Os estudantes na África do Sul continuam a lutar por um melhor acesso ao ensino superior. Os protestos já levaram ao encerramento de várias universidades, a meio dos exames de final de ano.
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A Universidade de Pretória encontra-se encerrada desde setembro. Se não fosse pelas placas que assinalam as especialidades da instituição de ensino, ela poderia ser confundida com um tranquilo jardim botânico.
A universidade fechou as portas depois de se terem intensificado as manifestações por uma educação superior gratuita, na sequência de uma decisão do Governo de autorizar o aumento das propinas. Agora os estudantes não podem entrar no campus sem autorização.
As aulas foram transferidas para o ciberespaço. O estudante de engenharia Nonvula diz que esta solução dificulta o trabalho: "É difícil estudar online quando estamos habituados a estar com alguém que podemos ver e com quem podemos interagir e esclarecer dúvidas. A adaptação foi difícil”. Acresce que Nonvula nem sempre pode assistir às aulas: "Não tenho wi-fi ou acesso à internet para fazer tudo."
Solidariedade estudantil
Para ultrapassarem estas dificuldades, os estudantes apoiam-se uns aos outros. Além de que encontraram no YouTube, um site online dedicado a vídeos, um aliado precioso. Os professores criaram aulas em vídeo. Mas quando há algo muito difícil de compreender, os estudantes viram-se para os especialistas mundiais nas suas áreas.
Segundo o estudante de engenharia eléctrica Herman: "Temos grupos de estudo, nos quais tiramos dúvidas uns aos outros e encontramos métodos de trabalho para perceber coisas que nos deviam ser ensinadas, mas que temos de aprender sozinhos. Costumamos ver vídeos de outras pessoas. Há pessoas que nos habituámos a seguir, que dão tutoriais no YouTube".
10.11.2016 Estudantes na África do Sul - MP3-Mono
Pelo ensino superior gratuito
A maioria dos estudantes, mesmo os que não estão diretamente envolvidos nos protestos, é a favor da educação gratuita. É o caso de Sinbogile e Mpumelelo, que nasceram na era pós-apartheid; são sul-africanas livres. Mas a África do Sul é um dos países mais desiguais do mundo e os estudantes não querem que o ensino gratuito seja uma promessa vazia da democracia sul-africana: "Esta ideia de educação gratuita foi prometida aos nossos pais, há muito tempo. Ainda nem éramos nascidos, por isso é altura de cumprirem com o que prometeram!"
A Universidade de Pretória autorizou um certo número de estudantes a entrar nas suas instalações para exames de fim de ano. Foi uma decisão consciente para evitar que alunos perdessem o ano completamente por não poderem prestar as suas provas. Mas a situação encontra-se num impasse e uma solução para que permita o ensino universitário regular tarda.
África do Sul: crianças fotografam seu mundo
Crianças de Khayelitsha, na Cidade do Cabo, mostram o que é importante para elas: com uma câmara nas mãos, elas fotografaram suas casas. Aqui vivem cerca de 1,2 milhões de pessoas.
Foto: Oyena/Karin Banduhn
Repórter por um dia
"Mostre-me o que você realmente ama em sua vida," foi a tarefa que as crianças de seis anos receberam na pré-escola Umnqophso, na África do Sul. Pela primeira vez, elas têm uma câmara nas mãos. Logo depois das aulas, os jovens repórteres se dispersam para fazer uma agradável surpresa em casa.
Foto: Karin Banduhn
A "nova pátria"
O termo township refere-se a áreas urbanas que, durante o apartheid, eram habitadas por não brancos. Khayelitsha significa "nova casa" e é uma das maiores townships da África do Sul: cerca de 1,7 milhões de pessoas vivem aqui. O Estado promove a construção de casas. Mas nem todas as famílias podem se dar ao luxo de sair de suas barracas - como a família de Likhta. (Foto: Likhta)
Foto: Liktha/Karin Banduhn
O que conta é a família
Na família de Siphokazi, três gerações vivem sob o mesmo teto - como na maioria das famílias em Khayelitsha. Normalmente, o pai traz o dinheiro para casa. Se a mãe também tem um trabalho remunerado - por exemplo, como empregada doméstica na Cidade do Cabo - os avós cuidam dos netos. (Foto: Siphokazi)
Foto: Siphokazi/Karin Banduhn
Onde as meninas brincam
Para Mahle, seus brinquedos são um tesouro precioso. Alguns deles vieram nos pacotes de Natal que as famílias da Escola Básica Schulkamp de Hamburgo doaram e que foram, em seguida, distribuídos pela associação Khayelitsha na escola de Mahle. A associação construiu e apoia a escola com doações. (Foto: Mahle)
Foto: Mahle/Karin Banduhn
Brinquedos para meninos
Para alguns moradores de Khayelitsha, um carro próprio é quase mais importante do que um teto impermeável. Mas nem todas as crianças aqui podem brincar despreocupadas em casa. A alguns, como o repórter Ivivse, falta espaço. (Foto: Ivivse)
Foto: Ivivse/Karin Banduhn
Alimentos
Quando Lulutho chega da escola, ela está com fome. Felizmente, na casa dela há o suficiente para comer. Em média, uma família em Khayelitsha gasta cerca de 22 randes (ou 1,70 euros), por dia para comprar alimentos. (Foto: Lulutho)
Foto: Lulutho/Karin Banduhn
Entre a tradição e o cotidiano
A maioria dos moradores de Khayelitsha pertence à etnia Xhosa e tem a mesma língua materna de Nelson Mandela. Os valores tradicionais caracterizam a vida familiar, mas não são uma contradição à moderna divisão do trabalho - onde às vezes o pai cozinha para a família. (Foto: Yandise)
Foto: Yandise/Karin Banduhn
As crianças de Khayelitsha
Para o Elethu, seus amigos são especialmente importantes. Crescer auto-confiante, feliz e protegido - isso também é possível para as crianças da township Khayelitsha. (Foto: Elethu)