Energia solar ilumina escolas de S. Tomé e Príncipe
5 de julho de 2012 Aquela Organização Não Governamental pretende levar luz aos alunos, principalmente aos dos cursos de alfabetização de jovens e adultos, que frequentam as escolas primárias ao final do dia, e assim melhorar a aprendizagem.
Maite Mendizabel, coordenadora da ONG TESE - Associação para o Desenvolvimento, em São Tomé e Príncipe, explica que este projeto, que durará dois anos, nasceu da necessidade de “contribuir e ajudar o Ministério da Educação, Cultura e Formação são-tomense na melhoria do acesso à educação das pessoas adultas”.
A ONG decidiu colocar “painéis solares em escolas longínquas, onde entendemos que a energia da EMAE [Empresa de Água e Eletricidade, a principal produtora e distribuidora de energia em São Tomé e Príncipe] não chega nem vai chegar nos próximos anos. Os alunos já podem ter acesso a energia à noite, para poderem estudar, sem muito custo e (…) esperamos que para muitos anos”, confere Maite Mendizabel.
Os painéis já foram instalados em sete das cerca de 60 salas de aula das 30 escolas primárias do arquipélago contempladas com este projeto. Além de levar luz, melhorando as condições das escolas para alunos e professores, o projeto aposta também na formação.
A iniciativa das "escolas solares" em S. Tomé e Príncipe já formou jovens, de cursos profissionalizantes, na colocação de painéis e vai ainda formar grupos comunitários na gestão e manutenção daqueles equipamentos para que haja um envolvimento das comunidades onde estão localizadas as escolas.
A coodenadora da ONG TESE, Maite Mendizabel, detalha que esses grupos serão constituídos “por um professor ou diretor ou responsável das escolas, por um aluno de alfabetização e por um membro comunitário, que se vão dedicar a manter o sistema, não tecnicamente, mas em termos de limpeza, vigiando também se as luzes estão a funcionar e se os cabos da bateria estão bem conectados”.
Além disso, “temos uma equipa de sensibilização no terreno, que está a trabalhar com as crianças e com os membros da comunidade, explicando o que são os painéis solares e que devem ser bem tratados para que durem os anos que estão previstos durar”, esclarece Maite Mendizabel.
Mais luz é sinónimo de melhor aprendizagem
Fora da capital do país, S. Tomé, a falta de luz nas salas de aula tem condicionado o trabalho de professores e alunos dos cursos de alfabetização para jovens e adultos.
Helena Bonfim, diretora do departamento de educação para jovens e adultos, assegura que há “há dificuldade em trabalhar porque a partir das 16 horas tudo fica escuro. Muitas salas só têm espaço a partir das 16 horas até às 19 horas. E mesmo para aqueles que utilizam o período da tarde fica um bocadinho escuro porque a visão de pessoas adultas já não é igual à das crianças”.
Além de beneficiar os alunos dos cursos noturnos, através do projeto de instalação de painéis solares, também nas comunidades mais distantes as crianças que estudam durante o dia tiram partido de haver mais e melhor luminosidade.
Cosme Bom Jesus, responsável da escola primária de Santa Luzia, assegurou que “alguns alunos precisavam mesmo disso porque, tendo em conta os momentos de chuva, algumas crianças têm dificuldades em ver as letras. E com o aparecimento dessa iluminação nas salas de aula elas dizem aos professores que estão a ver melhor”.
De acordo com a ONG TESE - Associação para o Desenvolvimento, o projeto de levar energia solar às escolas do arquipélago de S. Tomé e Príncipe vai beneficiar diretamente mais de 1.700 crianças e cerca de 3.200 alunos do ensino secundário; indiretamente, a iniciativa irá possibilitar melhorias da vida de, aproximadamente, 22.800 membros de comunidades locais.
O projeto de energia solar das escolas é orçado em 254 mil euros, sendo financiado em 75% pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento e em 25% pelo governo são-tomense.
Autora: Edlena Barros (S. Tomé)
Edição: Glória Sousa / António Rocha