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Estabilidade na Guiné-Bissau no pós-eleições debatida em Lisboa

João Carlos (Lisboa)8 de abril de 2014

A Guiné Bissau precisa de instituições estáveis legitimadas pelo voto para regressar à normalidade constitucional. O apelo é do antigo presidente cabo-verdiano, Pedro Pires.

Pedro Pires, antigo presidente de Cabo VerdeFoto: picture-alliance/dpa

O antigo presidente de Cabo Verde considera crucial e decisiva a realização das eleições legislativas e presidenciais do próximo dia 13 na Guiné-Bissau.

Pedro Pires acredita "que é indispensável a realização de eleições e o respeito pelo resultados é fundamental", e argumenta : "Porque a Guiné-Bissau precisa de instituições legítimas e legitimadas pela vontade das suas populações."

Pedro Pires, distinguido em 2011 com o prémio Ibrahim pela liderança e boa governação, disse que só assim a Guiné-Bissau poderá manter relações estáveis com os seus vizinhos e parceiros.

O ex-presidente de Cabo Verde considera que "os vizinhos e os parceiros esperam que o país venha a dotar-se de instituições legítimas e respeitadas para que possa resolver as relações política, económicas e outras, na base de interlocutores legitimados e credenciados pelo voto popular."

A Guiné-Bissau precisa de uma nova liderança, mais capaz – disse ainda Pires –, reconhecendo, no entanto, que a grande responsabilidade pelo futuro da Guiné Bissau está nas mãos dos guineenses.

Narcotráfico, um problema de todos

Droga apreendida pela polícia guineense no aeroporto de Bissau em 2013Foto: DW/B. Darame

Pedro Pires falou à DW à margem do III Encontro Triângulo “América Latina, Europa e África”, fórum onde lançou como desafio a necessidade de ações conjuntas entre as respetivas regiões para o combate à criminalidade organizada e ao tráfico ilícito.

Trata-se de um problema sério que afeta a América do Sul e África, referiu depois quando falava com os jornalistas na qualidade de membro de uma comissão regional que reflete sobre o combate ao narcotráfico.

A prática que também afeta países como a Guiné Bissau, é mais do que um problema regional, segundo a análise da investigadora portuguesa Elisabete Azevedo-Harman: "O narcotráfico não é apenas um problema da Guiné Bissau, é também regional, europeu, dos Estados Unidos da América, da América Latina."

Por isso ela defende que "a comunidade tem de perceber que, ou resolve preventivamente, ou que só está a alimentar, adiando, um problema que não atinge só um milhão de guineenses, atinge neste momento a segurança regional e internacional."

Para esta professora ligada aos estudos africanos em Londres, não se trata apenas do combate ao narcotráfico, "há também a questão do emprego, a estrutura económica e social está muito debilitada neste momento, e daí tornar-se vulnerável a forças criminosas, como é a questão do narcotráfico", remata.

Elisabete Azevedo-Harman espera que as eleições ocorram com normalidade, mas aponta a existência de algumas variáveis de instabilidade, incluindo a morte do ex-presidente Kumba Ialá.

Tudo começa com reforma no exército

António Indjai, chefe das Forças Armadas, é suspeito de estar envolvido no tráfico de drogasFoto: DW

Francisco Henriques da Silva, que foi embaixador de Portugal em Bissau entre 1997 e 1999, considera difícil uma governação estável no país sem uma efetiva reforma das Forças Armadas: "E que é necessária uma reforma das forças armadas. Portanto, é preciso haver um apoio externo para que isso seja feito, porque estou convencido de que os guineenses sozinhos não conseguem lá chegar."

O ex-diplomata e algumas altas patentes militares que participaram esta segunda-feira (07.04.) numa mesa-redonda sobre o período pós-eleitoral na Guiné Bissau defendem a presença no terreno de uma força internacional neutra sob a tutela das Nações Unidas.

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Também dizem ser fundamental que as Forças Armadas estejam, de facto, subordinadas ao poder político, para mudar o ciclo de golpes de Estado e de violência permanente entre as forças políticas.

A mesa-redonda, na Universidade Católica, tinha como orador principal o almirante guineense, Zamora Induta, ex-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, que recusou fazer declarações aos jornalistas.

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