Primeiro-ministro português desdobra-se em elogios à Angola
Lusa | ni
17 de setembro de 2018
Depois de meses de tensão nas relações entre Angola e Portugal, agora foi dado um passo para o desanuviamento: o primeiro-ministro português está de vista a Angola. António Costa anunciou um aumento de crédito.
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E como sinal do começo de uma nova fase, António Costa afirmou que o passado nas relações entre os dois países ficou no museu e que as partes se preparam para fechar um novo acordo de cooperação estratégica, num sinal de confiança em relação ao futuro: "Com a assinatura do novo acordo do programa estratégico para a cooperação (2018/2022) vamos além dos domínios tradicionais da saúde e da educação."
As seguintes áreas serão abrangidas, de acordo com o chefe do Executivo português: "Alargaremos a cooperação a áreas de soberania como a defesa, a cooperação técnica policial ou a administração tributária. São sinais de que a nível politico as relações são boas, sólidas e com grandes perpetivas de se aprofundarem ao longo dos próximos anos."
Estas palavras foram proferidas diante de empresários portugueses com investimentos no mercado angolano, num discurso marcadamente económico, nesta segunda-feira (17.09.), primeiro dia de visita de António Costa a Angola.
O primeiro-ministro prometeu ainda dar um sinal de confiança para o aprofundamento das relações económicas e anunciou ainda o seguinte: "Vamos aumentar a linha de crédito de apoio às exportações dos atuais 1.000 para os 1.500 milhões de euros. Esta linha de crédito ampliada e renovada é um sinal muito importante da vontade dos dois países continuarem a estreitar as suas relações económicas."
António Costa em jeito apaziguador
E como as relações económicas são indissociáveis das relações políticas, António Costa fez referência ao sensível capítulo da política. Os últimos anos têm sido marcados por relações azedas entre Angola e Portugal. A gota de água foi a gestão do caso Manuel Vicente, ex-vice-Presidente de Angola, em 2017. Corria uma processo na justiça portuguesa contra Vicente, a contragosto de Luanda. Hoje o processo foi transferido para Angola, o que contribuiu para o degelo entre os dois países.
Primeiro-ministro português desdobra-se em elogios à Angola
O primeiro-ministro de Portugal, em jeito apaziguador, garantiu: "Da parte de Portugal, creio que não há com nenhum outro país, em qualquer continente, uma relação tão intensa como temos com Angola, assente nos laços individuais que se foram estabelecendo."
E rematou: "Como todas relações intensas marcadas pela paixão, muitas vezes essas relações são também emotivas. Mas, como sabemos, sem emoção não há uma boa relação", destacou.
De lembrar que a visita do primeiro-ministro de Portugal estava a ser adiada por Luanda desde 2016, no contexto das tensas relações. Esta terça-feira (18.09) será o segundo e último dia de visita de Costa à Angola. O primeiro-ministro português encontra-se com o Presidente de Angola, João Lourenço.
De fortalezas a cinemas: o património colonial português em África
A colonização portuguesa nos países africanos deixou edificações históricas, que vão desde fortificações militares, igrejas, estações de comboio, até cinemas. Boa parte deste património ainda resiste.
Foto: DW/J.Beck
Calçada portuguesa
Na Ilha de Moçambique, antiga capital moçambicana, na província de Nampula, a calçada portuguesa estende-se à beira mar. A herança colonial que Portugal deixou aqui é imensa e está presente num conjunto de edificações históricas, entre fortalezas, palácios, igrejas e casas. Em 1991, este conjunto foi reconhecido como Património Mundial da UNESCO.
Foto: DW/J.Beck
Fortaleza de São Sebastião
A Fortaleza de São Sebastião, na Ilha de Moçambique, começou a ser erguida pelos portugueses em 1554. O motivo: a localização estratégica para os navegadores. Ao fundo, vê-se a Capela de Nossa Senhora do Baluarte, de 1522, que é considerada a mais antiga estrutura colonial sobrevivente no sul de África.
Foto: DW/J.Beck
Hospital de Moçambique
O Hospital de Moçambique, na Ilha de Moçambique, data de 1877. O edifício de estilo neoclássico foi durante muito tempo a maior estrutura hospitalar da África Austral. Atualmente, compõe o património de construções históricas da antiga capital moçambicana.
Foto: DW/J.Beck
Fortaleza de Maputo
A Fortaleza de Maputo situa-se na baixa da capital moçambicana e é um dos principais monumentos históricos da colonização portuguesa no país. O espaço foi ocupado no início do século XVIII, mas a atual edificação data do século XX.
Foto: DW/J.Beck
Estação Central de Maputo
Desde a construção da Estação Central dos Caminhos-de-Ferro (foto) na capital moçambicana, no início do século XX, o ato de apanhar um comboio ganhou um certo charme. O edifício, que pode ser comparado a algumas estações da Europa, ostenta a uma fachada de estilo francês. O projeto foi do engenheiro militar português Alfredo Augusto Lisboa de Lima.
Foto: picture-alliance / dpa
Administração colonial portuguesa em Sofala
Na cidade de Inhaminga, na província de Sofala, centro de Moçambique, a arquitetura colonial portuguesa está em ruínas. O antigo edifício da administração colonial, com traços neoclássicos, foi tomado pela vegetação e dominado pelo desgaste do tempo.
Foto: Gerald Henzinger
"O orgulho de África"
Em Moçambique, outro de património colonial moderno: o Grande Hotel da Beira, que foi inaugurado em 1954 como uma das acomodações mais luxuosas do país. O empreedimento português era intitulado o "orgulho de África". Após a independência, em 1975, o hotel passou a ser refúgio para pessoas pobres. Desde então, o hotel nunca mais abriu para o turismo.
Foto: Oliver Ramme
Cidade Velha e Fortaleza Real de São Filipe
Em Cabo Verde, os vestígios da colonização portuguesa espalham-se pela Cidade Velha, na Ilha de Santiago. Entre estas construções está a Fortaleza Real de São Filipe. A fortificação data do século XVI, período em que os portugueses queriam desenvolver o tráfico de escravos. Devido à sua importância histórica, a Cidade Velha e o seu conjunto foram consagrados em 2009 Património Mundial da UNESCO.
Foto: DW/J. Beck
Património religioso
No complexo da Cidade Velha está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, conhecida por ser um dos patrimónios arquitetónicos mais antigos de Cabo Verde, com mais de 500 anos. Assim como em Cabo Verde, o período colonial português deixou outros edifícios ligados à Igreja Católica em praticamente todos os PALOP.
Foto: DW/J. Beck
Palácio da Presidência
Na cidade da Praia, em Cabo Verde, a residência presidencial é uma herança do período colonial português no país. Construído no século XIX, o palácio abrigou o governador da colónia até a independência cabo-verdiana, em 1975.
Foto: Presidência da República de Cabo Verde
Casa Grande
Em São Tomé e Príncipe, é impossível não reconhecer os traços da colonização portuguesa nas roças. Estas estruturas agrícolas concentram a maioria das edificações históricas do país. A imagem mostra a Casa Grande, local onde vivia o patrão da Roça Uba Budo, no distrito de Cantagalo, a leste de São Tomé. As roças são-tomenses foram a base económica do país até a indepência em 1975.
Foto: DW/R. Graça
Palácio reconstruído em Bissau
Assim como em Cabo Verde, na Guiné-Bissau o palácio presidencial também remonta o período em que o país esteve sob o domínio de Portugal. Com arquitetura menos rebuscada, o palácio presidencial em Bissau foi parcialmente destruído entre 1998 e 1999, mas foi reconstruído num estilo mais moderno em 2013 (foto de 2012). O edifício, no centro da capital guineense, destaca-se pela sua imponência.
Foto: DW/Ferro de Gouveia
Teatro Elinga
O Teatro Elinga, no centro de Luanda, é um dos mais importantes edifícios históricos da capital angolana. O prédio de dois andares da era colonial portuguesa (século XIX) sobreviveu ao "boom" da construção civil das últimas décadas. Em 2012, no entanto, foram anunciados planos para demolir o teatro. Como resultado, houve fortes protestos exigindo que o centro cultural fosse preservado.
Foto: DW
Arquitetura colonial moderna
O período colonial também deixou traços arquitetónicos modernos em alguns países. Em Angola, muitos cinemas foram erguidos nos anos 40 com a influência do regime ditatorial português, o chamado Estado Novo. Na foto, o Cine-Teatro Namibe (antigo Moçâmedes), um dos mais antigos do país, é um exemplo. Foi o primeiro edifício de arquitetura "art déco" na cidade de Namibe.