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"Estado da Nação difícil", admite governante em São Tomé

Juvenal Rodrigues (São Tomé)
20 de dezembro de 2016

A difícil conjuntura internacional e a fraca capacidade produtiva do país são responsáveis pela atual situação difícil que São Tomé e Príncipe vive, disse Patrice Trovoada durante a apresentação do "Estado da Nação".

Primeiro-ministro Patrice Trovoada admite que o país atravessa uma crise.Foto: DW/Ramusel Graça

O primeiro-ministro admitiu que a situação no seu país não está fácil e substanciou a sua mensagem com as seguintes palavras:

"Os nossos principais parceiros estão irremediavelmente em crise e vivem todos num contexto de total incerteza política e económica, o que não pode deixar de nos preocupar. O mesmo se passa com o Banco Africano de Desenvolvimento, instituição africana de primeiro plano e importante financiador da nossa economia. Os países membros não continentais desta instituição constituem hoje os principais financiadores, contrariamente ao que se poderia à partida esperar. Outro facto não menos importante e que deve ser tido em devida consideração é que se prevê até ao final do corrente ano um crescimento global para o continente africano de 1,4%, a pior cifra registada no continente nos últimos 20 anos".

País continua dependente do exterior

Como o país é estruturalmente dependente da ajuda externa, o chefe do governo sublinhou que “temos de contar cada vez mais com os nossos próprios esforços”:

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"A verdade nisto tudo, é que temos de compreender que não podemos continuar infinitamente a consumir esforços e recursos alheios. Não podemos continuar a contar com os excedentes dos outros que trabalham e se sacrificam, enquanto nós estamos a fazer a festa, a contemplar as nossas praias ou simplesmente a circular nos nossos Pajeros e Hilux de cabine dupla, adquiridos com os esforços dos outros. Entretanto aqui fica por fazer aquilo que não necessita nem de recursos financeiros externos, nem de conhecimentos que tenham de ser importados de outras paragens, mas tão-somente o trabalho, a responsabilidade, a disciplina e a honestidade".

O nível de desemprego, particularmente o desemprego jovem, os créditos contraídos pelo executivo e a sua finalidade, a reforma monetária, o custo-benefício das viagens feitas pelo chefe do governo, os catamarãs adquiridos para facilitar a ligação entre as ilhas e com os países vizinhos, foram alguns dos temas abordados durante o debate.

Oposição também fez a sua apreciação

Para o Partido da Convergência Democrática, PCD, o governo falhou redondamente nas suas previsões. O seu representante Delfim Neves apontou vários exemplos:

"O governo falhou no abastecimento de água potável às populações. Hoje muitos lugares continuam a ter tubos e não água apesar das inaugurações com pompa. O governo falhou na gestão e distribuição de água potável. Tinha prometido melhorias substanciais até junho deste ano. Não obstante a aquisição de novos grupos de geradores os cortes constantes continuam a ser o pão nosso de cada dia, com sérias repercussões para as famílias, serviços e empresas. E o governo também falhou na sua promessa de reduzir a pobreza. A pobreza aumentou em todos os domínios de análise".

Os deputados dos partidos de oposição em São Tomé e Príncipe reagiram ao discurso do primeiro-ministro.Foto: R.Graça

O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe Partido Social Democrata, MLSTP/PSD, também entende que o governo do ADI (Partido Acção Democrática Independente) chumbou. Como o primeiro-ministro não respondeu às diversas questões, Jorge Amado do MLSTP/PSD instou o chefe do governo a repor vários montantes de dinheiro em falta.

"Senhor primeiro-ministro, são tantas as dívidas que tem, mas a mais importante que nos interessa e até agora o Senhor não deu resposta ao povo de São Tomé e Príncipe, é cadê os 30 milhões de dólares que o senhor recebeu em nome do povo para construir a cidade administrativa e a casa dos trabalhadores que lá deveriam ir trabalhar. Esse dinheiro tem que aparecer!"

Partido do governo defedende-se 

A bancada do Partido Ação Democrática Independente, ADI, que suporta o governo considera, por sua vez, que a oposição falhou na sua estratégia e não constitui qualquer alternativa à governação. A constatação é de Levy Nazaré.

"Reconhecer que uma oposição fraca frustra a sociedade que não encontra alternativa. Reconhecer também que ficou notório que um parlamento enfraquece o exercício democrático. Isso é responsabilidade nossa enquanto políticos, responsáveis de partidos políticos, para que no momento próprio saibamos que pessoas devemos escolher para representar o povo na casa parlamentar. É um desafio que aproveito e lanço aqui a todos os partidos políticos em 2018".

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