Visita de Emmanuel Macron a Angola, no segundo semestre de 2019, será "um momento forte de concretização de projetos que começaram a nascer com a visita de João Lourenço a França", afirma a embaixada francesa em Luanda.
Publicidade
O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai visitar oficialmente Angola no segundo semestre de 2019, dando sequência à visita que o homólogo angolano, João Lourenço, efetuou a França em maio deste ano, disse o embaixador em Luanda.
Falando na quinta-feira (20.09) à noite aos jornalistas após um encontro no Museu da Moeda, na capital angolana, com a presença de cerca de 70 empresários franceses, Sylvain Itté salientou que a visita do Presidente francês "deve ser um momento forte de concretização de projetos que começaram a nascer com a visita do Presidente Lourenço a França".
O embaixador acrescentou que "há todo um processo [de preparação] e espero que poderemos contar com a visita do Presidente Macron no segundo semestre de 2019".
Petrolífera continua em Angola
Sylvain Itté, citado pela agência Lusa, garantiu, por outro lado, que a companhia petrolífera francesa Total vai continuar em Angola, lembrando que a empresa foi das primeiras a investir no país logo após a independência, em 1975, e que passa, entre outras questões, pela operação na área dos produtos refinados e na abertura de postos de combustíveis.
Segundo o diplomata francês, a Total está "muito empenhada" no Projeto Eiffel, que abrange escolas públicas angolanas, que financia há 10 anos e que, reivindicou, estão reconhecidas como "algumas das melhores no país", havendo também projetos de formação de quadros técnicos em vários setores.
Além da pretrolífera Total, a França pretende continuar investindo em Angola através de outros empreendimentos. "As empresas francesas estão presentes e empenhadas no desenvolvimento do país. Essa presença vai crescer, mas depende também dos investimentos públicos angolanos e da vontade das empresas angolanas investirem diretamente no país, pois não devem esperar só o investimento estrangeiro, mas também construir verdadeiras parcerias com empresas estrangeiras e, naturalmente, francesas", afirmou.
Segundo o embaixador francês em Luanda, atualmente, há cerca de 300 empresas francesas com ligações diretas ou indiretas a Angola, país onde operam 70 outras nos mais variados setores.
Investimentos
Questionado sobre o volume do investimento francês em Angola, Sylvain Itté indicou que três dos maiores bancos franceses disponibilizaram uma linha de crédito no valor de 1.500 milhões de euros (repartidos equitativamente por 500 milhões de euros entre o BNP-Paribas,o Crédit Agricole e a Societé General). "Significa que há dinheiro disponível para financiar projetos concretos e viáveis do ponto de vista económico a empresas francesas e angolanas", realçou.
"Não é uma questão de saber quanto dinheiro é investido, trata-se de saber, sim, quais os financiamentos disponíveis para as empresas decidirem investir. A parte do Governo francês está feita e as autoridades de Angola declararam e começaram a concretamente a dar condições para o investimento", sublinhou.
No entanto, admitiu o diplomata francês, "há ainda muito a fazer" para que as empresas estrangeiras se possam instalar em Angola e "não se podem esconder as dificuldades". "Mas acho tudo vai melhorar. Da parte francesa, das empresas francesas, há um interesse fundamental em trabalhar com Angola", terminou.
Pobreza no meio da riqueza no sul de Angola
Apesar da riqueza em petróleo, em Angola vive muita gente na pobreza, sobretudo no sul do país. A região é assolada por uma seca desde 2011 e as colheitas voltaram a ser pobres neste ano. Muitos angolanos passam fome.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Sobras da guerra civil
A guerra civil (1976 -2002) grassou com particular violência no sul de Angola. Aqui, o Bloco do Leste socialista e o Ocidente da economia de mercado livre conduziram uma das suas guerras por procuração mais sangrentas em África. Ainda hoje se vêm com frequência destroços de tanques. A batalha de Cuito Cuanavale (novembro de 1987 a março de 1988) é considerada uma das maiores do continente.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Feridas abertas
O movimento de libertação UNITA tinha o seu baluarte no sul do país, e contava com a assistência do exército da República da África do Sul através do Sudoeste Africano, que é hoje a Namíbia. Muitas aldeias da região foram destruídas. Mais de dez anos após o fim da guerra civil ainda há populares que habitam as ruínas na cidade de Quibala, no sul de Angola.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Subnutrição apesar do crescimento económico
Apesar da riqueza em petróleo, em Angola vive muita gente na pobreza, sobretudo no sul. A região sofre de seca desde 2011 e as colheitas voltaram a ser más no ano 2013. Muitos angolanos não têm o suficiente para comer. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) diz que nos últimos anos pelo menos um quarto da população passou fome durante algum tempo ou permanentemente.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
O sustento em risco
Dado o longo período de seca, a subnutrição é particularmente acentuada nas províncias do sul de Angola, diz a FAO. As colheitas falham e a sobrevivência do gado está em risco. Uma média de trinta cabeças perece por dia, calcula António Didalelwa, governador da província de Cunene, a mais fortemente afetada. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) também acha que a situação é crítica.
Foto: DW/A. Vieira
Semear esperança
A organização de assistência da Igreja Evangélica Alemã “Pão para o Mundo” lançou um apelo para donativos para Angola na sua ação de Advento 2013. Uma parte dos donativos deve ser reencaminhada para a organização parceira local Associação Cristã da Mocidade Regional do Kwanza Sul (ACM-KS). O objetivo é apoiar a agricultura em Pambangala na província de Kwanza Sul.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Rotação de culturas para assegurar mais receitas
Ernesto Cassinda (à esquerda na foto), da organização cristã de assistência ACM-KS, informa um agricultor num campo da comunidade de Pambangala, no sul de Angola sobre novos métodos de cultivo. A ACM-KS aposta sobretudo na rotação de culturas: para além das plantas alimentícias tradicionais como a mandioca e o milho deverão ser cultivados legumes para aumentar a produção e garantir mais receitas.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Receitas adicionais
Para além de uma melhora nas técnicas de cultivo, os agricultores da região também são encorajados a explorar novas fontes de rendimentos. A pequena agricultora Delfina Bento vendeu o excedente da sua colheita e investiu os lucros numa pequena padaria. O pão cozido no forno a lenha é vendido no mercado.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Escolas sem bancos
Formação de adultos na comunidade de Pambangala: geralmente os alunos têm que trazer as cadeiras de plástico de casa. Não é só em Kwanza Sul que as escolas carecem de equipamento. Enquanto isso, a elite de Angola vive no luxo. A revista norte-americana “Forbes” calcula o património da filha do Presidente, Isabel dos Santos, em mais de mil milhões de dólares. Ela é a mulher mais rica de África.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Investimentos em estádios de luxo
Enquanto em muitas escolas e centros de saúde falta equipamento básico, o Governo investiu mais de dez milhões de euros no estádio "Welvitschia Mirabilis", para o Campeonato Mundial de Hóquei em Patins 2013, na cidade de Namibe, no sul de Angola. Numa altura em que, segundo a organização católica de assistência “Caritas Angola” dois milhões de pessoas passaram fome no sul do país.
Foto: DW/A. Vieira
Novas estradas para o sul
Apesar dos destroços de tanques ainda visíveis, algo melhorou desde o fim da guerra civil em 2002: as estradas. O que dá a muitos agricultores a oportunidade de venderem os seus produtos noutras regiões. Durante a era colonial portuguesa, o sul de Angola era tido pelo “celeiro” do país e um dos maiores produtores de café de África.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Um futuro sem sombras da guerra civil
Em Angola, a papa de farinha de milho e mandioca, rica em fécula, chama-se “funje” e é a base da alimentação. As crianças preparam o funje peneirando o milho. Com a ação de donativos de 2013 para a ACM-KS, a “Pão para o Mundo” pretende assegurar que, de futuro, os angolanos no sul tenham sempre o suficiente para comer e não tenham que continuar a viver ensombrados pela guerra civil do passado.