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Em Lisboa, Sissoco promete impulsionar a livre circulação

25 de outubro de 2023

Presidente da Guiné-Bissau quer reforçar a CPLP e vê em Lisboa um parceiro. A visita à capital portuguesa motivou a contestação de guineenses e uma garantia feita pelo próprio Sissoco Embaló: "Não tenho nada de ditador".

Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-BissauFoto: João Carlos/DW

De visita a Lisboa, o chefe de Estado da Guiné-Bissau reforçou o compromisso de assumir a próxima presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em julho de 2025, com o objetivo de impulsionar a livre circulação de pessoas e bens.

"Quero testemunhar que a Guiné-Bissau tem objetivos. E o nosso objetivo comum é [o] de reforçar a nossa comunidade", disse o Presidente da República guineense, Umaro Sissoco Embaló, após um encontro, esta quarta-feira (25.10), na sede da organização lusófona em Lisboa.

"Elegi a estabilidade e a imagem da Guiné-Bissau. Não foi fácil a presidência da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental], que nós assumimos pela primeira vez. Foi um orgulho. A CPLP é uma organização que nós criámos e um dia também vamos presidir a União Africana", adiantou.

"Confiança" na base da relação

O Presidente guineense pretende intensificar as relações bilaterais entre Lisboa e Bissau com base na "confiança". Entre os temas da agenda oficial, a comitiva presidencial discutiu com o primeiro-ministro português, António Costa, a problemática dos vistos e as reivindicações dos antigos militares guineenses que serviram o Exército português durante o período colonial.

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou a estabilização no relacionamento entre os dois Estados. "Portanto, um período muito importante e fecundo nas nossas relações bilaterais. Relações de todo o tipo: da circulação das pessoas, daquilo que queremos que seja mais no futuro da presença da língua que nos é comum, da educação, dos assuntos sociais, para além do relacionamento político, diplomático, de segurança, militar e económico e financeiro", enumerou o chefe de Estado luso que estará na Guiné-Bissau a 16 de novembro, acompanhado por António Costa, para as celebrações dos 50 anos da independência daquele país.

Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, e Marcelo Rebelo de Sousa, chefe de Estado de Portugal, acompanhados de comitivas dos dois países, numa cerimónia oficial, em Lisboa, a propósito da visita do líder guineenseFoto: João Carlos/DW

Protestos em Lisboa, mas não nas ruas

Apesar de não haver registos de protestos nos locais por onde tem passado Sissoco Embaló, a visita de Estado a Portugal continua a ser contestada por um grupo de estudantes e trabalhadores guineenses.

O ativista Yussef, do movimento Firkidja di Púbis, lançou há dias um manifesto a criticar também o Estado português. "Este manifesto vem no seguimento de denúncias que nós temos vindo a fazer relativamente ao cerceamento das liberdades democráticas na Guiné-Bissau e a todo um processo de 'higienização' levado a cabo pelas autoridades portuguesas, nomeadamente os titulares de certos órgãos de soberania", criticou.

"Estamos a falar do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao mesmo tempo do senhor primeiro-ministro, António Costa", acrescentou.

Após o encontro com o homólogo português, Umaro Sissoco Embaló, disse o seguinte: "Muitas das vezes, em África, quando nós queremos repor a ordem e a disciplina, as pessoas tratam-nos de ditadores", justificou. 

"Quando uma pessoa é disciplinadora é ditador. Eu não tenho nada de ditador. Até sou uma pessoa mais afável. Sou como o Presidente Marcelo. Eu sou do povo, não posso ser um ditador", disse sobre si próprio.

A visita de Umaro Sissoco Embaló a Portugal, que incluiu uma receção na Assembleia da República, termina na quinta-feira (26.10) com um encontro com a comunidade guineense, a ter lugar num hotel de Lisboa.

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