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Envolvimento de sul-africanos no conflito em Cabo Delgado

Milton Maluleque
30 de março de 2021

Há sul-africanos envolvidos na guerra em Cabo Delgado. Uns são mercenários recrutados pelas autoridades moçambicanas, outros pertencem às fileiras do Estado Islâmico, que recentemente atacou a vila de Palma, no norte.

Foto: Roberto Paquete/DW

Segundo a cadeia de rádios e televisões públicas da África do Sul (SABC), acredita-se que pelo menos 12 cidadãos sul-africanos façam parte do grupo armado alegadamente integrante do Estado Islâmico que atacou a vila de Palma.

A notícia levantou preocupações entre os especialistas em segurança sul-africanos. Muitos apelam à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para intervir e combater a possibilidade de quaisquer ataques terroristas na África do Sul.

Para Muhamad Yassine, académico e membro da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, esta não é a primeira vez que se fala do envolvimento de sul-africanos na insurgência, tendo destacado os gémeos que teriam sido vistos no ataque a Mocímboa da Praia em 2020. Isso o leva a acreditar na existência de uma rede de recrutamento na região.

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02:28

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"É preciso recordar que Cabo Delgado é onde há rubis, outras pedras preciosas, madeira e outro tipo de tráfico, incluindo as drogas pesadas como o ópio, heroína e a cocaína. Então, qualquer um que esteja envolvido em um desses possíveis crimes terá a sua presença em Cabo Delgado, independentemente se a coação para a sua integração tem a ver com a causa da insurgência ou na defesa do seu interesse.", argumenta Yassine.

Destacamento de forças especiais?

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reuniu-se ao longo do fim de semana com altos responsáveis da Defesa devido ao ataque no norte de Moçambique, que resultou na morte de pelo menos um sul-africano e vários outros sul-africanos desaparecidos.

A Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) está a considerar o destacamento de forças especiais para ajudar a conter a situação de guerra no norte do país vizinho, referiu por seu lado uma fonte da segurança ao portal sul-africano News24.

"Eu penso que seria forçar uma teoria tentando associar esses 12 [insurgentes] com a necessidade de um Estado como a África do Sul poder entrar para conflito", considera Muhamad Yassine. "Eu penso que Moçambique está sendo cauteloso na medida em que a presença de uma força conjunta da SADC significa o reconhecimento por parte do Estado em reconhecer a sua incapacidade em lidar com a situação."

A companhia de mercenários sul-africanos DAG, recrutada pelo Governo de Maputo, diz ter sido surpreendida com os últimos ataques, segundo o seu diretor Lionel Dyck, e agora encontra-se a transportar vítimas do ataque a cidade de Pemba.

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