"Estou devastado e louco", diz LeBron sobre o caso Breonna
24 de setembro de 2020O governador do estado norte-americano do Kentucky, Andy Beshear, autorizou o envio da Guarda Nacional de forma limitada para conter os protestos que se seguiram à decisão de um grande júri ter deliberado não acusar ninguém pela morte da afro-americana Breonna Taylor na cidade de Louisville.
Taylor era uma profissional de saúde negra, de 26 anos, que foi baleada várias vezes por polícias que entraram em sua casa com um mandado de busca no âmbito de uma investigação de tráfico de droga a 13 de março. A ação policial provocou comoção e indignação popular num ano em que os Estados Unidos foram abalados por violentas manifestações contra a violência das forças de segurança pública.
O namorado de Taylor, Kenneth Walker, disparou quando a polícia entrou em casa e atingiu um dos polícias, tendo chegado a ser acusado de tentativa de homicídio, mas posteriormente os procuradores retiraram a acusação.
Em 15 de setembro, as autoridades da cidade de Louisville abriram um processo contra os três polícias a pedido da mãe de Taylor, concordando em pagar-lhe 12 milhões de dólares (cerca de 10 milhões de euros) e em promulgar reformas no sistema policial local. O júri, no entanto, decidiu não acusar os agentes, desconsiderando a hipótese de crime policial.
Antes de ser conhecida a decisão do grande júri, o presidente da Câmara de Louisville, Greg Fischer, decretou o recolher obrigatório na cidade entre as 21 horas e as 6h30 antecipando uma noite de eventuais protestos e distúrbios.
Reações do meio político
Imediatamente após o anúncio do painel de jurados ao juiz de um tribunal de Louisville, as pessoas que aguardavam com expectativa a decisão expressaram frustração. Os responsáveis pela organização Until Freedom - que pressionou por acusações contra os polícias - escreveram nas redes sociais que "não se fez justiça".
O Presidente dos Estados Unidos considerou a decisão "realmente brilhante”, segundo publica a imprensa norte-americana nesta quinta-feira. Também o candidato presidencial democrata, Joe Biden, apelou aos manifestantes para que protestem pacificamente, recusando fazer mais comentários à decisão judicial, alegando falta de informação.
O governador Beshear, do Partido Democrata, disse que o público precisa de mais informação sobre as provas e fatos na base da decisão do júri e pediiu ao procurador-geral do Kentucky, Daniel Cameron, a publicação 'online' de toda a informação possível.
Cameron se emocionou ao explicar a decisão judicial e defendeu - mesmo compreendendo que muitos possam ficar revoltados com o resultado - que a "justiça popular não é justiça" e que "justiça com base na violência é apenas vingança". O procurador proferu ainda palavras de defesa do trabalho da polícia.
Reações do meio desportivo
Os jogador de futebol americano Colin Kaepernick e basquetebolista LeBron James se manifestaram depois da decisão do júri. "A instituição supremacista branca de policiamento que nos roubou a vida de Breonna Taylor deve ser abolida pela segurança e bem-estar do nosso povo", escreveu o antigo "quarterback" do San Francisco.
A estrela dos Los Angeles Lakers LeBron James escreveu uma série de tweets para expressar a sua frustração e disse que as pessoas mais desrespeitadas do mundo são as mulheres negras. "Hoje perdi-me por palavras! Estou devastado, magoado, triste, louco! Queremos justiça para Breonna. Fiquei surpreendido com o veredito? Absolutamente não, mas ainda estou ferido e com o coração pesado. Envio o meu amor à mãe, família e amigos de Breonna. Sinto muito!"
O treinador dos Golden State Warriors, Steve Kerr, falando depois do primeiro treino da sua equipa desde março, disse que era "desmoralizante" saber sobre essas notícias. "É tão desanimador", disse Kerr. "Continuo a pensar na geração de crianças americanas de qualquer cor. Será este o mundo em que eles vão viver?"