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Angola: Erradicação da fome é uma miragem ou realidade?

José Adalberto (Huambo)
22 de novembro de 2024

Presidente de Angola apontou a erradicação da fome e da pobreza como um dos principais objetivos do seu executivo. Oposição considera que estratégia do Governo de João Louenço está desenquadrada da realidade do país.

Knappheit in Provinzen Angolas
Presidente de Angola aponta erradicação da fome como um dos objetivos do seu executivoFoto: Nelson Camuto/DW

No início da semana, na cimeira do G-20 (principal fórum de cooperação económica internacional), o Presidente de Angola, João Lourenço, apontou a erradicação da fome e da pobreza como um dos principais objetivos do seu Governo. Na sua alocação no fórum, que decorreu no Brasil, o estadista angolano começou por caracterizar a fome como "um flagelo" que afeta não apenas os países em vias de desenvolvimento, mas também os países desenvolvidos.

Na ocasião, João Lourenço destacou as ações que o seu executivo tem vindo a desenvolver de modo a mitigar ou erradicar a fome e a pobreza em Angola, tendo sublinhado a aposta do seu executivo na agricultura, no quadro da diversificação da economia nacional, com o objetivo de reforçar a segurança alimentar.

O desafio implica, igualmente, reduzir a grave dependência externa de Angola em matéria de importação de bens alimentares.

Cimeira do G20 lança, no Brasil, Aliança Global contra a FomeFoto: Ricardo Stuckert/PR

Em reação a estas declarações, a ativista de direitos humanos do Instituto para a Cidadania "MOZAKO", Iracelma de Sousa, diz que o modelo de combate à fome escolhido pelo executivo, baseado na assistência às comunidades, "não é sustentável".

"As nossas políticas de combate à fome são mais assistencialistas. Não são sustentáveis", reafirma.

"Eu não posso dizer que combato a fome porque distribuí cesta básica, porque dei cinco mil ou oito mil para comprar alguma coisa", argumenta.

"Mas tenho que pensar no combate à fome que te permita criar outras fontes para amanhã não passares à fome", defende Iracema de Sousa.

"Eu não posso dizer que combato a fome porque distribuí cesta básica", afirma a ativista angolana Iracema de SousaFoto: José Adalberto/DW

Estratégia para se perpetuar no poder?

Olívio N'Kilumbu, deputado do partido da oposição União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), acrescenta que o quadro pintado pelo Presidente da República na reunião do G-20 não reflete a realidade do país. N'Kilumbu acusa o executivo de usar a pobreza como estratégia para se perpetuar no poder.

"Em Angola não há vontade. Você, para resolver o problema da fome, tem que investir na agricultura, empresas não podem morrer", propõe. "As micro, pequenas e médias empresas morrem em três meses", alerta o deputado.

Por sua vez, Mário Aragão, militante do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder, considera que o discurso proferido pelo Presidente angolano demonstra realismo e coerência com as ações levadas a cabo pelo executivo.

"Há vários programas que o Governo tem estado a desenvolver para a erradicação da fome e da pobreza”, assegura. "Nós temos um chefe de Estado muito coerente, muito cético que de facto com agricultura e emancipação da mulher é possível erradicar a fome em Angola", defende Aragão.

Entretanto, a Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma da oposição angolana, anunciou a realização, em Luanda, no próximo sábado (23.11), de uma marchacontra a fome, a pobreza e a violação dos direitos em Angola.

Humor: Menu da pobreza em Angola

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