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Em meio a ameaças, deputados da RENAMO tomam posse

Lusa
13 de janeiro de 2020

Líder da autoproclamada "Junta Militar" alertou para os deputados RENAMO "saberem onde andam". Mariano Nhongo questionou o facto de os parlamentares tomarem posse enquanto os "guerrilheiros estão no mato".

Mosambik RENAMO-Militärjunta in Gorongosa | Mariano Nhongo
Foto: DW/A. Sebastião

O Parlamento de Moçambique inicia nova legislatura em meio a ameaças de guerrilheiros no centro do país. O líder dissidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) prometeu intensificar os ataques nas principais estradas das províncias de Sofala e Manica.

Mariano Nhongo concedeu entrevista por telefone à agência Lusa, falando de um local incerto na região centro do país. "Tenho a informação que os deputados vão tomar posse. Bem aventurados são eles, mas que saibam onde andar. Eu agora não vou poupar mais ninguém: Autocarros de passageiros, homem ou mulher… Vou bater. Já não há mais brincadeiras. Aos empresários que estão aqui dizemos: cuidem das vossas coisas. Moçambique não está bem", disse.

Nhongo questionou o facto de os parlamentares da RENAMO estarem a tomar posse para uma nova legislatura enquanto os "guerrilheiros estão no mato a sofrer, sem sapato nem comida”. O líder dissidente acusa a liderança do partido de estar a afastar-se dos ideais Afonso Dhlakama que morreu em 2018.

Os 250 deputados eleitos à Assembleia da República de Moçambique nas eleições de 15 de outubro do ano passado fazem nesta segunda-feira (13.01) a primeira sessão da sexta legislatura do Parlamento desde a introdução do multipartidarismo em Moçambique.

Guerrilheiros querem revisão do acordo de pazFoto: DW/A. Sebastiao

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) tem a maior representação na casa legislativa, mas com maioria qualificada de 184 dos 250 deputados. A RENAMO tem 60 cadeiras no Parlamento, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) elegeu seis deputados.

"Moçambique não está bem”

O grupo de guerrilheiros dissidentes não reconhece os deputados que estão a tomar posse. Segundo Nhongo, o que está a acontecer com os guerrilheiros da RENAMO não é o que foi combinado nas negociações.

Os dissidentes exigem a renegociação do acordo de paz assinado em 06 de agosto de 2019 e a demissão do atual presidente do partido, Ossufo Momade.

Sobre a detenção de seis indivíduos alegadamente pertencentes à Junta Militar anunciada pelas autoridades na semana passada, Nhongo não os reconhece. "Se realmente eles são membros da Junta Militar que perguntem a eles sobre a zona onde estou", afirmou.

Oficialmente, a RENAMO afasta-se de qualquer ligação com Nhongo, classificando-o de desertor. Nhongo é um antigo general de Dhlakama, que permanece entrincheirado nas matas.

Os ataques têm sido registados nas estradas nacionais EN1 e EN6, nas províncias de Manica e Sofala. As incursões já provocaram 21 mortos e têm sido atribuídas à ao grupo de guerrilheiros.

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