Etiópia: Comunicações são restabelecidas em Tigray
Lusa
2 de dezembro de 2020
A rede de telemóveis e internet tinha sido cortada a 4 de novembro, quando o Governo lançou uma ofensiva contra o governo regional de Tigray. ONU pede acesso à região para "entrega urgente" de ajuda humanitária.
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As comunicações foram parcialmente restabelecidas em Tigray, norte da Etiópia, após quatro semanas de conflito armado. A rede de telemóveis e internet, que tinha sido cortada a 4 de novembro, foi restabelecida em várias localidades de Tigray ocidental, que está sob o controlo do exército federal.
A região esteve privada de abastecimentos desde há quase um mês, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército federal para atacar as forças da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), o partido que governou a região e desafiou a sua autoridade.
Tigray: O conflito que já faz milhares de refugiados
01:34
Abiy Ahmed reivindicou a vitória no sábado (28.11), depois de as tropas governamentais terem anunciado a tomada da capital regional, Mekele. O presidente regional de Tigray, Debretsion Gebremichael, que prometeu continuar a luta contra "os invasores", disse que os confrontos continuavam esta terça-feira (01.12) perto de Mekele e da cidade de Wukro, 50 quilómetros a norte.
A União Europeia (UE) está a ponderar suspender o apoio orçamental à Etiópia devido ao conflito na região de Tigray, podendo adiar o desembolso de 90 milhões de euros previsto para este mês.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, Bruxelas pode adiar o financiamento devido ao impacto da violência nos direitos humanos. Qualquer decisão sobre a redução de financiamento de 13% do Orçamento do país pode prejudicar ainda mais as finanças públicas, já afetadas pela pandemia de Covid-19.
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"Acesso urgente"
As Nações Unidas apelaram ao "acesso urgente" a esta região do norte da Etiópia, que está "desesperadamente necessitada" de ajuda humanitária.
Antes do conflito, cerca de 600 mil pessoas dependiam totalmente da ajuda alimentar e mais de um milhão de pessoas beneficiavam de uma "rede de segurança" alimentar, de acordo com o Gabinete de Coordenação Humanitária das Nações Unidas (OCHA).
Quatro semanas de luta forçaram cerca de 45 mil pessoas a fugir para o vizinho Sudão e deslocaram um número desconhecido de homens, mulheres e crianças dentro de Tigray.
"Estas populações deslocadas necessitam desesperadamente de assistência humanitária" e "o acesso às áreas afetadas é essencial para compreender quantas pessoas foram forçadas a fugir e onde se encontram", declarou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), "a preocupação cresce a cada hora" em relação aos quatro campos que durante anos abrigaram cerca de 96 mil refugiados eritreus em Tigray.
"Os campos devem agora ter falta de alimentos, o que torna a ameaça da fome e da desnutrição mais real", disse o porta-voz do ACNUR, Babar Baloch. O Alto Comissariado "apela ao Governo etíope para (...) permitir o acesso dos trabalhadores humanitários aos que se encontram agora desesperadamente necessitados", acrescentou.
Prémio Nobel: Os representantes da Paz em África
Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, recebe o Prémio Nobel da Paz de 2019. Trata-se do décimo africano a ser reconhecido pelo trabalho de reconciliação. O Nobel da Paz foi para África pela primeira vez em 1960.
Foto: Getty Images/AFP/E. Soteras
Primeiro laureado
Albert Luthuli foi o primeiro africano a receber o Prémio Nobel da Paz, em 1960, pela sua luta pacífica contra a segregação racial na África do Sul. Ele era presidente do ANC na ocasião da premiação, e o movimento de libertação funcionava na clandestinidade. Ele recebeu o prémio em Oslo um ano depois do seu nome ser escolhido, porque a proibição de deixar o país foi suspensa por dez dias.
Foto: Getty Images/Keystone/Hulton Archive
Líder espiritual
O arcebispo Desmond Tutu foi um dos líderes morais da África do Sul, com uma trajetória de defesa dos direitos humanos e contra a discriminação racial. É do religioso a expressão: "Somos uma nação arco-íris". Em 1984, o sacerdote anglicano recebeu o Prémio Nobel. Amigo de Nelson Mandela, Tutu é conhecido pelo bom humor. Um dos seus admiradores é o líder espiritual tibetano Dalai Lama.
Foto: picture-alliance/dpa
Amandla!
Esta imagem percorreu o mundo. Quando o herói anti-apartheid Nelson Mandela foi libertado, em 1990, após 27 anos de prisão, a África do Sul prendeu a respiração. Era um momento histórico. A luta incansável de Madiba contra a opressão abriu caminho para a democracia na África do Sul. Um ano antes, Mandela recebeu o Prémio Nobel da Paz juntamente com o chefe do Governo, Fredrik Willem de Klerk.
Foto: AP
Dois adversários unidos
Coragem, paciência e perseverança conduziram estes dois homens a algo que parecia impossível. Nelson Mandela e Fredrik Willem de Klerk, então Presidente da África do Sul, receberam em conjunto o Prémio Nobel da Paz, em 1993, antes mesmo de Mandela ter sido eleito o primeiro Presidente negro. A revolução pacífica foi um sucesso, mas o processo de paz na África do Sul está longe de terminar.
Foto: AP
Pela paz em todo o mundo
Em 2001, o então secretário-geral e a instituição Nações Unidas receberam o Prémio Nobel pelo compromisso com um mundo "mais organizado e mais pacífico". A carreira brilhante de Kofi Annan tem uma ressalva, que veio à tona com as acusações de que a ONU teria sido omissa durante o genocídio no Ruanda. Annan era o chefe das Forças de Paz da ONU em 1994 e admitiu que falhou.
Foto: Reuters
Mama Miti: "A mãe das árvores"
Em 2004, uma mulher negra recebeu pela primeira vez o Prémio Nobel da Paz: Wangari Maathai. A queniana lutou pelos direitos das mulheres e contra a pobreza no seu país. Maathai foi vice-ministra do Meio Ambiente e era chamada de "Mãe das Árvores" pelo "Movimento Cinturão Verde", que ela mesma criou. Ela celebrou o prémio à sua maneira, escrevendo na sua autobiografia: "Plantei uma árvore."
Foto: Getty Images/AFP/T. Bendiksby
Três mulheres agraciadas
Em 2011, três mulheres foram laureadas em conjunto: a Presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf (à direita), a sua compatriota, a ativista de direitos humanos Leymah Gbowee (ao centro), e a jornalista Tawakkul Karman, do Iémen. As duas liberianas foram homenageadas pelos seus esforços para salvar o seu país da violência da guerra civil.
Foto: dapd
"Doutor Milagre"
O médico e defensor dos direitos humanos, o congolês Denis Mukwege, fez do apoio às vítimas de violência sexual o trabalho de uma vida inteira. Durante muitos anos, o ginecologista foi o cirurgião-chefe do Hospital Panzi, em Bukavu, que ele próprio fundou em 1999. Ele oferece esperança e renova a coragem das vítimas. Por isso foi premiado em 2018, juntamente com a ativista yazidi Nadia Murad.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Norwegian Church Aid
Iniciativa corajosa
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, será laureado pelo empenho para a paz com a vizinha Eritreia. A insistência pela reconciliação no seu próprio país também impressionou os jurados do Prémio Nobel, apesar da concretização desse objetivo ser longa e difícil. O processo corajoso de reforma no conturbado Estado multiétnico da Etiópia impressionou o júri do prémio.