Etiópia: Governo anuncia ajuda financeira para Tigray
4 de fevereiro de 2023O conselheiro nacional Redwan Hussei escreveu na rede social Twitter que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, já ordenou a transferência de fundos, que deverão começar a ser distribuídos na segunda-feira (06.02).
O Governo determinou ainda que a transportadora aérea nacional Ethiopian Airlines vai aumentar de três para cinco os voos diários para a região.
Na sexta-feira (03.02), o primeiro-ministro reuniu-se com líderes da região de Tigray pela primeira vez desde um acordo de paz assinado em novembro, após um sangrento conflito entre o Governo federal e os rebeldes nesta zona do norte da Etiópia. O acordo, celebrado em novembro, definiu as linhas mestras para resolver dois anos de um violento conflito, que tem devastado o norte do país.
Num breve comunicado, Redwan Husein explicou que na sequência da reunião, realizada em Halala Kela, sudoeste do país, o chefe do Governo, Abiy Ahmed, aprovou uma série de decisões destinadas a recuperar o contacto a nível bancário e de transportes com a região setentrional do Tigray.
A intenção, referiu Husein, é estabelecer bases para "impulsionar a confiança" entre ambas as partes e "facilitar a vida dos civis".
O conflito no Tigray estalou em novembro de 2020, depois de um ataque da TPLF contra a principal base do Exército, situada em Mekelle, após o que o Governo ordenou uma ofensiva contra o grupo, na sequência de meses de tensões a nível político e administrativo, incluindo a rejeição da TPLF na hora de reconhecer um adiamento eleitoral e a sua decisão de celebrar comícios regionais à margem de Adis Abeba.
A TPLF acusava Abiy de agudizar as tensões desde a chegada ao poder, em abril de 2018, quando se converteu no primeiro oromo (grupo étnico da etiópia) a assumir o cargo.
Até então, a TPLF havia sido a força dominante dentro da coligação que governou a Etiópia desde 1991, a Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope, baseada nas etnias.
O grupo opôs-se às reformas de Abiy, que considerou como uma tentativa de minar a sua influência. O conflito posterior tornou-se num dos mais brutais da história mais recente do continente.
O mediador da União Africana (UA) para o Tigray, Olusegun Obasanjo, estimou, em entrevista recente, que cerca de 600.000 pessoas podem ter morrido durante a guerra, uma estimativa corroborada de perto por especialistas internacionais no conflito. Responsáveis etíopes sob condição de anonimato estimaram, por seu lado, que o número de mortos se situará em cerca de 100.000.