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Encarecimento do trigo faz disparar preço do pão em Angola

José Adalberto (Huambo)
8 de abril de 2022

Consumidores reclamam da subida do preço do pão em Angola, mas empresas de panificação dizem que a produção é afetada pelo encarecimento da farinha de trigo no mercado internacional, em crise devido à guerra na Ucrânia.

Foto: José Adalberto/DW

O saco de 50 quilogramas de farinha de trigo que custava 20 mil kwanzas (pouco mais de 40 euros) está agora a ser comercializado a 22 mil kwanzas (cerca de 45 euros), em Angola. Como consequência, o preço do pão nas padarias angolanas ficou mais caro nas últimas semanas. Foi de 100 kwanzas (cerca de 0,20 cêntimos de euros) para os atuais 150 kwanzas (o equivalente a 0,30 cêntimos).

E além de mais caro, o pão de cada dia está mais pequeno. Assim diz quem diariamente procura pelo precioso produto. "O preço está muito alto e não estamos a gostar do seu  tamanho", reclama Maria Domingos.

"O preço da matéria-prima para fazer o pão subiu drasticamente, há uns quatro anos", justifica Elone Manuel, gestor de uma empresa de panificação. 

Além disso, lembra, o pão leva "outros ingredientes, açúcar, óleo, fermento e gelo. Todos estes fatores compõem a produção do pão e, com a subida destes produtos, também alterou o preço do pão."

Segundo o presidente da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelaria de Angola (AIPPA), Gilberto Simão, a subida do preço da farinha de trigo e do pão deve-se à atual conjuntura internacional, marcada por restrições na importação da farinha de alguns países europeus, fruto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, no leste da Europa.

"Há países que estão a limitar ou a proibir a exportação deste produto. Se nós importamos 100% deste produto, com certeza que isso nos afeta", sublinha.

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Apostar na produção interna de trigo

Angola importa em média 46.455 toneladas de farinha de trigo por ano, sobretudo dos países europeus. Para Gilberto Simão, a guerra na Ucrânia poderia servir de oportunidade para o país apostar na produção interna de trigo.

"Se nós temos dificuldades de comprar trigo, porque não aposta o nosso Governo na produção nacional?", pergunta o responsável, recordando que, na era colonial, o país produzia 40% do trigo consumido pelos angolanos.

"Os terrenos estão aí, estão baldios. O que é que preciso? Desmatamento, correção dos solos, fertilizantes e sementes próprias e mais nada! Porque os produtores de trigo estão aí, no Lubango, Bié e Huambo", lembra Gilberto Simão.

Qual é o plano do Governo?

O Governo, no entanto, não divulgou qualquer plano para assegurar a produção nacional de trigo, nem medidas para evitar a subida do preço do pão em Angola.

A indústria nacional garante que já está a produzir 720 mil toneladas de farinha de trigo por ano - acima da necessidade do país, estimada em 600 mil toneladas por ano.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a Rússia produziu 88,9 milhões de toneladas de trigo em 2021, ficando atrás somente da União Europeia, China e Índia. A Ucrânia foi o quinto maior produtor de trigo naquele ano, com 29 milhões de toneladas.

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