Golpe contra o Governo da região que junta a segunda maior etnia do país, começou na última hora de sábado na capital, Bahar Dar, e foi pouco depois dominada pela forças de segurança, segundo as autoridades.
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O chefe do Estado-Maior do Exército foi abatido pelo seu guarda-costas, horas depois de uma tentativa de golpe em Amhara, estado regional cujo presidente também foi morto, seguindo Nigussu Tilahun, porta-voz do primeiro-ministro do país.
O porta-voz disse à imprensa que um "comando assassino", liderado pelo chefe de segurança de Amhara, invadiu uma reunião no sábado (22.06) à tarde, ferindo fatalmente o presidente da região, Ambachew Mekonnen, e outro alto funcionário.
Um pouco mais tarde, o chefe do Estado-Maior do exército etíope, general Seare Mekonnen, foi morto pelo seu guarda-costas, durante o que parece ter sido "um ataque coordenado", segundo o porta-voz.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, disse ao canal de televisão estatal que o seu Governo frustrou esta madrugada uma tentativa de golpe de Estado, liderada por um oficial militar de alta patente e outros militares do país, numa região fora da capital, Adis Abeba.
No seu discurso, o primeiro-ministro disse que algumas pessoas foram mortas e outras ficaram feridas na operação.
A embaixada dos Estados Unidos informou ter ouvido um tiroteio no sábado em Adis Abeba, tendo pedido às pessoas para terem cuidado.
A capital está calma este domingo, apesar de soldados das forças especiais estarem posicionados perto do escritório do primeiro-ministro, ao mesmo tempo em que vários agentes da polícia patrulham as ruas da cidade, segundo a agência de notícias EFE.
Conflitos étnicos
O golpe contra o Governo da região que junta a segunda maior etnia do país, começou na última hora de sábado na capital, Bahar Dar, e foi pouco depois dominada pela forças de segurança, segundo revelou à cadeia estatal ETV o porta-voz do primeiro-ministro, Nigussu Tilahun.
"A tentativa de golpe de Estado em Amhara é contra a Constituição e está destinada a perdurar a ganância na região", declarou , defendendo que "esta iniciativa deve ser condenada por todos os etíopes".
Um jornalista em Bahir Dar, a capital regional, disse à AFP que os tiros foram ouvidos logo após o pôr do sol e continuaram por várias horas.
Desde que assumiu o cargo, em abril de 2018, após dois anos de distúrbios na Etiópia, o primeiro-ministro reformista Abiy Ahmed está a tentar democratizar o país. Legalizou grupos dissidentes, melhorou a liberdade de imprensa, mandou deter dezenas de militares acusados de abusos dos direitos humanos e fez as pazes com a Eritreia depois de mais de vinte anos de conflito.
Apesar disso, a Etiópia foi palco de conflitos étnicos em várias partes do país nos últimos meses, nomeadamente entre os grupos Oromo e Somali.
Além das necessidades de ajuda humanitária aos deslocados, a Etiópia acolhe ainda perto de um milhão de refugiados oriundos de países vizinhos, como o Sudão do Sul e a Somália.
Harar, a cidade muçulmana sagrada da Etiópia
Considerada a quarta cidade muçulmana mais sagrada do mundo, Harar é o centro do islamismo na Etiópia. A DW esteve na cidade sagrada, a explorar as pequenas ruas e os mercados lotados.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Harar Jugol, cidade antiga do Oriente
A cidade de Harar terá sido fundada por imigrantes árabes, entre os séculos X e XIII. A cidade velha, conhecida como Harar Jugol, é acessível através de cinco portões antigos. É a capital do estado mais pequeno da Etiópia e é habitada principalmente por pessoas do grupo étnico Oromo. Localizada no leste do país, Harar foi classificada como Património Mundial da UNESCO em 2006.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Local de peregrinação muçulmana
Segundo a UNESCO, Harar é considerada a quarta cidade mais sagrada do Islão. Aqui há 82 mesquitas e mais de 100 santuários. A mesquita Grand Jami é a maior da cidade. Cerca de um terço dos etíopes são muçulmanos - mas em Harar são a grande maioria.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Uma mesquita para mulheres
A Mesquita de Jami é a única onde as mulheres podem rezar no mesmo edifício onde os homens rezam. Elas entram por uma pequena porta do lado direito, mas também é comum vê-las a rezar no exterior do edifício. A maioria das mesquitas na cidade velha são muito pequenas e, portanto, reservadas para os homens.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Cidade da paz
Há duas igrejas dentro das muralhas da cidade. A igreja Medhane Alem é a única ortodoxa. Em 2003, Harar foi distinguida com o prémio da UNESCO "Cidade para a Paz" pela sua coesão social. Os moradores orgulham-se porque todas as religiões são bem-vindas na cidade. No entanto, nos últimos anos tem havido tensões sobre questões fundiárias e representação política.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Cidade mística
Há algo místico nesta cidade com mais de 120.000 habitantes. Uma das razões é a influência do Sufismo, um ramo do Islão no qual a ligação com o divino é alcançada através de rituais e meditação. Um dos lugares mais sagrados é o túmulo do xeque Abadir, um dos fundadores da cidade. Há quem fique aqui sentado durante horas a mastigar khat, uma planta usada pelas suas propriedades estimulantes.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Uma planta importante
Inicialmente, o khat era usado principalmente para fins espirituais. Hoje, é consumido em toda a Etiópia. Harar continua a ser o centro de uso e comércio de khat, que representa cerca de 70% dos rendimentos agrícolas da região. Usada maioritariamente por homens, mas também por um grande número de mulheres, a planta reduz o cansaço e o apetite. Se for mastigada regularmente, é altamente viciante.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Tecidos para todos os gostos
A economia de Harar também é impulsionada pelo mercado de tecidos. Esta rua chama-se "Makina Girgir" por causa do som das máquinas de costura. É normal encontrar aqui muitas mulheres das áreas rurais. Elas procuram novos tecidos, que depois levam para os alfaiates transformarem em vestidos ou lenços.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Todos os dias são dias de mercado
De manhã cedo, as pessoas da região partem para a cidade para vender os seus produtos. A viagem é feita de burro e leva algumas horas até chegar às muralhas da cidade de Harar. O dinheiro que conseguem é depois reinvestido em panelas, roupas ou carne, entre outros bens. Há mercados de produtos frescos, de especiarias e até de contrabando. Harar vive, sobretudo, das economias de pequena escala.
Foto: DW/M. Gerth-Niculescu
Mercado de camelos
A cerca de 40 quilómetros de Harar, há um famoso mercado de camelos que se realiza duas vezes por semana. Numa manhã chegam a ser vendidos 200 camelos - a um preço inicial de 500 euros por camelo. Os comerciantes são geralmente nómadas somalis. Os camelos são usados tanto para transporte como para consumo.