Bélgica oferece abrigo ao ex-Presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, que está em liberdade condicional desde sexta-feira. Gbagbo foi absolvido de crimes contra a humanidade, mas ainda espera recurso da acusação.
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A Bélgica informou neste sábado (02.02) que concordou em abrigar o ex-Presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, na espera de um possível recurso contra sua absolvição pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, acusado de crimes contra a humanidade.
Gbagbo e o ex-ministro da Juventude da Costa do Marfim, Charles Blé Goudé, receberam liberdade condicional esta sexta-feira (01.02). Entretanto, Blé ainda aguarda um país anfitrião disposto a aceitá-lo.
Gbagbo e Blé foram absolvidos no último dia 15 de janeiro. O TPI decidiu que não havia circunstâncias excecionais impedindo a libertação dos acusados, e disse que ambos poderiam ser enviados para um país membro.
A decisão anunciada corresponde ao pedido dos procuradores, que defendiam que a libertação dos réus apenas devia avançar caso houvesse condições para garantir o seu regresso ao tribunal, enquanto os advogados de defesa pediam uma libertação imediata e sem condições.
"Em resposta a um pedido do Tribunal Penal Internacional, a Bélgica concordou em receber Laurent Gbagbo", disse Karl Lagatie, porta-voz do Ministério do Exterior, citando também os "laços familiares" do ex-líder de 73 anos com o país. Segundo a imprensa belga, uma das esposas de Gbagbo, Nady Bamba, de 47 anos, mora lá.
Os promotores ainda devem apelar da absolvição de 15 de janeiro, mas disseram em um comunicado na sexta-feira que estavam à espera da sentença escrita do TPI antes de decidir como proceder.
"Somente depois de termos tido a oportunidade de examinar cuidadosamente e analisar o veredito, meu escritório decidirá se deve recorrer", disse o promotor do TPI, Fatou Bensouda.
Em detenção há mais de sete anos, Gbagbo foi julgado por crimes cometidos durante a crise pós-eleitoral de 2010-2011, devido à sua recusa em ceder o poder ao seu rival, o atual Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara. Os confrontos na Costa do Marfim causaram mais de 3 mil mortos em cinco anos.
Presidentes a todo o custo
São derrotados nas eleições, mas contestam os resultados. Mesmo depois de esgotarem todos os recursos, estes candidatos à mais alta magistratura continuam a reivindicar a Presidência.
Maurice Kamto: o auto-proclamado "presidente"
O candidato da oposição às presidenciais de 7 de outubro nos Camarões, Maurice Kamto, reivindica a vitória frente a Paul Biya. "Convido o Presidente da República a criar as condições para uma transição pacífica para proteger os Camarões de uma crise eleitoral desnecessária", declarou o líder do MRC - Movimento para o Renascimento dos Camarões.
Foto: AFP/Getty Images
Nelson Chamisa, o "presidente legítimo" do Zimbabué
O líder da oposição zimbabueana contesta a vitória do Presidente Emmerson Mnangagwa nas eleições de 30 de julho de 2018. Considera-se vencedor e reclama a cadeira presidencial numa cerimónia simbólica de tomada de posse, a 15 de setembro.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Cissé rejeita a tomada de posse de Keïta
Soumaïla Cissé não marca presença na cerimónia e fala num vazio de poder no Mali depois da tomada de posse "nula e de efeito nulo" do seu rival, Ibrahim Boubacar Keïta, a 4 de setembro de 2018. A 20 de agosto, o Tribunal Constitucional do Mali declarou Keïta vencedor das presidenciais com 67,16% dos votos na segunda volta de 12 de agosto contra os 32,84% de Soumaïla Cissé.
Foto: DW/K. Gänsler
Raila Odinga, efémero "presidente do povo"
A 30 de janeiro de 2018, o opositor que tinha boicotado as presidenciais de outubro de 2017 contra Uhuru Kenyatta autoproclama-se "presidente do povo" perante milhares de apoiantes, numa cerimónia simbólica em Nairobi. O país é palco de violência pós-eleitoral, mas, a 9 de março, Odinga e Kenyatta surpreendem ao anunciar a sua reconciliação.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/B. Jaybee
Jean Ping : "Exercerei o poder que me confiaram"
Dois anos após as presidenciais de agosto de 2016, o líder da oposição gabonesa continua determinado. A 31 de agosto, numa cerimónia de "homenagem aos mártires" da violência pós-eleitoral, em Libreville, diz que quer continuar a sua "luta" para "libertar" o Gabão. Jean Ping deposita esperanças nomeadamente no inquérito preliminar do Tribunal Penal Internacional sobre a crise pós-eleitoral no país.
Foto: DW/A. Kriesch
Kizza Besigye, o eterno rejeitado
Em fevereiro de 2016, o opositor histórico enfrenta Yoweri Museveni pela quarta vez no Uganda. Quando Museveni é declarado vencedor e se prepara para prestar juramento para um quinto mandato, Kizza Besigye toma posse como presidente numa cerimónia alternativa. Afirma "ter provas" da sua vitória. Detido e condenado por alta traição, é libertado algumas semanas depois.
Foto: DW/E.Lubega
André Mba Obame, o outro adversário de Ali Bongo
Inspirado pelos acontecimentos na Costa do Marfim, o antigo ministro "AMO" autoproclama-se presidente do Gabão, em janeiro de 2011, 17 meses depois de perder as presidenciais frente a Ali Bongo. Acusado de alta traição, refugia-se numa agência da ONU. Os problemas de saúde põem fim às suas ambições presidenciais. A sua morte, em abrir de 2015, aos 57 anos, leva a confrontos em Libreville.
Foto: cc-by-sa Ernest A. TEWELYO
Étienne Tshisekedi, duas vezes "presidente"
Em 2006 e 2011, o líder do principal partido da oposição congolesa (UDPS) declara-se vencedor frente a Joseph Kabila e "presidente eleito". Toma posse na sua residência em Limete, arredores de Kinshasa. O seu estado de saúde deteriora-se em 2014 e em 2017 morre com o eterno opositor o desejo de ocupar a cadeira presidencial.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Roge
Laurent Gbagbo, opositor histórico
No ano 2000, o líder do FPI declara-se vencedor frente a Robert Gueï e pede aos costa-marfinenses que saiam à rua para fazer cair o general. Os manifestantes atacam os agentes de segurança do chefe da junta militar. Os protestos continuam até que a polícia e, mais tarde, o exército, começam a passar para o lado de Laurent Gbagbo.
Foto: AP
John Fru Ndi às portas do palácio presidencial
John Fru Ndi autoproclama-se presidente a 21 de outubro de 1992. Dois dias depois, o Supremo Tribunal declara Paul Biya vencedor do escrutínio presidencial. O fundador do SDF contesta estes resultados nas ruas. É declarado o estado de emergência no nordeste do país e John Fru Ndi fica em prisão domiciliária.