Estado de saúde do ativista Luaty Beirão é crítico
8 de outubro de 2015 Agrava-se o estado de saúde do ativista, em greve de fome há 18 dias, detido no estabelecimento prisional de Calomboloca, na província angolana do Bengo. Preocupado, o irmão Pedro Beirão, teme o pior: “obviamente que o estado de saúde se degrada, agora já não é dia após dia, mas hora após hora. É urgente pois é mesmo uma questão de vida ou morte.”
Luaty Beirão faz parte do grupo de ativistas, conhecido como 15+1, detidos desde 20 de junho, acusados pelo Ministério Público de alegadamente prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente da República de Angola José Eduardo dos Santos.
Revoltado, o irmão do ativista não compreende como é que as autoridades mantêm a prisão dos jovens apesar de ter esgotado o prazo legal: “Passaram os 90 dias de prisão preventiva. Depois desses 90 dias, pelos crimes que os indiciados são acusados, devia já ter havido um despacho antes do dia 20 de setembro. Um despacho a dizer que podem aguardar em liberdade provisória, como é o caso de Laurinda, por exemplo, que está à espera de julgamento fora. Portanto, o Luaty não entende, e nós também não, como é que isso ainda não aconteceu.”
Proibição de visitar detido
Na manhã desta quinta-feira (08.10), um grupo de ativistas e familiares deslocou-se à cadeia de Calomboloca. No entanto, foram proibídos de estar em contacto com Luaty Beirão.
Entre os visitantes estava o jornalista Coque Mukuta: “Insistimos, não só eu mas mais um outro jornalista e quatro ativistas que também não tiveram a oportunidade de visitar o Luaty. Tudo porque alegam uma suposta proibição”, conta.
Para Mukuta a proibição tem um objetivo claro: “tudo principalmente para impedirem que as pessoas possam ter informação daquilo que é o verdadeiro estado de saúde do Luaty. O Luaty está a degradar-se cada vez mais em termos de saúde.”
Presidente surdo e mudo à onda de solidariedade
Em solidariedade, dezenas de pessoas concentram-se esta quinta-feira (08.10) no Largo da Independência, em Luanda, numa vigília para exigir a libertação dos ativistas que se encontram detidos há mais de 100 dias.
Assim cresce cada vez mais, dentro e fora de Angola, um amplo movimento de solidariedade para a libertação dos ativistas, considerados presos políticos do regime angolano.
O Presidente José Eduardo dos Santos tem optado pelo silêncio face aos apelos de dezenas de figuras da sociedade civil e organizações de defesa dos direitos humanos nacionais e internacionais.
Entre as figuras nacionais que já escreveram ao Presidente a pedir a libertação dos ativsitas estão individualidades como o escritor Pepetela e os músicos Paulo Flores e Bonga.
A 17 de julho, o jornalista e defensor dos direitos humanos Rafael Marques também enviou uma carta berta ao Presidente da República pedindo não só a libertação dos ativistas, mas também para que se possa pautar por uma governação dialongante.
Há três meses sem qualquer resposta do chefe de Estado, Marques tece duras críticas: “Nós temos um Presidente que é teimoso, que despreza o seu próprio povo, não ouve os apelos, não ouve o grito de sofrimento do seu povo. Nós temos autoridades que já não ouvem. Causam tanto sofrimento ao povo que já estão insensíveis. O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, é insensível, é um homem desumano e temos o seu séquito que só cumpre ordens.”