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Erros nos boletins de voto em dias de eleições na Nigéria

4 de abril de 2011

As eleições legislativas na Nigéria foram adiadas pela segunda vez. De sábado passado passaram para esta segunda-feira, agora dificuldades de organização apontam para o próximo dia 9 de abril.

Fila de eleitores que, no sábado, 2 de abril, esperavam, em vão, para votarem
Fila de eleitores que, no sábado, 2 de abril, esperavam, em vão, para votaremFoto: DW/Thomas Mösch

Na manhã de sábado passado, já as filas de pessoas à porta dos locais de voto na Nigéria eram longas. O ambiente era de otimismo, a manhã passou sem incidentes até às 12h30, hora local, quando o diretor da comissão nacional eleitoral, Attahiru Jega, anunciou na televisão o adiamento do escrutínio. A razão: “garantir a seriedade das eleições e manter o controlo sobre todo o processo eleitoral”, uma decisão difícil, segundo Jega, “mas necessária” devido a erros nos boletins de voto. À altura do anúncio, já os eleitores esperavam há horas a abertura das urnas. As eleições ficaram marcadas para esta segunda-feira.

Lagos – onde se votou até mesmo antes do previsto

A cidade de Lagos tinha sido declarada por Jega como um dos poucos estados da Nigéria onde as eleições poderiam ter-se realizado corretamente, uma vez que os locais de voto já tinham terminado o controlo das listas de eleitores.

O governador de Lagos, Babatunde Fashola, tinha já votado no sábado, quando recebeu a notícia de que o escrutínio tinha sido adiado – uma decisão precipitada, diz Fashola: “Se a comissão nacional eleitoral não tinha conseguido organizar o processo até então”, perguntava Fashola no primeiro dia previsto para o voto, “irão consegui-lo até segunda feira?”. Não. Porque também hoje se recorreu a nova data. Desta vez, a agenda aponta para o próximo sábado, 9 de abril, o que dá razão a Babatunde Fashola, que já no dia 2 tinha dito que a melhor solução seria adiar a votação por uma semana. Desde o primeiro anúncio feito pela comissão eleitoral sobre o adiamento das eleições, o ambiente nos locais de voto permanece de indignação. Os eleitores queixam-se de que não vêem justificação para tal e queixam-se de quebra na confiança que depositavam nos responsáveis.

Mais de 70 milhões esperam – e esperarão

O chefe da comissão eleitoral, Attahiru Jega, tinha avisado que não hesitaria em recorrer a medidas drásticas se tal fosse necessário para garantir a realização correta das eleições. Há quatro anos, o seu antecessor, pelo contrário, afirmara depois das eleições que elas tinham corrido “muito bem” – quando se sabia que muitos locais de voto por toda a Nigéria não tinham sequer aberto.

O Presidente cessante, Goodluck Jonathan, concorre contra Muhammadu Buhari, muçulmano do Norte e antigo chefe militar da NigériaFoto: AP

Esta eleição, para a qual estão registadas cerca de 73 milhões de pessoas, será agora a primeira de várias votações vistas como teste à democracia no país. Do escrutínio sairão os 360 membros da Câmara dos Representantes, os 109 Senadores e o Presidente da República. Desde que a democracia foi restabelecida na Nigéria, em 1999, o Partido Democrático Popular (na sigla em inglês: People's Democratic Party), o partido do atual Chefe de Estado, Goodluck Jonathan, venceu todas as eleições. Jonathan foi nomeado Presidente da Nigéria em 2010, quando o seu antecessor, Umaru Yar’Adua, adoeceu e, posteriormente, morreu. Muhammadu Buhari, muçulmano do Norte e antigo chefe militar do país, é agora o seu principal adversário.

As eleições na Nigéria têm sido marcadas pela violência. Nas duas últimas semanas, a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional contou pelo menos 20 mortos.

Autor: Thomas Mösch/Carlos Martins/Marta Barroso

Revisão: António Rocha

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