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PolíticaEtiópia

Etiópia: Eleições no Tigray "sem violência ou queixas"

rl | Josephine Mahachi | com agências
10 de setembro de 2020

Mesmo contra a vontade de Adis Abeba, a votação regional decorreu normalmente no Tigray. Governo central, que adiou todas as eleições no país devido à Covid-19, voltou a considerar inconstitucional o escrutínio.

Foto: DW

As eleições na região etíope do Tigray realizaram-se esta quarta-feira (09.09) contra a vontade do Governo central que, em março deste ano, anunciou o adiamento de todas as eleições no país por causa da pandemia do novo coronavírus.

A votação, que contou com a participação de mais de 97% dos cerca de 2,6 milhões de eleitores registados, decorreu "sem violência ou queixas", sendo o balanço positivo, disse, no final do dia ontem, o chefe da comissão eleitoral, Muluwork Kidanemariam.

O mesmo confirmou também à DW, a jornalista etíope Coletta Wanjohi: "As mesas de voto abriram às 6 da manhã e a essa hora já havia longas filas de espera em muitas das assembleias. Não houve qualquer relato de violência ou anomalias. A votação decorreu de forma tranquila".

Foto: DW/M.H. Silase

"Declaração de guerra"

Os dirigentes da região do Tigray tinham avisado que qualquer intervenção do governo federal equivaleria a uma "declaração de guerra'', ainda que o primeiro-ministro Abiy Ahmed tivesse já garantido que a possibilidade de uma intervenção militar estava fora de questão.

No entanto, esta quarta-feira, numa entrevista à emissora estatal EBC, Abiy Ahmed voltou a não detalhar como vai responder a esta votação que considera inconstitucional, mas voltou a frisar que "só a Comissão Nacional de Eleições pode realizar eleições na Etiópia".

Entretanto, em Mekele, capital da região do Tigray, os eleitores deixaram recados ao Governo de Adis Abeba. Hailay Haileselassie, trabalhador da construção civil, disse que "estas eleições são muito importantes para o povo do Tigray". "Lutámos por isto, para que se pudessem realizar eleições de cinco em cinco anos", afirmou.

Foto: DW/M.H. Silase

Hailu Kiros, veterano da Frente de Libertação do Povo do Tigray, garantiu que a região "está a realizar uma eleição livre e justa". "É preciso que o Governo federal tire uma lição do que está a acontecer: eles também precisam de realizar eleições, para que possamos trabalhar juntos na construção do país".

E a dona de casa Letebirhane Berhe questionou: "Como podemos ficar sem eleger um Governo? Temos de votar. O Governo federal diz que esta eleição não é legítima devido ao coronavírus, mas é".

Cenário político do Tigray

Mais de 600 candidatos de cinco partidos disputam os cerca de 150 lugares do parlamento regional.  E apesar de ser o favorito, e das sondagens apontarem para que consiga a maioria, a Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF) tem estado a ser pressionada por uma nova força política.

Trata-se do Partido da Independência do Tigray, que está a promover abertamente a independência da região da Etiópia. Girman Berhe é o seu líder e defendeu: "Muitas pessoas começaram a questionar-se sobre a própria Etiópia, e muitos intelectuais e jovens começaram a concordar com a nossa análise. Neste momento, a aceitação está para além das nossas expectativas".

Os resultados das eleições regionais no Tigray devem ser divulgados até esta sexta-feira (11.09).

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