Estudo prevê números otimistas para economia de Angola em 2012
5 de junho de 2012 As previsões de crescimento económico para Angola, mais otimistas que as de entidades como o Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD), foram divulgadas na terça-feira (05.06) no Relatório Económico de Angola do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica do país.
Enquanto o Banco Mundial e o Banco Africano para o Desenvolvimento preveem para 2012 um crescimento económico entre 8,1 e 8,2%, respetivamente, o Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica do país vai mais longe, colocando a fasquia em 9,1%.
Para essa previsão, o Centro de Estudos baseou-se principalmente no que pode vir a ocorrer no sector petrolífero, mas também noutras variáveis como a instabilidade na região do Médio Oriente, a crise económica na União Europeia e, internamente, em iniciativas locais como o lançamento de novos projetos na agricultura e na indústria transformadora.
Devido às incertezas na economia mundial, no Relatório Económico de Angola, divulgado esta terça-feira, consta que haverá uma ligeira quebra no crescimento da economia, no próximo ano, abrandando de 9,1% para 8,8% em 2013.
O principal motor económico de Angola é o petróleo. Mas como explica Manuel Alves da Rocha, diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica, outras atividades impulsionam o crescimento: "Depois de anos sucessivos de quebra do crescimento da produção de petróleo em Angola prevê-se que até 2014 a produção retome um comportamento positivo, mas um crescimento em torno dos 5 a 6%", estima o pesquisador.
Para Alves da Rocha, os outros sectores que contam também para o reforço da economia e que foram levados em conta no relatório "são o da agricultura, a construção – porque Angola ainda tem um défice muito elevado de infra-estruturas nos mais variados aspetos – e a indústria transformadora. A indústria transformadora está a passar por um processo de modificação, com a criação de pólos industriais, das zonas económicas especiais", lembra o diretor do CEIC.
Agricultura dispara em Angola em 2012
O Centro de Estudos da Universidade Católica angolana prevê que a agricultura seja o sector que mais vai crescer este ano, com um aumento de 13,2%.
Mas existe ainda um baixo grau de diversificação da economia, com o domínio da exploração petrolífera. Apesar de inúmeras críticas ao governo angolano pela falta de transparência nas receitas do sector, o economista Manuel Alves da Rocha relativiza o assunto. Considera que questões como a falta de transparência e a corrupção em Angola não têm sido entrave à entrada de capitais e à concretização de iniciativas privadas internas.
Contudo, o crescimento da economia não será acompanhado ao mesmo ritmo que o da melhoria de vida da população: "Se conseguirmos retirar ao sector do petróleo o peso e a influência que tem na economia e na forma como se acede à renda petrolífera seremos capazes de aplicar e ter um novo modelo de distribuição de rendimento, baseado não no tráfico de influências, não em critérios de natureza política, mas em critérios de natureza social, natureza económica e de natureza de mérito", considera o economista e professor universitário Manuel Alves da Rocha, para quem este processo vai demorar "alguns anos".
"Temos esperança nas novas gerações que saem das universidades angolanas. São gerações que são obrigadas a ter uma mentalidade completamente diferente da mentalidade atualmente existente do ganho fácil e do acesso relativamente facilitado a determinadas fontes de rendimento", afirma ainda o pesquisador.
Desemprego em Angola é de 26%
O crescimento económico anda de mãos dadas com a criação de emprego. Todavia, a promessa eleitoral de 2008 de criar um milhão e 200 mil (1,2 milhões) postos de trabalho até 2012 é irreal, segundo Manuel Alves da Rocha. "Nós não podemos admitir o emprego sem crescimento económico. No relatório nós dizemos que essa meta é claramente inatingível até ao final do ano e eu creio que toda a gente já percebeu que ela não será atingida", avalia.
A agência noticiosa Lusa cita que, para se atingir a meta, seria necessária a criação de quase 630 mil postos de trabalho, ao mesmo tempo em que o PIB teria de crescer quase 17%.
Segundo um relatório recentemente divulgado pelo Banco Africano para o Desenvolvimento, estima-se que a taxa de desemprego em Angola seja de 26%, afetando a mão-de-obra não qualificada.
Autora: Glória Sousa
Edição: Renate Krieger / António Rocha