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Isabel dos Santos diz que continuará a investir em Portugal

23 de setembro de 2019

Empresária angolana, Isabel dos Santos, manifestou em Lisboa o seu interesse em continuar a apostar na economia portuguesa, sem especificar em que áreas pretende investir.

Portugal Forum von Unternehmerinnen aus portugiesischsprachigen Ländern in Lissabon
Isabel dos SantosFoto: DW/J. Carlos

"Angola é uma grande nação pelo seu percurso histórico". A afirmação é da engenheira Isabel dos Santos, em declarações à DW África, quando questionada se a experiência que tem como mulher empreendedora e empresária pode ser útil à governação do Presidente de Angola, João Lourenço, para transformar o país, de facto, numa grande potência em África e no mundo.

"Eu acho que Angola é uma grande nação, sem dúvida, porque tem um percurso histórico que o justifica. É um país que joga um grande papel em África, mas não há dúvidas que em África os países ainda têm bastantes desafios. E quando olhamos no seu todo, todos nós os africanos, independentemente do país donde viemos, ainda temos muito trabalho a fazer pela frente e muitas coisas a conquistar".

Relações com João Lourenço

Foi também desta forma hábil e subtil que Isabel dos Santos fugiu à pergunta seguinte da DW África a propósito do estado das suas relações com o Presidente angolano João Lourenço, com quem tem um diferendo político, depois do fim da era do seu pai, José Eduardo dos Santos.

"Vou ter que ir embora… Muito obrigada a todos. Vou ter que fugir", disse.Assim escapou dos jornalistas que tinham na manga outras questões de interesse público a colocar à filha do ex-Presidente angolano, que se deslocou a Lisboa para participar, esta segunda-feira (23.09.), no segundo Fórum Internacional da Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), centrado na temática da mobilidade e inovação.

Participantes no Fórum Internacional da Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da CPLPFoto: DW/J. Carlos

Polémica saída da Sonangol

Observadores na capital portuguesa disseram à DW África que Isabel dos Santos perdeu uma excelente oportunidade para desfazer tabus ou mitos e esclarecer com verdade sobre os vários dossiers com ela relacionados, nomeadamente sobre as razões da sua polémica saída da petrolífera Sonangol e, consequentemente, as clivagens nas relações com o atual Presidente angolano, que inviabilizaram alguns negócios da empresária. Um deles é a anulação pelo atual chefe de Estado do contrato entre o Estado e a Urbinveste, controlada pela empresária, relativo à marginal de Corimba, por alegada "sobrefaturação nos valores".

Considerada uma influente empresária africana e a mulher mais rica de África, Isabel dos Santos é dona de vários investimentos, principalmente em setores como as telecomunicações, energia e banca, extensíveis a Portugal, onde os seus ativos e participações rondavam os dois mil milhões de euros, segundo a imprensa portuguesa.

Ela própria revelou esta segunda-feira, em Lisboa, que começou a trabalhar com capital de risco, através do qual criou várias empresas e investimentos, também com uma forte incidência no setor da inovação.

Entretanto, o peso dos investimentos em Portugal diminuiu com a saída de cena do seu pai da Presidência da República de Angola, em setembro de 2018. No entanto, revelou aos jornalistas que acredita na economia portuguesa e que esta continua a ser aliciante para investir."Investi em Portugal há mais de 10 anos, quando seguramente havia menos pessoas interessadas. Acredito que Portugal tem muito talento. Há muita inovação. Nós investimos muito no setor da pesquisa e desenvolvimento, sobretudo da mobilidade. Portanto, criar emprego em Portugal e dar oportunidade aos jovens portugueses é algo que vou continuar a fazer".

Empresária angolana Isabel dos Santos diz que vai continuar a investir em Portugal

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Projeto de mobilidade na CPLP

Isabel dos Santos foi igualmente confrontada sobre a viabilidade do projeto de mobilidade entre os países de língua portuguesa, lançado por Cabo Verde. Ela entende que, para isso, é preciso criar um ambiente de negócios favorável para o intercâmbio entre os Estados.

"Nós somos um grande mercado, mas, efetivamente, ainda temos alguns constrangimentos. É claro que estes temas nunca são fáceis, porque todas as questões migratórias são sempre complexas. Mas, não há dúvidas que havendo intercâmbios maiores entre os empresários dos diferentes países da CPLP nós podemos ter um mercado muito maior, portanto com muito mais oportunidades, tanto para as empresas portuguesas, como brasileiras, angolanas, moçambicanas, da Guiné-Bissau ou de Cabo Verde".

Isabel dos Santos acredita que a mobilidade será uma realidade exequível no futuro.

 

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