Uma ONG holandesa, com o apoio da União Europeia, está a apostar no empreendedorismo jovem no centro de Moçambique para lutar contra o desemprego e a pobreza.
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A SNV, uma organização não-governamental holandesa para o desenvolvimento, com o apoio da União Europeia, está a apostar no empreendedorismo jovem no centro de Moçambique.
A organização vai equipar dez centros com materiais informáticos, onde os jovens poderão desenvolver as suas iniciativas e prestar serviços à população. Os lucros arrecadados serão aplicados na manutenção dos centros, cuja gestão é da responsabilidade dos próprios beneficiários. O objetivo é garantir a ocupação dos jovens desempregados da região e lutar contra a pobreza.
De acordo com Simon Gumbo, gestor do projeto Oportunidades de Emprego para Jovens e representante da SNV em Manica, a iniciativa deverá beneficiar numa primeira fase 4.500 jovens desempregados e associados, que concluíram os níveis básico e médio de ensino secundário.
Oportunidades de emprego
A ONG quer potenciar iniciativas empreendedoras e garantir a ocupação dos jovens, com actividades económicas e socialmente úteis, como por exemplo a impressão de documentos, digitação, uso de internet, scanner e envio de documentos.
Estímulo ao empreendedorismo jovem em Moçambique
Segundo Simon Gumbo, a SNV conta com um financiamento de 50 mil euros da União Europeia para apetrechar os dez centros informáticos.
"A vida dos jovens vai mudar", afirma.
"Não há emprego na cidade, Assim, os jovens não precisam de sair de onde vivem para procurar emprego. A oportunidade de emprego estará onde os jovens vivem. Queremos tirar estes jovens da pobreza, estamos a fazer por isso."
Numa fase inicial, vão ser montados centros em três distritos das províncias da Zambézia e Manica: Sussundenga, Macossa e Namacura. Depois, seguir-se-ão os distritos de Báruè e Guro, na província de Manica, Caia e Marigué, em Sofala, e Nicoadala, na Zambézia.
Solano Alexandre, de Namacura, na Zambézia, será um dos beneficiários de um novo centro informático.
"Como jovem e desempregado, que já concluiu os seus estudos, este projeto vem para me ajudar naquilo que será o meu auto-sustento", diz em entrevista à DW África.
"Este financiamento vem para ampliar, desenvolver aquilo que são as nossas ideias, porque nós não tínhamos como montar a nossa sala de informática, mas com este financiamento, poderemos continuar com os nossos serviços."
A SNV capacita os beneficiários em matérias ligadas ao uso, conservação e gestão dos referidos equipamentos.
Um futuro risonho
Os jovens garantem estar à altura de gerirem os centros informáticos e já vislumbram um futuro melhor.
"A iniciativa é boa e é para agarrar com as duas mãos", resume Elias Rendição, que vai beneficiar do centro no distrito de Macossa, em Manica.
Para Alice Pedro, de Sussundenga, província de Manica, o centro representa novas oportunidades - talvez, uma entrada no mundo empresarial, pois, quem sabe, através dos centros, os jovens conseguirão criar as suas próprias empresas.
"É para criar oportunidades de emprego para os jovens, porque, hoje em dia, o emprego está muito difícil, e a SNV está a ajudar os jovens nas áreas do empreendedorismo e emprego formal", refere.
"É uma iniciativa muito boa, porque ajudará muitos jovens."
Com esta iniciativa, de acordo com Simon Gumbo, os jovens vão deixar de deambular e mendigar, e abandonar algumas actividades ilícitas, pois terão uma ocupação.
Fazer as unhas nas ruas de Moçambique
Em Inhambane, fazer as unhas às mulheres nas ruas já se tornou um negócio. Jovens sem emprego percorrem a província com tábuas de vernizes. Outros têm "salões" nos quais oferecem os serviços de manicure e pedicure.
Foto: DW/L. da Conceicao
Caminhar todos dias
O negócio de pintar unhas não é fácil para os jovens que realizam esta atividade, é preciso caminhar pelas ruas das cidades com uma tábua de vernizes, além de ser necessário conquistar a clientela. Valdimiro Chapuana conseguiu lobolar (ter um casamento tradicional) a sua esposa e tem dois filhos graças aos rendimentos deste negócio.
Foto: DW/L. da Conceicao
“Estou feliz com o meu trabalho”
Lourenço Zacarias concluiu o nível médio na escola secundária e não teve oportunidade para entrar na faculdade nem conseguir emprego. Pediu dinheiro ao irmão mais velho para começar o negócio e abriu uma banca de pintar unhas em frente à escola que frequentou na cidade de Maxixe. “Estou feliz com o meu trabalho”, diz.
Foto: DW/L. da Conceicao
Colocar e pintar unhas para lobolar
Antunes Costa e a noiva, que estão a preparar-se para lobolar (casamento tradicional), decidiram tratar das unhas por uma questão de elegância e beleza. Recorreram a uma banca onde colocam e pintam unhas. Questionados sobre a escolha deste local, disseram que o trabalho é de qualidade e os preços razoáveis.
Foto: DW/L. da Conceicao
Salões de unhas nas ruas
Os salões que pintam unhas estão espalhados pelas cidades e vilas da província de Inhambane. O negócio começou a fazer sucesso na África do Sul e em Maputo, de onde vieram empreendedores que passaram os seus conhecimentos aos jovens locais. Nos últimos três anos, o negócio ganhou espaço nas ruas da província. Muitas mulheres que procuram realçar a sua beleza recorrem estes locais.
Foto: DW/L. da Conceicao
Detalhe da pedicure
A manicure e a pedicure podem ser realizadas nas ruas, nos locais de trabalho ou nas residências das clientes. Os jovens que exercem a atividade deixam o seu contacto com os clientes. A clientela acredita no trabalho de qualidade. O preço varia entre 100 e 450 meticais (um e seis euros).
Foto: DW/L. da Conceicao
Perigos para a saúde
Esta atividade requer cuidados com a saúde, tanto para quem faz o trabalho, como para as clientes. Nem todos usam proteção, como luvas e máscaras, e o material nem sempre é esterilizado. Muitas vezes os equipamentos são conservados em condições precárias.
Foto: DW/L. da Conceicao
Trabalho infantil
Matias Pedro é um adolescente de 15 anos que abandonou a família no distrito de Funhalouro e veio para a cidade de Maxixe em busca de melhores condições de vida. Não teve escolha quando lhe ofereceram este trabalho para pintar unhas nas ruas. Ganha cerca de 1.500 meticais (20 euros).
Foto: DW/L. da Conceicao
“Faço o trabalho há 15 anos”
Nido Zaqueu conseguiu empregar-se depois de aprender a atividade na África do Sul em 2003. Seis anos depois, voltou a Moçambique e começou a fazer negócio na cidade de Maputo. Devido à procura de novos mercados, fixou-se na cidade de Maxixe. É casado e pai de três filhos. Diz que o negócio vale a pena e emprega temporariamente três jovens, entre eles o irmão.
Foto: DW/L. da Conceicao
Cliente satisfeita
O trabalho requer muita atenção, pois um pequeno erro pode estragar a beleza das unhas. Ainda assim, os jovens pouco experientes conseguem deixar as suas clientes satisfeitas. Os modelos disponíveis encontram-se nos cartazes. “Cada mulher quer um modelo diferente e que combine com o seu vestuário, mas também com a época do ano”, explicam os jovens.
Foto: DW/L. da Conceicao
Quem procura este serviço?
Mulheres trabalhadoras, estudantes universitárias e turistas estão entre os grupos que procuram este serviço. Muitas delas contam que não têm material nas suas casas ou não sabem fazer melhor. Falta de tempo, paciência e criatividade são outros motivos que as levam a pagar por serviços de manicure e pedicure.
Foto: DW/L. da Conceicao
À espera de melhores oportunidades
Delercio Arnaldo, adolescente natural do distrito de Massinga, conseguiu emprego a pintar unhas em Inhambane. Conta que deixou a família e abandonou os estudos por falta de condições há cerca de dois anos. Espera um dia ter outras oportunidades na sua vida.
Foto: DW/L. da Conceicao
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O serviço de pintar unhas tem publicidade espalhada em todas as avenidas. Os panfletos incluem o nome de quem pratica a atividade e os contactos. Algumas mulheres recorrem aos salões ou mesmo a jovens na rua por terem confiança neles. Outras solicitam serviços ao domicílio. “Às vezes viajamos para outras províncias, distritos ou mesmo residências aqui dentro da cidade”, dizem muitos jovens.