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Moçambique: política de "olho por olho, dente por dente"

Romeu da Silva (Maputo) / Lusa 13 de abril de 2016

Há motivações políticas na morte de José Manuel, membro sénior da RENAMO. Analistas afirmam ainda que o principal partido da oposição moçambicana e o Governo estão a fazer uma política de olho por olho.

Cidade da Beira, província central de Sofala, MoçambiqueFoto: DW/J. Beck

Analistas em Moçambique afirmam que o assassinato de José Manuel, na Beira, do quadro sénior do maior partido da oposição no sábado (09.04.), tem a ver com a tensão político-militar no país.

Segundo eles, o assassinato do membro do conselho de defesa e segurança do partido de Afonso Dhlakama, surge como resposta aos ataques da RENAMO.

Trata-se, segundo Jaime Macuane, de um cenário que a continuar assim, poderá perpetuar as confrontações em Moçambique. O académico explica que “se torna ainda mais inaceitável pensar-se que um padrão que vai sendo adotado de forma sistemática vai haver um período em que tudo vai parar, não. Cistac foi assim, Paulo Machava…”

Em 2015 a polícia cercou a casa de Afonso Dhlakama na Beira e confiscou as armas da sua guardaFoto: DW/A. Sebastiao

Jaime Macuane entende ainda que este tipo de assassinato é inaceitável e a pouco e pouco está a ganhar força no país: “temos aqui uma força que não se sabe qual é, ao menos formalmente, que tem o poder de executar os moçambicanos. Então isto não se vai esfumar do nada. Então é preocupante e, isto, eu penso, é uma forma autoritária de resolver o conflito.”

Vale "olho por olho e dente por dente"

Já o jornalista Fernando Lima entende que o Governo e a RENAMO estão a fazer uma política de olho por olho e dente por dente, justificando que “se a RENAMO se der o direito de ir a estrada e dar tiros e matar pessoas, do outro lado há também o mesmo direito de na calada da noite bater à porta da casa de uma pessoa da RENAMO e dar um tiro na testa.”

Fernando Lima diz ainda que esta situação é degradante e que estas mortes devem parar: “É tão degradante que nos põe no mesmo paralelo e no mesmo patamar das ditaduras da América Latina em que os esquadrões da morte eram o dia-a-dia”. Além de José Manuel, outras duas pessoas, que estavam na sua companhia, foram mortas também a tiros na mesma ocasião, quando faziam o trajeto Aeroporto-Mercado Mascarenhas. Desconhecem-se os autores deste crime. Até agora a polícia está sem pistas sobre os atiradores.

Manuel Bissopo, membro sénior da RENAMO, também foi baleado por homens desconhecidosFoto: Nelson Carvalho

O incidente ocorreu no mesmo dia em que dirigentes políticos, incluindo o chefe de Estado, Filipe Nyusi, e religiosos moçambicanos clamaram por paz e reconciliação dos, durante as exéquias fúnebres de Jaime Gonçalves, arcebispo emérito da Beira e mediador católico do Acordo Geral de Roma, em 1992, que pôs fim a 16 anos de guerra civil entre a RENAMO e o Governo da FRELIMO.

Foi também na segunda maior cidade de Moçambique que, a 20 de janeiro, o secretário-geral da RENAMO, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos, num incidente que continua por esclarecer.

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