Na quinta-feira (16.03.) será eleito o novo líder da CAF. Issa Hayatou ocupa o cargo há 29 anos e, pela primeira vez, enfrenta um adversário a sério. Acusado de corrupção, desta vez Hayatou parece não ter muito apoio.
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Issa Hayatou já tem 70 anos de idade, mas não tenciona deixar o cargo para os mais novos. O camaronês também é vice-presidente da FIFA, a Federação Internacional de Futebol. Os candidatos que participaram nas corridas eleitorais contra ele foram sempre considerados fantoches. Agora com o adversário Ahmed Ahmed a "estória" é outra, Issa Hayatou enfrenta um desafio real. Por outro lado, pesam sobre Hayatou acusações de corrupção e suborno.
Por exemplo, um jornal britânico acusa-o de ter recebido 1,5 milhões de dólares para votar no Qatar, aquando da sua seleção para sediar o Mundial de Futebol de 2022, há sete anos.
Thomas Kwenaite é jornalista desportivo na África do Sul acusa-o de "controlar o futebol africano desde 1988, há cerca de 29 anos. Muitas pessoas pensam que ele comanda o futebol africano com mão de ferro e há alegações de que tudo tem de andar como ele quer, caso contrário fica-se de fora. Por outras palavras: se alguém não concorda com as suas posições fica completamente excluído do sistema."
Esforços para acabar com a era Hayatou
Desta vez, ao que tudo indica, vários membros da CAF, a Confederação Africana de Futebol, estão decididos em acabar com a supremacia de Issa Hayatou.
Os esforços nesse sentido são enormes, por isso o comentarista moçambicano e especialista desportivo Alexandre Zandamela acredita que "se Hayatou ganhar estas eleições vai ser com uma margem mínima porque há um certo desgaste da sua imagem. E alguns países já começam a colocar a hipótese de entregar a CAF a uma outra figura, razão pela qual aparece este malgaxe que tem o apoio de muitos países."
Já Ahmad Ahmad é um ex-ministro do Madagáscar e membro do Senado. Preside ainda a Federação de Futebol do seu país e vai já no terceiro mandato. Considerada pessoa calma, surpreendeu a todos com a sua decisão de desafiar Hayatou.
Votos sub-regionais?
Supõe-se que ele tenha forte apoio na sua sub-região, a África Austral. Igualmente supõe-se que Hayatou reúne apoio na sua região, a África Ocidental. Mas um evento de apoio ao candidato malgaxe, realizado pelo presidente da Federação de Futebol do Zimbabué, mostra que as coisas não são tão lineares assim.
Alexandre Zandamela observa o seguinte: "Se formos ver os dois são francófonos. Também não diria que vai ser uma luta entre a África Ocidental e a África Austral, porque nesse evento realizado no Zimbabué não estiveram presentes apenas presidentes das federações da África Austral, estiveram também presidentes de federações da África Ocidental."
E o comentarista exemplifica: "O presidente da Federação da Nigéria disse nesse evento que o seu país não votaria no Issa Hayatou, mas sim no malgaxe. Isso para elucidar que o apoio ao malgaxe não é apenas da África Austral. Até é provável que alguns países da África Austral nem o apoiem."
Que países assumem os seus candidatos?
Os escândalos de suborno e acusações contra o candidato camaronês não assustam alguns membros, como por exemplo os do Conselho das Associações de Futebol da África Oriental e Central, que inclui o Quénia, Etiópia, Uganda, Ruanda, Tanzânia, Burundi, Sudão do Sul, Djibuti e Somália. Eles decidiram apoiar Hayatou. Mas poucos são os países que assumem claramente o seu candidato. Mas o Egito já disse que votará em Ahmed.
Já Moçambique, por exemplo, prefere fazer segredo quanto ao seu voto, como conta Zandamela: "Ouvi uma entrevista com o presidente da Federação Moçambicana de Futebol, ele partiu para a Etiópia. Quando lhe perguntaram para quem iria o voto de Moçambique ele não disse explicitamente para quem recaía, mas respondeu que será para aquela figura que apresentar o melhor projeto para o desenvolvimento do futebol de África, em particular os apoios que poderão vir para Moçambique."
ONLINE CAF - MP3-Mono
Atletas africanos mostram engajamento social
O astro do futebol, Didier Drogba, da Costa do Marfim, e a atleta moçambicana Maria de Lurdes Mutola estão entre os muitos atletas africanos considerados exemplos por apoiarem causas sociais em seus países.
Foto: AFP/Getty Images
Promoção dos jovens
Muitos atletas africanos são considerados modelos. A moçambicana Maria de Lurdes Mutola ganhou uma medalha de ouro olímpica correndo os 800 metros. Na sua terra natal, a Fundação Lurdes Mutola apoia jovens talentos do desporto. Juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, Mutola ainda realizou uma campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite em Moçambique.
Foto: Bongarts/Getty Images
Não apenas um astro do futebol
Eles não são apenas atletas de excelência, mas também se importam com os outros. Um dos mais famosos desportistas de África é o jogador de futebol Didier Drogba, da Costa do Marfim. Atualmente, ele joga pelo Galatasaray de Istambul. Em 2012, ajudou o Chelsea a vencer a Liga dos Campeões. Na cerimônia de premiação, Drogba carregava a bandeira da sua terra natal no ombro.
Foto: Reuters
Modelo social vai além de África
Em 2010, quando as eleições presidenciais na Costa do Marfim resultaram em tumultos sangrentos, Didier Drogba mostrou o cartão vermelho para a violência em uma campanha. O atleta se empenhou também pela Alemanha: no jogo de despedida do internacional alemão Michael Ballack, em junho de 2013, em Leipzig, o jogador apoiou a recolha de fundos para as vítimas das inundações que se passavam no país.
Foto: AFP/Getty Images
Maratonista e político
Wesley Korir é conhecido por seu ativismo político: o vencedor da Maratona de Boston, em 2012, foi eleito para o Parlamento queniano, em 2013, e representa o eleitorado de Cherangani. Entretanto, Korir mantém a carreira desportiva em vista. Também este ano, participou da Maratona de Boston e atravessou a linha de chegada em quinto lugar – mesmo antes dos ataques terroristas ofuscarem a corrida.
Foto: Getty Images
Mostrar tamanho – em todos os sentidos
Também o falecido astro do basquete, Manute Bol, era politicamente ativo. Com 2,31 metros de altura, Bol foi um dos maiores jogadores da liga profissional do basquete norte-americano. Em uma marcha pela paz, em 2006, na Filadélfia, ele criticou a guerra em seu país de nascimento, o Sudão. Sua fundação "Ring True Foundation" arrecadou dinheiro para os refugiados sudaneses e apoia atletas africanos.
Foto: Getty Images
Primeira campeã olímpica de África
Um momento emocionante para a atleta marroquina Mawel El Moutawakel: nos Jogos Olímpicos de Verão de 1984, em Los Angeles, ela ficou em primeiro lugar nos 400m com obstáculos. Assim, tornou-se a primeira mulher muçulmana nascida em África a receber o ouro olímpico. Em 2002, fundou a organização "Association Marocaine Sport & Développement", que promove o desporto como motor de desenvolvimento.
Foto: picture-alliance/dpa
Dançar no campo de futebol
A lenda do futebol, Roger Milla, tornou-se internacionalmente conhecido no Mundial de 1990, na Itália. Por conta dos seus golos, os Camarões tornaram-se a primeira seleção africana a alcançar as quartas de final de um Mundial. A cada golo, Milla comemorava com sua inconfundível dança. Em 2001, o jogador foi eleito o primeiro embaixador honorário africano do programa de luta contra a SIDA da ONU.
Foto: Getty Images
Último lugar por uma boa causa
Em 2002, Isaac Menyoli foi o primeiro atleta camaronês a participar dos Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City, nos Estados Unidos. Ele foi o último a terminar a prova de esqui. Menyoli não competiu para vencer, mas para chamar a atenção para a SIDA em seu país - o que conseguiu nas entrevistas após a corrida. Sem a participação olímpica, ele dificilmente teria recebido a atenção da mídia.