A 11 de novembro de 2020, Angola vai celebrar 45 anos de independência. Mas estará o país preparado para realizar as primeiras eleições autárquicas? A DW África ouviu a opinião de analistas.
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A maioria dos angolanos na diáspora acredita que é possível realizar as eleições autárquicas em Angola no próximo ano, altura em que o país celebra 45 anos de independência. Mas também há quem tenha sérias dúvidas, tendo em conta que o tempo é curto até 2020. Além disso, nota-se uma ausência de ideias claras sobre como fazer funcionar o poder local descentralizado nos municípios.
Onofre dos Santos, ex-juiz conselheiro do Tribunal Constitucional angolano, que foi diretor-geral das eleições em Angola, disse à DW África que "o futuro de Angola vai passar [seguramente] pelas eleições autárquicas".
O jurista não duvida que se trata de um desafio para o país, mas que poderá ser salutar: "Vai haver mais pessoas que vão aparecer, que não são necessariamente partidárias, e que poderão ser até independentes". Onofre dos Santos espera que haja "criatividade suficiente para estas eleições autárquicas serem um avanço democrático significativo".
Onofre dos Santos admite que exista alguma "incerteza", não apenas no plano financeiro para a organização e realização dos escrutínios já em 2020. "Estamos tão perto de 2020 que eu olho com algum pessimismo para a possibilidade de se realizar eleições autárquicas em todo o território de Angola como a gente gostaria. Idealmente seria assim, não só pela questão financeira. Tudo isto implica um processo de divulgação das ideias, o que é que é preciso, o que é que se espera de um poder autárquico", afirmou.
A descentralização necessária
Em março de 2018, o Presidente angolano, João Lourenço, propôs a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola no próximo ano, propondo uma implantação de forma faseada. Presentemente, ainda persistem dúvidas sobre o formato e o momento exato para a ida às urnas a nível municipal. Angola nunca elegeu os representantes do poder local, que, até à data, são nomeados pelos governos provinciais, por sua vez indicados pelo governo central.
Estará Angola preparada para as eleições autárquicas?
O jornalista angolano Gabriel Baguet Júnior crê na realização de eleições autárquicas em 2020 se houver um enorme esforço do executivo liderado por João Lourenço para a descentralização do poder político e administrativo.
"A descentralização será fundamental por vários eixos. Mas o primeiro eixo é, de facto, levar o conhecimento e, sobretudo, levar o desenvolvimento às pessoas. A extensão territorial de Angola, quer no plano terrestre quer no plano marítimo, implica essa imperativa opção estratégica".
Autarcas verdadeiramente independentes
O jornalista angolano avisa que o Governo de Luanda não pode adiar mais a realização das eleições autárquicas, porque estas são essenciais para reduzir as assimetrias entre as províncias no plano económico, social e cultural. Para este cidadão angolano, as autárquicas vão levar às populações aquilo que o Executivo tem tido dificuldades de realizar em termos de políticas públicas para o desenvolvimento local.
"Porque ao longo, quer do processo de guerra civil, quer no período pós-guerra civil e agora no contexto de paz, o que se verifica é que o Executivo tem tido uma enorme dificuldade através dos governos provinciais de aplicar um conjunto de políticas públicas que surtam de facto os seus efeitos e tragam benefícios às populações, muitas vezes completamente distantes daquilo que é uma decisão governamental", disse Baguet à DW África.
O cineasta angolano Zezé Gamboa não sabe se o país está ou não preparado para realizar as eleições em 2020. Diz que cabe aos políticos avaliarem quais são as dificuldades. "Se as eleições tiverem lugar e se forem bem organizadas, o que importa é a descentralização em relação ao poder central", defende.
"Mas espero que os autarcas tenham um poder real e não estejam subordinados ao poder central. Portanto, que eles tenham poder de decisão sobre o desenvolvimento da autarquia [que representam]", acrescentou. Caso contrário, não vale a pena realizar eleições autárquicas em Angola, diz o cineasta.
Luanda é a cidade que cresce mais rapidamente em África
Não são necessariamente as cidades mais populosas de África, mas são as que crescem de forma mais rápida, segundo as Nações Unidas. Luanda lidera a lista das cidades com maior crescimento populacional no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
1. Luanda, Angola
Nenhuma cidade africana está a crescer tão rapidamente como Luanda, a capital de Angola. Segundo dados da ONU, vivem aqui mais de 7,7 milhões de pessoas. A idade média dos luandenses é de 20,6 anos. A capital é uma das cidades mais caras do mundo. Mas apenas as elites de Angola beneficiam das grandes reservas de petróleo do país. A população fala em desigualdade social no país.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
2. Yaounde, Camarões
Com 3,6 milhões de habitantes, a capital dos Camarões é muito menor que a de Angola. Os serviços públicos e as representações diplomáticas estão principalmente concentrados na capital. É por isso que Yaoundé desfruta de um padrão de vida e segurança mais elevados do que o resto dos Camarões. É também um ponto central de transferência de mercadorias como café, cacau, tabaco e borracha.
Foto: Dirke Köpp
3. Dar es Salaam, Tanzânia
A população da capital comercial da Tanzânia aumentou mais de seis vezes desde 1978. Dar es Salaam, com mais de seis milhões de habitantes, é a maior cidade da África Oriental e um importante centro económico e comercial para a região. De 2000 a 2018, a população cresceu 166%.
Foto: DW/E. Boniphace
4. Kumasi, Gana
A população da cidade ganesa de Kumasi aumentou onze vezes para três milhões entre 1970 e 2017. Ultrapassou o número de pessoas que vivem na capital, Accra, em 2014 para se tornar a maior cidade do país. A população do Gana está a crescer de forma rápida, especialmente em cidades como Kumasi. A metrópole económica atrai muitas pessoas do norte do país.
Foto: Imago Images/photothek/T. Imo
5. Kampala, Uganda
Kampala, a principal capital de Uganda, fica nas margens do Lago Vitória. A população total da região mais do que duplicou desde o início do século XXI. Muitas pessoas do interior estão a mudar-se para as cidades. Kampala tem uma das maiores taxas de crescimento em todo o mundo. Espera-se que mais de 40 milhões de pessoas vivam na cidade até 2100.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Kabuubi
6. Lusaka, Zâmbia
Lusaka, o centro económico e político da Zâmbia, registou um boom demográfico nos últimos anos. O centro da cidade, nos arredores da Independence Avenue e da Cairo Road, é caracterizado por edifícios comerciais, companhias de seguros, bancos, bolsas de valores, hotéis e cadeias de "fast food" americanas. O setor industrial, os transportes e o artesanato também desempenham um papel importante..
Foto: DW/C. Chimbelu
7. Douala, Camarões
A maior cidade dos Camarões também está entre as dez cidades que mais crescem em África. Douala é o lar do maior porto da África Central, que é vital para a economia do país e toda a Comunidade Económica e Monetária da África Central. É um importante centro financeiro, industrial, comercial, cultural e de tráfego dos Camarões.
Foto: picture-alliance / maxppp
8. Mbuji-Mayi, República Democrática do Congo
Provavelmente não há outro lugar no mundo com tantos diamantes como em Mbuji-Mayi. Os comerciantes de diamantes da cidade congolesa pintam edifícios com imagens brilhantes e bonitas para atrair os mineiros. A cidade tinha apenas 30.000 habitantes em 1960. Até 2018, Mbuji-Mayi deverá ter 2,3 milhões de habitantes. A imigração em massa das áreas vizinhas aumentou drasticamente a população.
Foto: Imago Images/H. Hoogte
9. Antananarivo, Madagáscar
Antananarivo é a maior cidade e capital do Estado insular de Madagáscar. A maioria dos turistas entra e sai do país pelo aeroporto da capital. Apesar de um período de doenças e guerras no século XVIII, a população da cidade cresceu de forma constante. Esse crescimento populacional deve-se sobretudo à saída das pessoas do interior para a capital do país.
Foto: Imago Images/Xinhua
10. Pretória, África do Sul
Por último, mas não menos importante, no top 10 está a cidade de Pretória, uma das três capitais da África do Sul. É a capital administrativa, com reconhecimento também no campo do ensino superior e da investigação. Localizada a norte de Joanesburgo, Pretória é um importante centro comercial e industrial, onde são construídas ferrovias, carros, máquinas e aço.