O Papa Leão XIV presidiu hoje sua primeira missa pública na Praça de São Pedro, Roma, um momento tradicionalmente encarado pelo mundo católico como a apresentação das linhas mestras do seu pontificado.
Leão XIV já justificou a escolha do nome em Leão XIII, inspirando-se no papel do pontífice do século XIX na denúncia contra o americanismo e o capitalismo liberal Foto: Alberto Pizzoli/AFP/Getty Images
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Eleito Papa a 08 de maio, apenas hoje, 10 dias depois, é que o antigo Prefeito do Dicastério dos Bispos celebra a sua Missa Inaugural de pontificado, esperando-se uma homilia que inclua algumas das suas principais preocupações.
O antigo cardeal Robert Prevost, nascido nos EUA e com carreira no Peru, já se dirigiu aos fiéis a partir da varanda da Basílica de São Pedro, em Roma, e pediu uma "paz desarmada e desarmante", naquela que será a sua primeira homilia pública, com a presença de vários líderes mundiais.
Conhecido por ser um intelectual tímido, Leão XIV tem marcado a sua diferença em relação ao antecessor, Francisco, por ter todas as intervenções escritas previamente, evitando improvisos.
Leão XIV justificou a escolha do nome em Leão XIII, inspirando-se no papel do pontífice do século XIX na denúncia contra o americanismo e o capitalismo liberal para agora fazer alertas sobre a revolução tecnológica em curso e a inteligência artificial.
Papa Leão XIV apresentou-se hoje aos fiéis
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Apelos
No seu discurso aos jornalistas, o Papa defendeu o combate à desinformação, e, perante o corpo diplomático acreditado na Santa Sé, apelou à preservação da dignidade dos migrantes, que deve ser a mesma de uma "criatura querida e amada por Deus".
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O tema dos imigrantes foi, aliás, um dos assuntos que o opôs, enquanto cardeal missionário no Peru, à política de Donald Trump nos EUA.
Então, no X, Prevost criticou a deportação e o fecho de fronteiras, contrariando diretamente o vice-presidente JD Vance, o mesmo político que irá representar os EUA na cerimónia de hoje.
Além de JD Vance, estará o chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, os dois mais importantes dirigentes católicos do governo de Trump.
O Papa Leão XIV cumprimenta ZelenskyFoto: VATICAN MEDIA/Catholic Press Photo/picture alliance
"Paz justa e duradoura"
O Papa Leão XIV, que hoje falou na Praça de São Pedro da "Ucrânia martirizada" que espera "negociações para uma paz justa e duradoura", recebeu pela primeira vez o seu Presidente, Volodymyr Zelensky, em audiência privada.
Zelensky, que estava acompanhado pela mulher, Olena Zelenska, ouviu Leão XIV agradecer-lhe a "paciência na espera" antes do encontro, pois teve de "saudar todas as delegações" que participaram na missa inaugural do pontificado, celebrada na Praça de São Pedro, no Vaticano, perante delegações oficiais de todo o mundo.
No encontro estiveram presentes também, entre outros, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sibiga, o chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, e o embaixador ucraniano junto da Santa Sé, Andrii Yurash.
No final da missa, o Papa disse que "a Ucrânia está finalmente à espera de negociações para uma paz justa e duradoura", o que levou Zelensky a declarar-se "grato pelas palavras especiais" do pontífice, numa mensagem publicada no Telegram.
"Apreciámos as palavras especiais proferidas hoje durante a missa solene sobre a necessidade de uma paz justa e a atenção prestada à Ucrânia e ao nosso povo. Todas as nações merecem viver em paz e segurança", escreveu Zelensky.
O antecessor de Leão XIV, o Papa Francisco, tinha-se também empenhado em prol da paz na Ucrânia, sem, contudo, obter resultados concretos.
Zelensky e o vice-presidente dos EUA, Vance, este domingo (18.05) no vaticanoFoto: Gregorio Borgia/AP/dpa/picture alliance
Aperto de mão
Antes da missa, Zelensky apertou a mão ao vice-Presidente dos Estados Unidos da América, JD Vance, que não via desde a sua altercação na Casa Branca com Donald Trump, no final de fevereiro.
Entretanto, na noite de sábado, a Rússia lançou um ataque de drones contra várias regiões da Ucrânia, incluindo a capital, Kiev, dois dias depois das primeiras conversações de paz desde 2022, organizadas em Istambul, que não conseguiram produzir uma trégua.
No final da missa de hoje, Leão XIV falou também da catástrofe humanitária em curso em Gaza devido à guerra entre Israel e o Hamas.
"Não podemos esquecer os irmãos e irmãs que estão a sofrer por causa da guerra. Em Gaza, as crianças, as famílias e os idosos que sobrevivem estão a sofrer de fome", afirmou o pontífice.
Após o fracasso das negociações para prolongar uma trégua de dois meses, Israel retomou os bombardeamentos em Gaza em 18 de março, e desde há semanas que tem vindo a bloquear a entrada de toda a ajuda humanitária vital para a população do território.
Esperança, paz e reconciliação na visita do Papa Francisco a Moçambique
O líder da Igreja católica foi recebido em festa pelo país inteiro. Mas houve críticas ao alegado aproveitamento político da visita em vésperas de eleições.
Foto: DW/M. Sampaio
Moçambique em festa
Volvidas mais de três décadas sobre a última visita de um Papa a Moçambique, esta quarta-feira, 4 de setembro, foi a vez do Papa Francisco levar aos moçambicanos uma mensagem de paz, justiça e reconciliação. Por poucos momentos, o país esqueceu as dificuldades políticas, económicas e sociais que atravessa para celebrar o sumo pontífice.
Foto: DW/M. Sampaio
Danças e cantares para o Papa
A festa começou logo à chegada do Papa Francisco no fim da tarde. Muitos moçambicanos têm esperança que o chefe da Igreja católica dê um novo ímpeto ao processo de reconciliação, numa altura em que o acordo de paz assinado entre a RENAMO e a FRELIMO há poucas semanas volta a ser posto em causa por milícias armadas.
Foto: DW/M. Sampaio
Aproveitamento político?
O Papa Francisco foi recebido com as devidas honras pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, mas dos partidos da oposição choveram críticas ao alegado aproveitamento político da visita pelo partido no poder, a FRELIMO. Tanto mais que o país está em vésperas de eleições gerais, marcadas para 15 de outubro.
Foto: DW/Ricardo Franco
Suspensão da campanha eleitoral
A campanha eleitoral em Maputo foi interrompida pela duração da visita. A decisão não convenceu os partidos da oposição. O porta-voz do MDM, Sande Carmona, levantou mesmo a suspeita de que a visita do Papa "seja uma oportunidade para a lavagem de dinheiro dos cofres do Estado, para financiar a campanha eleitoral da FRELIMO". A visita do Papa terá custado ao Estado o equivalente a 300 mil euros.
Foto: DW/M. Sampaio
Apelo aos direitos humanos
A Amnistia Internacional (AI) pediu ao Papa que na sua deslocação a Moçambique aborde com o Presidente Nyusi a situação da violação dos direitos humanos. Uma carta subscrita pela AI e mais 11 organizações moçambicanas e internacionais expressa enorme preocupação "com a crescente intimidação e perseguição aos defensores dos direitos humanos, ativistas, organizações da sociedade civil e média"
Foto: DW/M. Sampaio
Nação abençoada
"Moçambique é uma nação abençoada e vós especialmente sois convidados a cuidar desta bênção", disse o Papa no seu primeiro discurso em Moçambique. Mas Francisco também frisou que "sem igualdade de oportunidades" não há paz duradoura. Francisco criticou "a pilhagem e espoliação" no país.
Foto: DW/Ricardo Franco
Encontro com os jovens de Moçambique
Jovens de todas as confissões foram convidados a encontrar-se com o Papa no Pavihão de Maxaquene em Maputo. O pavilhão encheu para escutar a mensagem de Francisco. Que foi clara: "Estejam atentos àqueles que querem dividir e fragmentar". Uma alusão também a movimentos obscuros de cariz islamita suspeitos de estarem na origem de violência no norte do país.
Foto: DW/M. Sampaio
Alegria ecuménica
Nas redes sociais circularam apelos de proveniência incerta contra a participação de jovens muçulmanos na festa em torno do Papa. Mas muitos muçulmanos foram ouvir a mensagem de paz e reconciliação que lhes foi igualmente dirigida. "A alegria de viver, como se pode sentir aqui, a alegria partilhada e celebrada, reconcilia", declarou Francisco.
Foto: DW/M. Sampaio
A 47ª visita do Papa ao exterior
Jorge Mário Bergoglio é o segundo Papa a escalar Moçambique depois de João Paulo II em 1988. O lema da visita é "Esperança, Paz e Reconciliação". Moçambique é o sétimo país que Francisco visita em 2018, e o 47° desde que chegou ao Vaticano em 2013. De Moçambique o líder católico segue para o Madagáscar e as Ilhas Maurícias.
Foto: DW/Ricardo Franco
Atentos às palavras do Papa
O Estádio Nacional do Zimpeto encheu na manhã de sexta-feira (06.09) para a celebração da missa e homilía pelo Papa Francisco. A missa, que colocou um ponto final na visita papal, foi celebrada no dia em que se assinala um mês da assinatura de um acordo de paz - o terceiro desde 1992 - entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
Foto: DW/M. Sampaio
Apelo ao combate contra a corrupção e pela paz
Durante a homilía, o Papa Francisco fez um apelo para o combate à corrupção: "Moçambique possui um território cheio de recursos naturais e culturais", disse, mas apesar destas riquezas, "uma quantidade enorme de população vive abaixo do nível de pobreza". Numa alusão à situação de violência armada em Cabo Delgado, o Papa pediu ainda que se amem os inimigos, sem lhes responder com violência.