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Está a chegar a "Liga de Angola" para revolucionar o futebol

2 de junho de 2022

Foi apresentada hoje a "Liga de Angola", um projeto que pretende tornar o futebol angolano mais rentável, atrativo e profissional. O "Girabola" vai acabar e começará uma nova era - mas comentador exige rigor.

Foto: Oliver Zimmermann/foto2press/picture alliance

A "Liga de Angola" passará a ser a principal competição do futebol em Angola, a ser organizada pela Associação Nacional de Clubes Angolanos de Futebol (ANCAF). O nome "Girabola" vai desaparecer.

O novo projeto foi apresentado esta quinta-feira (02.06) em Luanda pela ANCAF em conferência de imprensa. Foi anunciado também que a Federação Angolana de Futebol (FAF) deixará de ser o gestor da competição, passando a ser apenas órgão de recurso em questões de disciplina.

A Liga vai ter também a designação da empresa que for o principal parceiro comercial.

Apesar da ANCAF ter garantido que está tudo a postos para o início da nova época desportiva, o presidente da equipa Petro de Luanda e coordenador dos presidentes dos clubes de futebol de Angola, Tomás Faria, disse que o pontapé de saída depende da tomada de posse dos membros dos órgãos sociais da associação. 

"Estamos com um problema de um espaço para tratarmos os problemas dos clubes. Isso está entregue à Assembleia Geral da Federação Angolana de Futebol, cujos associados ordinários que deliberam não incluem os clubes", argumentou Tomás Faria.

Dirigentes desportivos angolanos anunciaram uma nova era no futebol do paísFoto: Borralho Ndomba/DW

Condições financeiras dos clubes

Os clubes queixam-se, todos os anos, de dificuldades financeiras. Há equipas que chegam a desistir do campeonato no princípio ou a meio da época por falta de dinheiro para cobrir as despesas.

De acordo com a ANCAF, a "Liga de Angola" surge para colmatar estes problemas. Só deverão participar na competição os clubes que dispõem de condições financeiras "aceitáveis".

"Weza" é a plataforma onde os clubes se poderão inscrever para participar na "Liga de Angola", de acordo com o presidente da comissão instaladora da associação, Alves Simões. A plataforma será o órgão competente a avaliar as condições de inscrição e determinar o número de clubes que vão disputar a Liga.

"Os clubes têm que ter condições. Claro que isso não vai ser de um dia para outro. A Liga tem que ajudar os clubes. Vamos ajudar até determinada altura", afirmou Alves Simões.

Direitos televisivos

Já haverá acordos com parceiros comerciais para sustentar a competição. A Liga prevê também gerar receitas através da venda dos direitos de transmissão dos jogos nas televisões.

Os clubes, diz Alves Simões, devem ainda apostar na venda dos seus produtos de marketing e de bilhetes para os jogos. 

"No futuro, os bilhetes têm que começar a ser pagos. Somos a única atividade no país que não é paga. Na cultura, paga-se para entrar. Para ver música, paga-se para entrar. Para ir à discoteca dançar, paga-se para entrar. E para ver 22 artistas, ninguém paga?"

Paulo Tomás defende uma liga de 12 clubes, no máximo Foto: Borralho Ndomba/DW

O comentador desportivo Dionísio Rocha diz que já estava na hora de o futebol angolano ter uma liga profissional, com bases sólidas que garantam a sua afirmação: "A sua implementação ainda carece da tal racionalização e base que se pretende para que haja firmeza nos instrumentos para a profissionalização do nosso futebol", diz Rocha.

Quem também defende mais rigor e transparência é Paulo Tomás. O comentador desportivo angolano diz que só assim será possível garantir a qualidade na competição. 

Com a implementação de um critério mais rigoroso e transparente, Tomás antevê uma liga com apenas 10 ou 12 clubes: "Temos alguns clubes que andam mesmo à boleia ou do Estado ou de um amigo ou de questões pouco visíveis".

O comentador defende que a "Liga não é para contar com milhões ou biliões. É para contar com o que se tem, mas de forma organizada".

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