Erdogan diz que Putin estaria disposto a acabar com a guerra
ms | Lusa | DW (Deutsche Welle) | EFE
20 de setembro de 2022
O Presidente turco, Recep Erdogan, acredita que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, estaria disposto a pôr fim à guerra com a Ucrânia "o mais rápido possível". Referendos no Donbass sobre anexação já estão agendados.
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Numa entrevista à emissora americana PBS, Erdogan disse que falou com Putin sobre a guerra na Ucrânia, na recente cimeira da Organização para a Cooperação de Xangai, na cidade uzbeque de Samarcanda. Segundo o chefe de Estado turco, o Presidente russo "quer acabar com esta guerra o mais rápido possível".
"Em breve serão trocados 200 prisioneiros na sequência de um acordo entre as partes", disse ainda Recep Tayyip Erdogan na entrevista, sublinhando que se trata de um passo significativo neste conflito, embora não tenha avançado mais pormenores sobre este acordo, nem sobre as pessoas envolvidas.
O Presidente turco, que manteve os seus laços com Moscovo e Kiev desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, insiste que se deve "encontrar um acordo que satisfaça a todos".
Mas sublinhou que, para qualquer acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, será necessário devolver as terras ocupadas pelos russos, acrescentando que está a trabalhar neste sentido com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Erdogan encontra-se atualmente em Nova Iorque para falar perante a Assembleia Geral das Nações Unidas. Na abertura do debate, Guterres afirmou que a guerra na Ucrânia é uma "ameaça ao futuro da humanidade", mas evitou qualquer condenação direta à Rússia.
Acelerados referendos à integração na Rússia
As autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk - cuja independência Vladimir Putin reconheceu pouco antes do lançamento da ofensiva militar contra a Ucrânia - decidiram, entretanto, acelerar a organização de referendos sobre a integração na Rússia, após a contraofensiva ucraniana ter recuperado território ao Exército russo.
ONU discute guerra na Ucrânia e os efeitos no mundo
07:07
Os territórios separatistas pró-russos da região ucraniana de Donbass vão realizar referendos já esta semana, de 23 a 27 de setembro, anunciaram as autoridades locais.
Representantes de um órgão consultivo pró-russo na região de Zaporijia, parcialmente controlada pelas tropas russas, também pediram esta terça-feira a realização imediata de um referendo sobre a sua adesão à Rússia.
"Nós, os participantes da Câmara Pública de Cidadãos da região de Zaporijia, apelamos ao chefe da administração regional provisória [instalada pela Rússia], Yevgeny Balitsky, para organizar imediatamente um referendo sobre a questão da união da nossa região com a Federação Russa", refere a agência Interfax.
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Ofensiva ucraniana em Luhansk
A Ucrânia disse que as suas tropas continuam a ganhar terreno em direção à região de Donbass, ocupada pela Rússia, preparando, assim, terreno para uma eventual reconquista de partes da província de Luhansk.
O governador de Luhansk, Serhiy Gaidai, disse que as tropas ucranianas tinham recuperado a aldeia de Bilohorivka, que caiu nas mãos das forças russas após ferozes combates em julho. A tomada de Bilohorivka significaria que a Rússia deixaria de ter o controlo total da província.
Gaidai afirmou ainda que as forças ucranianas se preparam para tomar o resto da província de Luhansk aos ocupantes russos. "Iremos lutar por cada centímetro", garantiu o governador.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas e a morte de 5.916 civis, de acordo com os números mais recentes da ONU.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".