Empresas apostam no comércio online em África
5 de junho de 2013 Uma pesquisa, um clique no rato e, dois dias depois, a encomenda está à porta. Um processo conhecido através da Amazon e milhares de outras lojas online. Na África subsaariana, anteriormente, isto era apenas possível num país: África do Sul. Em 2009, a empresa sul-africana Naspers tentou, sem sucesso, estabelecer a sua loja online Kalahari no Quénia e na Nigéria. Mas o número de utilizadores foi muito baixo.
Entretanto, já existem mais utilizadores da Internet e o poder de compra aumentou em muitos países. E, agora, duas grandes empresas arriscam um novo começo.
Primeiros passos no comércio online
A plataforma online queniana Rupu pertence ao grupo suíço Ringier e as ofertas diárias são o seu principal negócio. Nesta página encontram-se promoções especiais de restaurantes, operadores turísticos ou comerciantes locais. Além disso, a Rupu opera a sua própria loja online.
"Eu diria que ainda estamos no início", diz Julian Artopé, que está à frente da Ringier Africa Business, em Nairóbi, capital do Quénia. "É certamente a primeira fase, onde há tempo para desenvolver os mercados e construir equipas para entender melhor quais os produtos que são realmente importantes para os clientes locais", considera o empresário.
A Ringier começou no Quénia, em 2010. Agora, a empresa opera também na Nigéria e no Gana. "Cada país tem suas pequenas vantagens e desvantagens", explica Artopé, especificando: "a Nigéria, por exemplo, pela sua dimensão, é um mercado muito atraente, que deverá estabilizar nos próximos anos e, por isso, queremos entrar cedo. O Gana é o mercado africano mais estável e no Quénia o governo apoia fortemente o digital e o online".
Os potenciais compradores online, nestes países, vivem principalmente nas grandes cidades. Nas zonas rurais, a internet não está ainda generalizada. Mas isso está a começar a mudar. De acordo com a empresa de pesquisas International Data Corporation, 40% da população do Quénia tem hoje acesso à Internet.
O M-commerce: compras online através do telemóvel
A loja online nigeriana Jumia chegou recentemente ao Quénia. Tal como o seu modelo norte-americano, a Amazon, a Jumia vende quase tudo: desde produtos electrónicos a roupa. Tunde Kehinde é um dos fundadores e explica que “em Lagos, há um ou dois centros comerciais. Em todo o país, talvez 3 ou 5. Por isso, a opção para os consumidores está limitada a estes locais, ao comércio e mercados locais. Ou viajo ou amigos viajam e trazem coisas, se puderem. E se pensarmos que se trata de um país de 160 milhões de pessoas, significa que não há nada".
A versão africana da loja online é um pouco diferente do modelo ocidental. No Quénia, 99% dos internautas utilizam os telemóveis para compras online, segundo Jimmy Gitonga, chefe do centro de tecnologia iHub, em Nairobi. Por isso, não se pode falar de e-commerce: “O que vemos aqui é mais o chamado M-commerce. A razão é que a rede M-Pesa é o maior motor de dinheiro no espaço móvel", afirma Gitonga.
M-Pesa foi o primeiro serviço que tornou possível a transferência de dinheiro de telemóvel para telemóvel, no Quénia. E os quenianos habituaram-se a usar este sistema de pagamento para tudo: desde a fatura de energia eléctrica até às pequenas compras. Confiam mais no pagamento por telemóvel do que através do cartão de crédito, de acordo com Gitonga.
Empresários acreditam num futuro positivo
No entanto, um desafio para as lojas on-line africanas é a logística. Quem já teve de se orientar em Nairobi ou Lagos conhece o dilema: há ruas sem nome e casas sem número. O fornecedor precisa sempre do número do cliente, diz Ben Maina, chefe da comerciante online Rupu. E as direcções nem sempre são muito precisas: "Vire à esquerda depois das três lombas, é a porta ao lado da loja vermelha".
A empresa Jumia opera na Nigéria em parceria com a empresa de logística DHL. Assim, também pode chegar aos compradores nas áreas rurais.
O comércio online em África ainda está a dar os primeiros passos, mas os fornecedores têm grandes planos. Tunde Kehinde quer transformar a Jumia no maior vendedor online africano. Julian Artopé, pelo suíço grupo Ringier, tem objectivos semelhantes para a Rupu: "Acreditamos que vamos entrar em mais sete países, de modo que, até 2015, devemos estar em dez países".