Embaixada alemã atacada no Sudão
14 de setembro de 2012O pessoal da embaixada encontra-se em segurança, mas o aumento da violência resultante de um curto filme sem mérito artístico e cujo único propósito parece ser a provocação, consternou a comunidade internacional.
O ministro federal alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, anunciou que foi constituido um grupo de gestão de crise no seu ministério, que se encontra em contacto permanente com a embaixada em Cartum. E concluiu: "Condeno inequívocamente os ataques e exijo a reposição da segurança no recinto da embaixada, em conformidade com o direito internacional".
Na origem dos distúrbios, que se verificaram também no Egipto, assim como em vários países árabes, está um filme que pode ser visto na internet, e que denigra o profeta Maomé. Segundo o jornal norte-americano, New York Times, o produtor do filme é um fundamentalista cristão americano, conhecido pelas suas diatribes anti-muçulmanas, e cujo filho, soldado, foi gravemente ferido no Iraque. O ministro Westerwelle disse entender a indignação do mundo islâmico, mas sublinhou que "isto não pode servir de pretexto para violência, nem para matar pessoas, ou pôr em risco a sua vida".
Embaixadas de Londres e Washington também sofrem ataques
Os ataques estenderam-se também às embaixadas de Londres e de Washington no Sudão. A polícia recorreu a gaz lacrimogéneo para dispersar os manifestantes. Os protestos tiveram início na capital egípcia, Cairo, na quinta-feira, 13 de setembro, mas já se alastraram a outros países como a Tunísia, Irão, Iraque, Israel, Faixa de Gaza, Jordânia e Sudão. Em entrevista com a DW, John O. Voll, professor catedrático da universidade de Georgetown nos Estados Unidos da América e especialista em assuntos islâmicos, advertiu que "os acontecimentos mostram que há muitas regiões no mundo debaixo de grande tensão, onde qualquer coisa, por pouca importância que tenha, como um filme que nem sequer um filme é, pode desencadear uma explosão de violência".
Os observadores consideram que os ataques de sexta-feira não têm o mesmo carácter daquele que custou a vida a quatro membros do corpo diplomático norte-americano na Líbia, na passada terça-feira (11.09). O atentado de Bengasi terá sido organizado provavelmente com o apoio de grupos fundamentalistas islâmicos estrangeiros. Mas os ataques no Egipto e no Cairo são diferentes, diz o investigador Voll: "Parece que se tratou de uma reação de uma multidão desordenada, composta sobretudo por jovens da classe média urbana que são usuários da rede social youtube".
A jornalista argelina, Oukazi Khania, exprime em entrevista com a DW o que pode ser a opinião da grande maioria dos muçulmanos do mundo, e não só: "Acho que é completamente idiota produzir semelhante filme. Como seria idiota se os muçulmanos começassem de repente a atacar tudo o que é sagrado para cristãos e judeus. É completamente idiota provocar assim as massas muçulmanas. Mas também tenho que dizer que é idiota dos muçulmanos reagir com violência a tanto disparate. Não consigo compreendê-lo".
Autora: Cristina Krippahl
Edição: António Rocha