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Qual é o estado da nação aos olhos dos cidadãos?

15 de outubro de 2025

João Lourenço dirige hoje a sua mensagem sobre o estado da nação. Cidadãos em Menongue dizem não ter grandes expetativas em relação ao discurso, pois costuma haver uma grande distância entre o que se diz e a realidade.

Angola Luanda 2025 | Força de segurança nos protestos contra a subida do preço dos combustíveis e dos transportes
Angola viveu, em julho, violentos protestos contra a subida do preço dos combustíveis e dos transportes Foto: Julio Pacheco Ntela/AFP

"Mais do que uma obrigação constitucional, esta é uma sublime oportunidade para que me dirija à Nação..." Foi assim que o Presidente de Angola, João Lourenço começou o seu discurso sobre o estado da nação, no ano passado.

E se os restantes cidadãos também tivessem essa oportunidade de discursar no Parlamento, o que diriam?

O jovem Adão Lunge começaria por falar, talvez, sobre o agravamento da corrupção e da fome em Angola. A corrupção, algo que o  Presidente João Lourenço prometeu combater veementemente desde que tomou posse pela primeira vez, em 2017, voltou a institucionalizar-se, afirma Lunge. E a fome "está numa escala acima da média."

"Aqui mesmo no município de Menongue, basta andar um pouco para verificar que, em quase todas as instituições públicas e privadas, há crianças e mais velhos a pedir dinheiro. Em frente às padarias, você encontra pessoas a mendigarem", relata. 

Os bispos católicos manifestaram, em setembro, uma preocupação semelhante. Para eles, os tumultos de julho contra o aumento do preço dos combustíveis e dos transportes públicos revelaram os "buracos sociais, familiares e institucionais muito profundos" em Angola. A vida está cada vez mais cara e, para muitos angolanos, os salários não chegam para cuidar da saúde e educação das famílias – é preciso um reajuste salarial.

Essa é uma das questões que afligem Adão Lunge, que aponta ainda para o problema do alto desemprego jovem no país.

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08:55

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Reforma do Estado longe da realidade

O Governo diz que a agricultura é uma prioridade. Mas Lunge vê ainda muitas dificuldades no setor para que os agricultores consigam obter rendimentos.

"O processo de escoamento dos produtos não é exequível, estou a falar das pontes e estradas, por exemplo. E os agricultores podem até produzir, mas não conseguem um crédito para comprar uma camioneta que lhes facilite levar o produto do campo para o centro de comércio", lamenta Lunge. 

O analista Albino Pakissi aponta para um mau clima de negócios, em geral: "Segundo as estatísticas e os pronunciamentos de vários empresários, todos os dias em Angola fecha uma empresa. Há um desfasamento muito grande entre o discurso oficial do Presidente e a realidade".

Além disso, há um problema estrutural, comenta o cidadão Alberto Cambinda. As próximas eleições em Angola deverão ser daqui a menos de dois anos e a reforma do Estado continua por fazer. Faltaram, por exemplo, as prometidas eleições autárquicas.

"Falou-se das assimetrias regionais ou assimetrias sociais, mas no primeiro mandato não se fez nada e este aqui é o segundo mandato. Faltam poucos minutos para [o Presidente João Lourenço] deixar o poder e o que é que se fez? Eu não vejo nada", acusa. 

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