Em Moçambique, mesmo com campanhas, a doação de sangue é insuficiente no Hospital Geral de Quelimane, na Zambézia. Atualmente, pacientes internados contam exclusivamente com o apoio de familiares ou amigos.
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As reservas de sangue do Hospital Geral de Quelimane, na província da Zambézia, no centro de Moçambique, estão abaixo do normal. Segundo funcionários da unidade de saúde, esta carência poderá prejudicar as transfusões de sangue nas próximas semanas.
"Em média diariamente temos mais de 8 pedidos para transfusão de sangue, mas atualmente não estamos à altura de responder a demanda", alerta o técnico de laboratório, Laurolito Dalifo.
Devido à quadra festiva, altura em que se registam muitos acidentes de viação em Moçambique, campanhas de doação de sangue organizadas pelas autoridades sanitárias da província da Zambézia, foram lançadas recentemente para responder ao aumento da procura de sangue.
Entretanto, este ano a situação está diferente. Em alguns locais onde as autoridades coletavam o sangue, regista uma diminuição do número de pessoas que aderem voluntariamente à campanha de solidariedade. Isso, segundo as autoridades médicas, por conta do fenómeno "chupa-sangue" que criou um certo temor no seio da população, nomeadamente entre os meses de agosto a outubro deste ano.
Atualmente, o paciente internado que precisa de uma transfusão sanguínea tem que contar única e exclusivamente com o apoio dos familiares ou de amigos.
"Temos garantido um estoque de emergência que são 20 unidades de concentrado de glóbulos. Porém, existe uma outra reserva de sangue que vamos utilizando para as urgências do dia-a-dia e vamos limitando as transfusões quando isso é possível. Por outro lado, temos pedido que os familiares façam a reposição do sangue utilizado", explica Feliciano Mateus, diretor dos Serviços de Urgência, no Hospital Geral de Quelimane.
"O paciente chega, precisa de sangue, nós tiramos uma unidade e os familiares vão fazer a reposição. As pessoas têm que doar, para podermos preencher minimamente o que consideramos ser a reserva", detalha Mateus, que ressalta que medidas estão a ser adotadas para reforçar a capacidade do Banco de Sangue naquela unidade sanitária.
Famílias obrigadas a doar
Os familiares dos pacientes aceitam doar sangue para evitar que o doente fique internado por muitos dias ou até durante semanas à espera de uma transfusão que muitas vezes nem chega.
"Eu vim doar sangue para o pai do meu amigo, que se encontra doente. Ainda nem sabemos qual é o grupo sanguíneo, nem fiz um teste tampouco", explica Jojó Zito, enquanto esperava para fazer a doação.
Basílio Sidine, dador voluntário abordado pela DW África, aproveitou para lançar um apelo a outros voluntários, "para que sejam mais solidários para com aqueles que necessitam de ajuda"."Eu gostaria que as pessoas disponíveis a doar sangue afluíssem em massa, porque os serviços de saúde precisam urgentemente desses voluntários. É a única forma minimizar esta situação de carência de sangue nas unidades sanitárias da região. Para mim, doar sangue a quem necessita é uma atitude cívica e um passo muito positivo", sublinha o doador.
Quelimane- falta sangue nos hospitais - MP3-Mono
Evitar novos acidentes
Para o porta-voz da polícia, Miguel Caetano, o comando provincial da Zambézia está equipado e preparado visando diminuir, senão eliminar, os acidentes de viação que têm causado muitas vítimas nessa época natalícia.
"A polícia estará na dianteira, todas linhas operativas foram ativadas com vista a dar uma resposta rápida a qualquer situação que possa ocorrer durante a quadra festiva", garantiu Miguel Caetano.
Albert Schweitzer, o embaixador do humanismo
Albert Schweitzer (1875-1965) - o prémio Nobel é tido como símbolo de intelectualidade e como homem com grande sentido de humanismo. 50 anos depois da morte de Schweitzer, uma retrospetiva da sua vida movimentada.
Foto: Deutsches Albert-Schweitzer-Zentrum Frankfurt am Main
Albert Schweitzer – embaixador do humanismo
50 anos depois da sua morte, o prémio Nobel Albert Schweitzer (1875-1965) é homenageado, ao longo de 2013. O alemão é sinónimo de intelectualidade e de humanismo. Passou uma parte da sua vida em África, onde fundou um hospital de medicina tropical em Lambaréné, no Gabão. Vale a pena relembrar algumas dos 90 anos da sua vida.
Foto: Three Lions/Getty Images
Filho da Alsácia
Albert Schweitzer cresceu na pequena cidade de Günsbach, na Alsácia, como filho de um padre protestante. A foto mostra o jovem Albert (fila superior, no meio), com a sua família, em 1885. A região da Alsácia vive tempos conturbados, pertencendo ora ao Reino Alemão, ora à França. Schweitzer é produto dessa mesma situação: vive em duas culturas, fala alemão e francês, estuda em Paris e Estrasburgo.
Foto: Hulton Archive/Getty Images
Bach, sempre Bach
O compositor Johann Sebastian Bach foi um dos ídolos de Albert Schweitzer. Desde criança que Albert tocava órgão e se dedicava à obra de Bach. Mas Albert Schweitzer tinha muitas outras paixões: estudou teologia e filosofia e doutorou-se em ambas as disciplinas. Schweitzer foi professor de filosofia, dedicou-se à pesquisa científica e interpretou as vidas e carreiras de Jesus e do apóstolo Paulo.
Foto: picture alliance / Mary Evans Picture Library
Médico e idealista
Música, ciência, crença: o jovem professor Albert Schweitzer tinha tudo para se sentir realizado, na sua carreira académica. Mas Schweitzer não se contentou: Em 1905 iniciou outro curso superior, dedicando-se à Medicina. Em conjunto com a sua esposa Helene (na foto), com quem se casou em 1912, Schweitzer perseguiu um novo sonho: um hospital em África.
Em 1913 o casal Schweitzer concretiza o sonho e embarca para África. Foi numa área pertencente à estação missionária de Paris, num território hoje pertencente ao Gabão, que foi construído o primeiro hospital Albert Schweitzer. Na foto: o “grand docteur”, como era apelidado pelos seus pacientes, numa sala de operações.
Foto: picture-alliance / akg-images
Amigo de todas as criaturas
“Respeito pela vida” – para Albert Schweitzer essa fórmula englobava todas as criaturas. Schweitzer empenhava-se pela proteção de animais e plantas. Assim, o hospital de Lambaréné transformou-se, pouco a pouco, num lar para pelicanos, gatos e case. Albert Schweitzer é hoje considerado um dos pioneiros do ambientalismo.
Foto: Three Lions/Getty Images
Incansável em prol dos pacientes
O humanista trabalhou durante mais de 50 anos no hospital de Lambaréné no Gabão (na altura parte da África Equatorial Francesa). Foi médico, administrador, arquiteto, ambientalista e humanista – tudo ao mesmo tempo. A situação financeira do hospital nunca foi estável, por isso era obrigado a angariar fundos e dádivas. Schweitzer viajava muito, à procura de benfeitores.
Foto: Hulton Archive/Getty Images
Críticas contra Schweitzer
Na Europa poucos sabem que Albert Schweitzer foi criticado por intelectuais africanos, nos anos 50 e 60, pela sua postura algo autoritária perante os africanos. Para eles Schweitzer era símbolo do passado colonial. Na Europa, no entanto, Schweitzer sempre foi idolatrado.
Foto: Hulton Archive/Getty Images
O protesto de Schweitzer contra a bomba atómica
A imensa obra humanitária valeu a Albert Schweitzer o prémio Nobel da Paz em 1954. Schweitzer aproveitou a sua popularidade para se juntar a outros prémios Nobel, como Albert Einstein e Linus Pauling, na luta contra o armamento nuclear. No dia 23 de abril de 1957, Schweitzer lançou via a Rádio Oslo (foto) um “apelo à humanidade” e contra as armas nucleares.
Foto: Deutsches Albert-Schweitzer-Zentrum Frankfurt am Main
Empenho total até ao fim
Schweitzer sempre se pronunciara contra a guerra, salientando que “a guerra contribuía para o pecado da perda de humanismo”. A luta pela paz perdurou até à morte: Schweitzer nunca se calou perante os poderosos, como o presidente americano John F. Kennedy. Albert Schweitzer morreu, com 90 anos, em Lambaréné, no dia 4 de setembro de 1965. Na foto: Albert Schweitzer com a sua esposa Helene em 1956.
Foto: Deutsches Albert-Schweitzer-Zentrum Frankfurt am Main