
Cooperação bilateral em foco
A ministra Carolina Cerqueira destacou que o Governo angolano está empenhado em tornar-se observador da Commonwealth.
Num artigo de opinião publicado esta sexta-feira (27.09) no Jornal de Angola, a embaixadora do Reino Unido em Luanda, Jessica Hand, defendeu que a visita do príncipe Harry a Angola ocorre num momento de "parceria ampla e profunda" entre os dois Estados e pode incentivar à adesão do país à Commonwealth.
Segundo a diplomata britânica, o Reino Unido pretende apoiar o processo de reforma de Angola.
No sábado (28.09), o príncipe Harry será recebido pelo Presidente angolano, João Lourenço, no palácio da Cidade Alta.
A visita do Príncipe Harry a Angola acontece no quarto dia do itinerário de dez dias por África, que começou na passada segunda-feira (23.09) na Cidade do Cabo, África do Sul, e de onde seguiu na quarta-feira (25.09) para o Botsuana.
De Angola, Harry segue para o Maláui, antes de regressar à África do Sul, onde conclui o périplo pelo continente com uma audiência com o Presidente, Cyril Ramaphosa.
Esta não é a primeira vez que o príncipe Harry visita Angola.
Em 2013, o príncipe britânico visitou zonas minadas no sul do país.
Zonas de guerra transformadas em locais de desenvolvimento
Regiões da província de Maputo testemunharam ataques e mortes durante a guerra civil em Moçambique. Antigos cenários de guerra tornam-se hoje palco para o desenvolvimento local do comércio e da indústria.
Foto: DW/R. da Silva
Um passado de mortes
A região onde fica a aldeia 3 de Fevereiro, a norte da província de Maputo, foi a mais dilacerada pela guerra civil. Na altura, a imprensa tinha como manchetes para as suas capas o sofrimento dos residentes desta região. Não há números exatos, mas houve muitas mortes na sequência de ataques atribuídos à Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o atual maior partido da oposição.
Foto: DW/R. da Silva
A escola mais atacada
Este estabelecimento de ensino, construído na época colonial, dedicava-se à formação de professores africanos. Durante a guerra civil, foram reportados ataques e os alunos muitas vezes deslocavam-se à vila da Manhiça. Hoje, a escola é a sede do Instituto Médio Politécnico Alvor.
Foto: DW/R. da Silva
Abrigo para os fugitivos
Esta varanda já tinha donos: os deslocados dos arredores da vila da Manhiça encontravam neste lugar o mais seguro apenas para passar a noite. A varanda foi atacada algumas vezes, o que os desesperou. Hoje, como se pode notar, no local há estabelecimentos comerciais.
Foto: DW/R. da Silva
Marcas da guerra
Há zonas, como Magude, cujos edifícios nunca mereceram reabilitações que possam fazer esquecer as marcas da guerra. Este edifício faz parte da missão católica de Magude, que foi atacado durante a guerra, e que nunca mais conheceu uma reabilitação.
Foto: DW/R. da Silva
Única entrada, única saída
Esta é uma ponte que desperta curiosidade aos que pela primeira vez visitam a vila de Magude. Pela mesma ponte passam peões, motociclistas, viaturas e locomotivas. Por baixo, passa o rio Inkomati, que não impedia ataques durante a guerra a esta pequena vila.
Foto: DW/R. da Silva
Repovoamento de animais
O distrito de Magude localiza-se mais a nordeste da província de Maputo. Esta zona foi severamente afetada pela guerra e a população bovina baixou drasticamente. Mas agora, com projetos de repovoamento destes animais, Magude é dos maiores produtores de carne na província.
Foto: DW/R. da Silva
Isolamento
O distrito de Magude é um dos mais isolados da província de Maputo. O seu desenvolvimento está a ser muito lento, apesar de a guerra ter terminado há mais de 20 anos. Falta muita coisa por melhorar. Esta loja, por exemplo, ainda apresenta marcas da guerra.
Foto: DW/R. da Silva
Coluna militar
A guerra abateu-se muito sobre Maluana. Este posto administrativo do distrito de Manhiça ficou conhecido pelos ataques que sofria. A coluna militar era a única que ajudava as pessoas a passar por esta zona. Pouco depois da guerra, as marcas eram ainda visíveis - como carcaças de viaturas queimadas. Agora, está a registar um desenvolvimento, com o comércio informal a ganhar força.
Foto: DW/R. da Silva
Centro de tecnologias
O Governo de Moçambique criou um centro de tecnologias nesta região severamente afetada pela guerra, o que antes era impensável. É um edifício que foi instalado no meio da mata, precisamente numa estrada de terra que dá acesso ao centro de formação de militares de Munguine, mais a leste da província de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
De cenário de guerra a pólo económico
A região de Bobole, no distrito de Marracuene, também foi uma zona de guerra. Aliás, as atrocidades começavam nesta região e o cenário era de "cada um por si e Deus por todos". As colunas militares começavam ou descansavam neste ponto. Hoje, a multinacional Heineken instalou aqui a sua empresa e Bobole está a ter novo rosto económico.
Foto: DW/R. da Silva
Estância turística
Esta é a entrada para a aldeia de Taninga. Tal como a 3 de Fevereiro, esta aldeia testemunhava frequentemente mortes e muitos dos residentes destas duas aldeias vizinhas acabaram por se refugiar na vila da Manhiça e outros na cidade de Maputo. Hoje, há uma estância turística que faz esquecer as marcas da guerra.
Foto: DW/R. da Silva
Proteção dos corredores ferroviários
Os que viveram os momentos de instabilidade e que precisavam frequentemente se deslocar contam que o comboio de passageiros era igualmente atacado. O corredor do Limpopo era crucial para o transporte de mercadorias para países vizinhos. A RENAMO e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) acabaram por assinar um acordo para não atacar corredores ferroviários de todo o país.