Em Moçambique, só tira a carta de condução quem pode
Lusa
23 de outubro de 2018
Em novembro, a carta de condução vai passar a custar quase oito vezes mais em Moçambique. Mas a vice-ministra dos Transportes e Comunicações minimiza o aumento e diz que só obtém o título quem tem condições para tal.
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"A carta de condução não é como o bilhete de identidade, que é obrigatório, qualquer pessoa tem de ter. A carta de condução não. É conforme as condições que eu tenho que vou tirar ou não a carta de condução", referiu, em declarações aos jornalistas, em Maputo, na segunda-feira (22.10).
A governante justifica o aumento com o facto de as atuais taxas serem insustentáveis. "Acha que com 500 meticais [sete euros] é que posso produzir uma carta de condução?", questionou, aludindo a uma das taxas que vai aumentar.
Segundo Manuela Rebelo, a atualização de valores segue a linha do fim de diversos subsídios estatais à economia. "Todo o valor que estamos a pagar até hoje é o Governo que está a subsidiar" deixando o Instituto Nacional dos Transportes Terrestres (Inaterr) de Moçambique numa situação financeira difícil, referiu.
Novas taxas a partir de novembro
As novas taxas que agravam em quase oito vezes o custo da carta de condução em Moçambique entram em vigor a 5 de novembro.
A taxa de exame de condução para automóveis ligeiros, pesados, motociclos e tratores vai passar dos atuais 100 meticais (1,4 euros) para 2.185 meticais (31 euros) em todas as categorias.
A este montante acresce a taxa para emissão do documento, que passa dos atuais 500 meticais (cerca de sete euros) para 2.500 meticais (35 euros).
Tudo somado, o total das duas taxas passa de 600 meticais (8,6 euros) para 4.685 meticais (67 euros), um aumento de 680% ou praticamente oito vezes mais.
As alterações constam de um diploma ministerial publicado no Boletim da República a 5 de setembro. Às taxas, acresce o valor cobrado pelas escolas de condução do país, que varia entre 7.000 meticais (100 euros) e 10 mil meticais (143 euros).
Lavagem de carros é ganha-pão nas ruas de Nampula
Em Nampula, no norte de Moçambique, muitos viram na lavagem de carros uma oportunidade contra o desemprego. O negócio tornou-se rentável e, com preços baixos, até consegue competir com empresas especializadas no setor.
Foto: DW/S. Lutxeque
Negócio rentável
A lavagem de carros nas ruas tornou-se um dos maiores e mais rentáveis negócios, nos últimos anos, na cidade de Nampula. A atividade está a expandir-se em quase todas as ruas e ocupa centenas de jovens, que praticam preços aliciantes – segredo que faz com que sejam os mais preferidos pelos clientes contra as empresas vocacionadas nesta atividade.
Foto: DW/S. Lutxeque
À espera de carros
Logo pela manhã, jovens de diferentes idades levam consigo baldes com água, escovas e variados produtos de limpeza. Dirigem-se a diversas ruas, principalmente às mais movimentadas. O objetivo é comum: conseguir viaturas para lavar e faturar algum dinheiro.
Foto: DW/S. Lutxeque
Luta para conquistar o cliente
A avenida Eduardo Mondlane, na capital do norte do país, é uma das que possui muitos lavadores de carros, devido a quantidade de empreendimentos ao longo da via. Quando uma viatura acaba de ser estacionada, os lavadores correm para tentar a sorte de ganhar o cliente.
Foto: DW/S. Lutxeque
Preços baixos, qualidade relativa
Normalmente, a lavagem de viaturas, sobretudo ligeiras, em empresas especializadas, custa entre 800 a 1.500 meticais (entre 10 a 20 euros, mais ou menos). Mas com os lavadores de rua o serviço custa em média de 150 a 300 meticais (entre 2 e 4 euros), ou um pouco mais, dependendo do estado da viatura.
Foto: DW/S. Lutxeque
Dias de sorte
Florentino Alberto é um jovem lavador de carros. Por causa do desemprego, ele viu na atividade uma oportunidade de sustento. Quando "chego cedo, e nos dias que tiver sorte, consigo 1.000 a 1.500 meticais (entre 15 e 20 euros)", disse.
Foto: DW/S. Lutxeque
Motocicletas também não escapam
Não só a lavagem é para viaturas, mas também para motocicletas. Na verdade, para os lavadores, quanto mais meios circulantes aparecem, mais negócio há. Mas os preços da lavagem de motocicletas são mais baixos, custando de 50 a 100 meticais (entre 0,70 a 1,40 euros).
Foto: DW/S. Lutxeque
Oportunidade para vender
Com a proliferação da atividade nas vias públicas, muitos jovens encontram outras oportunidades. Vendem também limpadores de para-brisas, tapetes, capas de volantes, perfumes, entre outros. Mas os preços não são tão bonificados como se pode imaginar. Se uma capa de volante custa 300 meticais (pouco mais de 4 euros) na loja, com os ambulantes o produto pode ter um aumento de cerca de 25%.
Foto: DW/S. Lutxeque
Falta clientes nos antigos locais de lavagem
Nem todos os lavadores de carros estão ou ficam satisfeitos. Tudo porque, segundo eles, nos últimos dois anos a crise tem afastado os clientes. Neste alpendre improvisado por um grupo de lavadores há mais de cinco anos são poucos os clientes agora. Se antes lavavam mais de duas dezenas por dia, agora lavar meia dezena é sorte.
Foto: DW/S. Lutxeque
Ganhar em tudo
Além de lavagens, estacionamento e guarnição de viaturas, há lavadores de carros que fazem um pouco de tudo para ganhar a vida. Alguns deles usam a engenharia mecânica para, entre outras coisas, trocar pneus, fazer pequenas reparações nos carros e muito mais. Tudo com vista a ganhar dinheiro.
Foto: DW/S. Lutxeque
Poucas empresas
Na cidade de Nampula, existem poucas empresas especializadas na lavagem de viaturas. As existentes estão junto das bombas de abastecimento de combustíveis, mas nem todas possuem o mesmo serviço. E algumas estão a fechar. A título de exemplo, esta na imagem oferecia serviços de lavagem, mas agora fechou as portas.