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Escolas no Cuando Cubango sem mínimos de segurança

Adolfo Guerra (Menongue)
3 de novembro de 2022

As más condições nas escolas preocupam os pais e encarregados de educação na província angolana do Cuando Cubango. Muitos alunos estão expostos à chuvas e aos ventos fortes. Os pais chegam a temer pela vida dos filhos.

A escola no bairro Tomás, em Menongue
A escola no bairro Tomás, em Menongue, não oferece condições de segurançaFoto: Adolfo Guerra/DW

Numbi Lucas, pai de quatro filhos em idade escolar, residente na cidade de Menongue, diz que tem medo de mandar os filhos para a escola. As infraestruturas escolares na província não têm condições mínimas: em alguns sítios, alunos e professores correm até "risco de vida", disse Numby Lucasà DW África. "Seria bom que o Governo local olhasse para estas escolas, que estão com estas condições precárias, quanto mais cedo melhor, até para não termos problemas futuramente", acrescentou.

Escolas não resistem a chuvas e tempestades

Esta semana houve chuvas fortes em Menongue. As salas de aula ficaram inundadas. Em algumas partes da escola, não há teto; noutras, a chapa entortou e surgiram buracos, que deixaram passar a água.

José Silva, um jovem também residente na capital do Cuando Cubango, tem dois irmãos na escola do bairro Tomás e alerta para os perigos: "Os dirigentes, que deveriam fazer alguma coisa, nada fazem. Sempre que há ventania, para evitar perigos, tiramos as crianças da escola."

A qualidade das escolas em Menongue é reduzida. Estima-se que o problema seja ainda mais grave no meio rural.Foto: Adolfo Guerra/DW

O morador Piedoso Segundo diz que outra dor de cabeça para alunos, pais e encarregados de educação é o saneamento básico: as casas-de-banho de muitas escolas estão em péssimas condições e há muito lixo em redor dos edifícios. É um perigo para a saúde púlbica, e sobretudo das crianças: "Existe pouca observação por parte da própria administração local quanto ao saneamento, e as crianças têm uma imunidade muito baixa para poder lidar com o tipo de parasitas que vem daquele lixo", explica Piedoso Segundo.

Crianças abandonam as escolas, por falta de condições

São condições difíceis, que, segundo o jornalista Numbi Lucas, contribuem para o abandono escolar. Este mês, o Governo reconheceu que quase metade dos alunos do meio rural não voltaram à escola depois da pandemia da Covid-19.

"É certo que isso também tem a ver com outros fatores, como a pobreza das famílias ou a gravidez precoce. Mas a verdade é que há pouco investimento no ensino público", diz Lucas, e isso também se reflete no que se aprende nas escolas.

"Não levo o meu filho à escola pública, porque há muita diferença com o ensino da privada. Nas escolas privadas, há um verdadeiro rigor", afirma Jerby Caculete Frederico, docente na escola de formação de professores Mwene Vunongue. E salienta que as condições nas escolas influenciam diretamente o processo de ensino e aprendizagem.

A escola "Capelinha do Bom Dia", em Menongue Foto: Adolfo Guerra/DW

Jerby Caculete Frederico lamenta o pouco investimento no futuro dos jovens angolanos: "Que haja condições e tranquilidade, para que o conhecimento possa ser absorvido por parte dos alunos. Uma boa estrutura é a chave também para um bom processo de ensino e aprendizagem."

Responsáveis não se pronunciam

Contactada pela DW África, a direção da escola não se quis pronunciar. Também não foi possível obter do gabinete provincial da Educação no Cuando Cubango, informações sobre as medidas que serão tomadas para resolver os problemas nas escolas.

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