Investigadores guineenses apresentaram um robô feito no país. A iniciativa inédita na Guiné-Bissau tem despertado muita curiosidade. E já se pensa em mais invenções para ajudar os guineenses nos trabalhos pesados.
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Um grupo de estudantes e investigadores da Guiné-Bissau criou o primeiro robô guineense que é capaz de arrumar objetos, até cinco quilos dentro de uma sala. A máquina é manejada através de uma aplicação, instalada num smartphone, que foi desenvolvida pelos jovens investigadores.
Em entrevista à DW África, Samba Diop, um dos mentores do projeto, explica que inicialmente o robô era guiado através da voz, o que acabou por não funcionar. "Desenvolvemos um projeto que é criar um robô que possa pegar num objeto de um lado para outro. E pode ser comandado através de um telemóvel para pegar os objetos. Desenvolvíamos o robot para que fosse comandado através da voz, mas devido à fraca qualidade de internet quase que funcionou bem. Agora é só através de um comando", revela o jovem que é também professor científico na Guiné-Bissau.
A iniciativa arrancou há quatro meses e tem despertado a curiosidade dos guineenses, por ser a primeira vez que se desenvolve uma pesquisa científica deste género no país. Um projeto totalmente criado pelos jovens investigadores com parcos meios para desenvolver as pesquisas.
Criação de drone
Esses investigadores formaram um grupo chamado First Global e estão agora a desenvolver um drone com câmara fotográfica incorporada. O drone alcançará até 15 metros de altura com lentes capazes de captar boa qualidade de imagem em movimento.
Estudantes criam primeiro robô na Guiné-Bissau
De acordo, com Samba Diop, a intenção dos jovens era participar num concurso internacional no México com os produtos feitos na Guiné-Bissau e pelos guineenses. Mas por falta de condições e apoios do Estado, acabaram por não conseguir viajar.
"Tínhamos duas opções: criar um robô que funcionasse com moinhos de vento ou através da energia eléctrica. Então, a nossa programação foi feita na base de um acumulador autónomo de corrente eléctrica. Toda a aplicação e programação foram feitas por um estudante da nossa escola", afirmou o jovem que espera mais apoio do Estado para que os guineenses possam revelar-se no mundo científico.
Impulsionar inteligência artificial
Na escola de formação científica Green Hard & Soft, em Bissau, fazem-se pesquisas académicas sobre inteligência artificial para criar robôs que possam fazer trabalhos pesados que os humanos não conseguem fazer.
O trabalho da escola científica guineense não se fica pelo ensino do que é a inteligência artificial: também quer criar robôs para ajudar nos trabalhos pesados e facilitar a vida das pessoas, tanto em casa e no escritório, bem como no interior do país, enaltece Diop.
O robô foi feito na base de um projeto da First Goblal América, que apoia iniciativas sobre o impacto da energia eléctrica no mundo científico em África.
Testes feitos esta quinta-feira (25.10) em Bissau mostram o primeiro robô guineense a transportar uma caixa de papéis dentro de um escritório, operado a partir de um Tablet.
Sumos, bolachas e até "bifes" para diversificar rendimento do caju
O caju é a principal fonte de rendimento dos produtores guineenses. A fim de estimular a economia, os produtores de Ingoré uniram-se na cooperativa Buwondena, onde produzem sumo, bolachas e até "bife" de caju.
Foto: Gilberto Fontes
O fruto da economia
Sendo um dos símbolos da Guiné-Bissau, o caju é a principal fonte de receita dos camponeses. A castanha de caju representa cerca de 90% das exportações do país. Este ano, foram exportadas 200 toneladas de castanha de caju, um encaixe de mais de 250 mil euros. A Índia é o principal comprador. O caju poderá trazer ainda mais riqueza ao país, se houver maior aposta no processamento local do produto.
Foto: Gilberto Fontes
Aposta no processamento
Em Ingoré, no norte da Guiné-Bissau, produtores de caju uniram-se na cooperativa Buwondena - juntamos, em dialeto local balanta - para apostar no processamento do caju. Antes, aproveitava-se apenas a castanha, desperdiçando o chamado pedúnculo, que representa cerca de 80% do fruto. Na cooperativa produzem-se agora vários produtos derivados do caju.
Foto: Gilberto Fontes
“Bife” de caju
Depois de devidamente preparado, o pedúnculo, que é a parte mais fibrosa do caju, pode ser cozinhado com cebola, alho e vários temperos. O resultado final é o chamado “bife” de caju.
A partir das fibras, produz-se também chá, mel, geleia, bolacha, entre outros. Ao desenvolverem novos produtos, os produtores diversificam a dieta e aumentam os seus rendimentos.
Foto: Gilberto Fontes
Néctar de caju
Depois de prensadas as fibras do caju, obtém-se um suco que é filtrado várias vezes, a fim de se produzir néctar e sumo. Com 50% desse suco e 50% de água com açúcar diluído, obtem-se o néctar de caju. Este ano, a cooperativa Buwondena produziu quase 400 litros desta bebida.
Foto: Gilberto Fontes
Sumo de caju
O sumo resulta da pasteurização do suco que foi filtrado do fruto, sem qualquer adicionante. Cada garrafa destas de 33cl de sumo de caju custa quase 0.40€. Ou seja, um litro de sumo pode render até 1.20€. O que é bem mais rentável que vinho de caju, produzido vulgarmente na Guiné-Bissau, que custa apenas 0.15€ o litro. Em 2016, foram produzidos na cooperativa quase 600 litros de sumo de caju.
Foto: Gilberto Fontes
Mel de caju
Clode N'dafa é um dos principais especialistas de transformação de fruta da cooperativa. Sabe de cor todas as receitas da cooperativa e só ele faz alguns produtos, como o mel. Mas devido à falta de recipientes, este produziu-se pouco mel de caju. Desde que se começou a dedicar ao processamento de fruta, Clode N'dafa conseguiu aumentar os seus rendimentos e melhorar a vida da sua família.
Foto: Gilberto Fontes
Castanha de caju
Este continua a ser o produto mais vendido pela cooperativa. O processamento passa por várias etapas: seleção das melhores castanhas, que depois vão a cozer, passam à secagem, ao corte e vão à estufa. As castanhas partidas são aproveitadas para a produção de bolacha de caju. Este ano, a cooperativa conseguiu fixar preço da castanha de caju em 1€ o quilo, protegendo os rendimentos dos produtores.
Foto: Gilberto Fontes
Potencial para aumentar produção
A maior parte dos produtos são vendidos localmente, mas alguns são comercializados também em Bissau e exportados para o Senegal. A produção decorre sobretudo entre os meses de março e junho, período da campanha do caju. No pico de produção, chegam a trabalhar cerca de 60 pessoas. Se a cooperativa conseguisse uma arca frigorífica para armazenar o caju, continuaria a produção depois da campanha.
Foto: Gilberto Fontes
Aposta no empreendedorismo
A cooperativa Buwondena aposta na formação a nível de empreendedorismo, para que os produtores possam aumentar o potencial do seu negócio. A cooperativa pretende criar uma caixa de poupança e crédito. O objetivo é que, através de juros, os produtores possam rentabilizar as suas poupanças e apostar noutros negócios.
Foto: Gilberto Fontes
É urgente reordenar as plantações
A plantação de cajueiros é outra das preocupações da cooperativa: uma plantação organizada, com ventilação é fundamental para aumentar a rentabilidade.
Devido ao peso do sector do caju na economia da Guiné-Bissau, todos os anos são destruídos entre 30 e 80 mil hectares de floresta para a plantação de cajueiros. Especialistas defendem uma reordenação urgente das plantações.