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PolíticaEtiópia

Etiópia: Ajuda não-governamental chega à capital de Tigray

Reuters | AFP | Lusa
12 de dezembro de 2020

A primeira caravana de ajuda não-governamental desde o início dos combates no mês passado, em Tigray, chegou à capital da região norte da Etiópia com remédios, informou a Cruz Vermelha neste sábado (12.12).

Pressebild Red Cross, Rotes Kreuz | Äthiopien Tigray, Hilfe
A caravana de sete camiões que chegou à cidade de Mekele foi organizada pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Cruz Vermelha etíope.Foto: ICRC

A caravana de sete camiões brancos que chegou à cidade de Mekele neste sábado (12.12) foi organizada pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Cruz Vermelha etíope, informaram as organizações. Os camiões levaram remédios e equipamentos médicos para 400 feridos, bem como suprimentos de socorro para Mekele, uma cidade de meio milhão de habitantes que estava praticamente sem ajuda externa desde o início do conflito, em 4 de novembro.

"É a primeira ajuda internacional a chegar a Mekele desde o início dos combates em Tigray, há mais de um mês", disse o CICV com sede em Genebra, descrevendo as instalações de saúde na cidade como "paralisadas".

O acesso à região foi restrito após o início dos combates entre o Governo etiópe e as forças rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), a 4 de novembro. O conflito nesta que é a segunda região mais populosa de África já matou milhares de pessoas e deixou mais de 950 mil deslocados.

Desde então, as instalações de saúde em Mekele foram paralisadas após suprimentos de medicamentos e outros itens médicos, como luvas cirúrgicas terem acabado, disse o CICV. O principal hospital de referência da região foi forçado a fechar a sua unidade de terapia intensiva e centro cirúrgico por causa da escassez e incapacidade para executar o gerador.

Semanas sem suprimentos

Quase 15 mil pessoas estão no acampamento "Um Rakuba", onde pessoas fazem fila por alimentos.Foto: Mohamed Nureldin Abdallah/REUTERS

"Médicos e enfermeiras têm estado semanas sem suprimentos, água corrente e eletricidade", disse Patrick Youssef, o diretor regional do CICV para a África. "Esta remessa médica trará novos estoques, ajudará os pacientes e reduzirá decisões de triagem de vida ou morte", afirmou.

O Governo etíope, por sua vez, afirma que derrotou as forças da TPLF e fez um acordo com as Nações Unidas para permitir ajuda. Porém, algumas agências de ajuda e doadores dizem que o acordo é restrito e a segurança continua a ser um problema.

Quase 50 mil refugiados já cruzaram a fronteira leste com o Sudão desde início de novembro e cerca de 15 mil pessoas estão no acampamento de "Um Rakuba", onde pessoas fazem filas à espera de alimentos.

Os recém-chegados construíram abrigos usando galhos de árvores. "Não temos comida ou abrigo suficientes aqui, mas eu também tenho medo de voltar", disse Tewelo Gabrageres, de 35 anos.

Amnistia Internacional apela às autoridades

Nesta sexta-feira (12.12), a Amnistia Internacional (AI) havia apeladp às autoridades etíopes para que permitissem a entrada de ajuda humanitária, sem restrições, em Tigray, num momento em que as Nações Unidas se mostram preocupadas com uma potencial crise alimentar na região.

Refugiados etíopes encontram amparo no Sudão

02:04

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Num comunicado, a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos referiu que "as autoridades etíopes deveriam permitir que a ajuda humanitária sem restrições chegasse aos campos de refugiados no estado de Tigray".

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, que foi Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou em 04 de novembro uma operação militar na região norte do país, após meses de tensão crescente com as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês). Desde então, a região tem sido palco de ofensivas militares por ambas as partes, com o disparo de foguetes e de incursões para a captura de cidades.

Com as comunicações e os transportes limitados,ou mesmo cortados, é difícil saber a extensão do conflito na região que conta com seis milhões de pessoas.

A ONG mostrou-se também preocupada com o risco que enfrentam os trabalhadores de ajuda humanitária. Desde o início do conflito, pelo menos três seguranças do Conselho Dinamarquês para os Refugiados e um membro do International Rescue Committee (IRC) foram mortos, sendo que esta última fatalidade ainda está a ser investigada. 

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