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EUA dizem que relação com Angola é mais forte que nunca

Lusa
25 de janeiro de 2024

Em Luanda, chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, disse que a relação entre Angola e os Estados Unidos é hoje mais forte do que em qualquer outra altura dos últimos 30 anos de relações diplomáticas.

Antony Blinken e o ministro angolano das Relações Exteriores, Téte AntonioFoto: Andrew Caballero-Reynolds/REUTERS

Blinken terminou hoje (25.01) o périplo africano com uma visita a Angola, onde se encontrou com o Presidente angolano, João Lourenço, e o homólogo, Téte António, e recebeu um convite para o Presidente norte-americano, Joe Biden, visitar Luanda. 
Entre os temas da "conversa produtiva" que manteve com João Lourenço estiveram questões que interessam aos dois países, entre as quais prosperidade, alterações climáticas e segurança alimentar, bem como o projeto do corredor do Lobito (ligação ferroviária que atravessa Angola até à República Democrática do Congo), e que conta com financiamento norte-americano, considerando que tem um potencial transformativo. 

"Um parceiro confiável"

Blinken classificou Angola como "um parceiro confiável", com quem foram também discutidas soluções para a paz no continente e investimentos em áreas como a saúde e as energias renováveis. 
Num momento de perguntas e respostas com quatro jornalistas, da imprensa angolana e da imprensa norte-americana, Blinken sublinhou que os investimentos estão a criar mais oportunidades e empregos e podem tornar Angola num 'hub' para transportes e comunicações. 
E elogiou igualmente os esforços de João Lourenço para criar melhor ambiente para os negócios, incluindo a luta anticorrupção. 
"Tivemos uma boa conversa sobre o que está a ser feito a nível de reformas", adiantou, referindo que, além das iniciativas para combater a corrupção, foi discutido o tema das eleições locais e alargamento do espaço dado aos 'media', questões levantadas numa carta que lhe foi endereçada pelos líderes da oposição. 
Para o ministro angolano das Relações Exteriores, Téte Antonio, esta é "uma fase crucial de implementação dos instrumentos assinados", dos quais 15 estabelecem  mecanismos de cooperação, estando a ser desenvolvidos diálogos setoriais para impulsionar outras áreas. 

Para Téte Antonio, esta é "uma fase crucial de implementação dos instrumentos assinadosFoto: Andrew Caballero-Reynolds/AP Photo/picture alliance

O corredor do Lobito

O chefe da diplomacia angolana apontou o corredor do Lobito como a bandeira atual da ação conjunta, para o qual se deve ter "a maior ambição possível" pelo efeito multiplicador como empreendimento, bases logísticas que estão a ser criadas, impacto na população e perspetivas de serem ligados no futuro o Oceano Índico e o Oceano Atlântico.

Téte António disse ainda que o papel dos diplomatas é abrir o caminho para que "o resto da sociedade possa seguir", referindo-se à entrada de mais empresas norte-americanas em Angola. 

Conflito entre RDCongo e Ruanda

Em conferência de imprensa com o seu homólogo angolano, o chefe da diplomacia norte-americana referiu que João Lourenço merece a "confiança dos outros parceiros" e disse que os Estados Unidos apoiam também esses esforços para que a via diplomática possa avançar.

Por seu lado, o ministro das Relações Exteriores angolano disse hoje que o caminho para a paz "não é uma linha reta" e que Angola continua a empenhar-se numa solução pacífica para o conflito.

"O caminho para a paz não é uma linha reta, pode conhecer variações, mas os esforços continuam e temos beneficiado das ações dos Estados Unidos", disse Téte António aos jornalistas, no final do encontro com Blinken, que efetua hoje uma visita a Angola, no final de um périplo por quatro países africanos.

Foto: AP

Sinal de que Luanda continua a empenhar-se no processo foi a conversa telefónica que o Presidente angolano manteve na quarta-feira com os seus homólogos congolês e ruandês, assinalou o ministro, reforçando que a RDCongo é um "país estratégico", não só para Angola, mas também para África e para o mundo.

"Os esforços de Angola para alcançar a paz no continente africano são também em prol da comunidade internacional", frisou.

ONU e a Rússia

Na conferência de imprensa, o chefe da diplomacia norte-americana afirmou também que os EUA apoiam reformas no conselho de segurança das Nações Unidas "para que reflitam as realidades atuais" e não apenas aquelas que existiam quando esta instituição foi criada, indo ao encontro das pretensões de Angola e outros países que exigem mais representatividade. 

Téte António, questionado sobre a atual relação de Angola com a Rússia e a avaliação que faz deste país como parceiro desde o início da guerra na Ucrânia, sublinhou as premissas da diplomacia, assentes no respeito mútuo, respeito pela soberania e não ingerência em assuntos internos.

"Angola é um país aberto ao mundo (...) todas as parcerias que possam adequar-se às nossas necessidades e politicas de desenvolvimento são bem-vindas", realçou o responsável das Relações Exteriores, desvalorizando as diferenças de ponto de vista.