Os grandes investimentos no gás na bacia do Rovuma deverão começar no primeiro semestre de 2019, quando as operadoras tomarem a Decisão Final de Investimento. Empresas moçambicanas não querem ficar para trás.
Foto: ENI East
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Os grandes investimentos de gás, na bacia do Rovuma, na província nortenha de Cabo Delgado, em Moçambique, estão previstos para o primeiro semestre de 2019. As petrolíferas que operam naquela região, a italiana ENI e a norte-americana Anadarko, prevêem tomar a Decisão Final de Investimento neste período.
O diretor do Conteúdo Local da Empresa Moçambicana de Hidrocarbonetos (ENH), António Fumo, diz que o país está no bom caminho para atrair mais investimentos.
"Acredito que, pelo facto de termos iniciado projetos há já algum tempo, com a nossa experiência na Sasol em Pande-Temane, evoluímos no tipo de contrato que existia para atrair este tipo de investimentos", afirma.
Pescadores esquecidos no norte de Moçambique
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Mais investidores
Segundo a ENH, Moçambique assinou, em outubro, contratos com três consórcios internacionais para a concessão de novos blocos, prevendo-se um investimento de 700 milhões de dólares para a fase de pesquisa.
"Estamos a falar agora de projetos resultantes do quinto concurso, onde aparecem outras empresas internacionais, como a ExxonMobil ou a Rosneft. Este é o resultado da estratégia do Governo neste setor", diz Fumo.
Empresas moçambicanas também querem benefícios do gás
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Nacionais também querem benefícios
Durante a Cimeira sobre o Gás, que começou na quarta-feira (31.10) em Maputo e termina esta sexta, a Confederação das Associações Económicas (CTA) apelou ao envolvimento das empresas moçambicanas no setor do gás e à formação de técnicos especializados.
"É importante termos gente que seja capaz de fazer soldaduras no pipeline, de o isolar, trabalhar sobre elevadas pressões", afirmou. "Quantas pessoas temos aqui no país que possam fazer isso? Muito poucas."
As empresas nacionais que já prestam serviço às multinacionais chegam-se à frente e garantem que estão preparadas.
Rui Rodrigues, proprietário da Pró-Mecânica, por exemplo, já terá garantias de que a sua empresa fornecerá equipamento às empresas de exploração de gás, "na construção de pipelines e na construção de tanques para o armazenamento."
Pemba: degradação em tempos de boom
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios históricos de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Casas históricas em ruínas
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios do centro histórico de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação. A degradação não poupa prédios com elevado valor histórico como esta casa, que foi na era colonial e até 1979 a residência do governador da província de Cabo Delgado.
Foto: Eleutério Silvestre
Mercado central de Pemba
O mercado localiza-se na cidade baixa da cidade desde 1940. Foi uma atração turística de Pemba, que em tempos coloniais era chamada Porto Amélia. Os números e as letras na placa por cima da fachada da entrada, resistem as intempéries naturais e ainda testemunham o quanto foi importante o mercado para os colonos portugueses.
Foto: Eleutério Silvestre
Negócio parado: as bancas do mercado
Nestas bancas simples eram expostos cereais, leguminosas e outros produtos alimentares. Antes do total abandono nos anos 2000, o mercado era frequentado por cidadãos da classe média de diferentes bairros de Pemba, atraídos pelo nível de higiene que caraterizava na exposição dos produtos. Vendia-se o melhor peixe e a melhor carne da cidade de Pemba.
Foto: Eleutério Silvestre
Abandono total: o cinema de Pemba
O cinema de Pemba, localizado na periferia da cidade baixa, era o único da cidade. Até 1990, eram projetados filmes na sala: das 14 às 16 horas os filmes para menores e das 17 às 21 horas as longas metragens para maiores de 18 anos. O cinema era ponto de encontro de cidadãos de diferentes idades de Pemba. O edifício funcionou também como ginásio de 2008 a 2012.
Foto: Eleutério Silvestre
Novas construções na vizinhança
Em vez de renovar e adaptar edifícios históricos já existentes, constroem-se novos prédios em Pemba, a capital da província moçambicana de Cabo Delgado. Este projeto do anfiteatro de Pemba é fruto de uma parceria público privada, entre o Hotel Wimbe Sun e o Conselho Municipal de Pemba. Mais um exemplo de que os investimentos vão para a construção e não para a reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Construir de raiz em vez de reabilitar
Mesmo para escritórios, que facilmente poderiam ser instalados em prédios históricos renovados, a opção preferida é construir de raiz. Assim sendo, o "boom" económico causado pela descoberta de grandes quantidades de gás na Bacia do Rovuma na província de Cabo Delgado não beneficia o centro histórico da cidade de Pemba. Este edifício é destinado para albergar uma filial bancária.
Foto: DW/E. Silvestre
Antiga delegação da Cruz Vermelha
Esta casa localiza-se na principal via de acesso à cidade baixa de Pemba. Serviu em regime de arrendamento como primeira delegação da Cruz Vermelha na província. A partir deste edifício, a Cruz Vermelha desencadeou ações humanitárias durante a guerra civil de Moçambique. Em 1999, a Cruz Vermelha de Moçambique abandonou a casa e mudou para infraestruturas próprias modernas.
Foto: Eleutério Silvestre
Armazém histórico de Pemba
Este armazém na cidade baixa faz parte dos edifícios históricos abandonados. Durante a guerra civil, serviu para o armazenamento de alimentos. Foi aqui que os residentes do bairro mais antigo de Pemba, Paquitequete, compravam produtos de primeira necessidade. Teve um papel muito importante durante a emergência de fome que assolou a população de Pemba durante a guerra civil no ano de 1980.
Foto: Eleutério Silvestre
Porto de Pemba
Quando o centro histórico está em degradação, uma das zonas mais dinámicas de Pemba é o porto. Do lado direito, as antigas instalações, do lado esquerdo a zona de ampliação destinada a carga do material da exploração do gás. O cais flutuante foi construído pela empresa francesa Bolloré. A esperança é que o boom do gás ajuda a reabilitar para além do porto também os edifícios históricos de Pemba.