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Empresários portugueses queixam-se de retenção das exportações em Angola

Daniel Pinto Lopes28 de março de 2013

As empresas portuguesas relatam dificuldades em fazer entrar as suas mercadorias no mercado angolano, pelo que a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) alega haver retenção às exportações.

Porto de Luanda
Porto de LuandaFoto: DW/Renate Krieger

O presidente da CIP, António Saraiva, admite que os bens alimentares que Portugal exporta para Angola estão a ficar retidos no porto de Luanda, durante vários dias. Em declarações à rádio portuguesa Antena 1, António Saraiva falou em retaliação das autoridades angolanas.

No entanto, horas mais tarde, em entrevista à DW África, o presidente da CIP conteve-se nas palavras. António Saraiva preferiu afirmar: “quando falo em retaliação, que foi o termo que me saiu, não queria dizer retaliação. Queria dizer a repercussão negativa sobre as exportações portuguesas”.

António Saraiva recorda que a imprensa portuguesa tem vindo a publicar notícias sobre fugas de informação de segredo de justiça, algo que não têm agradado a Angola e que pode ter consequências: “se as autoridades em Angola, ao nível dos portos ou ao nível dos vistos concedidos, etc., não funcionam corretamente, são as nossas exportações que acabam por receber resultados negativos em relação à ineficácia destes organismos”, alerta o presidente da CIP.
Apesar de não ter dados concretos, António Saraiva espera que estes atrasos não se verifiquem apenas para as exportações portuguesas: “não quero pensar que isso seja apenas uma situação para Portugal. Se houvesse aqui uma discriminação ou uma diferenciação em relação às exportações portuguesas, então aí estaríamos em evidência de alguma anomalia que eu não gostaria que se verificasse”.

Angola refuta qualquer retenção

Na quarta-feira (27.03), em declarações à RTP (Rádio e Televisão de Portugal), o diretor-geral das alfândegas de Angola garantiu que não há a retenção dos bens alimentares portugueses na alfândega em Luanda.

Sílvio Franco Burity justifica dizendo que todos os produtos alimentares importados, de qualquer parte do mundo, são agora sujeitos a inspeções laboratoriais obrigatórias.

Em reação, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva comentou: “há inspeções laboratoriais que têm que ser feitas, mas se não se circunscreverem apenas a alguns produtos, ou seja, a sua generalização parece-me inadequada”.

Resolução diplomática
Como forma de tentar desbloquear a situação, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal pretende falar com o presidente da AICEP, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, e colocar a questão diretamente ao ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas.

António Saraiva quer levar para cima da mesa de discussão os relatos dos empresários portugueses e considera que aquelas “questões têm de ser desenvolvidas através da diplomacia” e “ o mais rapidamente possível”.

Portugal e Angola de relações frágeis

O presidente da CIP considera que, nos últimos tempos, as relações bilaterais entre Portugal e Angola tenham ficado ligeiramente mais frágeis. Por isso, a conversa que pretende ter com o ministro dos Negócios Estrangeiros será “abrangente, de reforço das relações bilaterais". António Saraiva explica: "porque Angola é hoje, para muitas das empresas portuguesas, um país com o qual deveremos estabelecer relações bilaterais excelentes”.

A DW África tentou saber de empresas afetadas por esta situação, mas António Saraiva diz que não tem autorização para citar nomes, com medo de estas mesmas empresas serem vítimas de represálias.

Empresários portugueses queixam-se de retenção das exportações em Angola

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O mercado angolano tem um grande peso para empresas portuguesasFoto: DW/Renate Krieger
Exportações portuguesas têm dificuldades em entrar em Angola devido à obrigatoriedade de inspeções, segundo as autoridadesFoto: Fotolia
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