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ConflitosEtiópia

Governo ordena às tropas que suspendam avanço sobre Tigray

Lusa
23 de dezembro de 2021

O governo etíope ordenou às suas forças armadas para interromperem o avanço na província do Tigray, norte do país, depois de retomar aos rebeldes o controlo das províncias vizinhas de Amhara e Afar.

Äthiopien Tigray-Konflikt | Armee übernimmt wieder Kontrolle
Foto: Minasse Wondimu Hailu/AA/picture alliance

O anúncio foi feito em conferência de imprensa em Adis Abeba pelo ministro dos Serviços de Comunicação do Governo, Legesse Tulu.

O governante disse que a operação do exército e das suas forças aliadas para expulsar os rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês) foi suspensa.

Legesse Tulu afirmou que as TPLF abandonaram as duas províncias, "carregando os cadáveres dos seus soldados para fazer parecer que eram civis mortos pelo exército etíope".

"Ir a Mekele [capital do Tigray] coloca o Governo em risco de cair na armadilha das TPLF sobre as vítimas", explicou o porta-voz do governo para argumentar a decisão de travar, por ora, a progressão das tropas governamentais na província rebelde.

As TPLF têm argumentado que a retirada não se deveu a derrotas militares no terreno mas sim a uma opção estratégica.

Operação do exército para expulsar os rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray foi suspensaFoto: AMANUEL SILESHI/AFP

"O Governo tem o direito constitucional de desdobrar as Forças de Defesa da Etiópia em qualquer parte do país para manter a lei e a ordem, bem como para salvaguardar a integridade territorial do Estado", frisou Legesse Tulu, sugerindo que o exército controla áreas de Tigray, mas sem dar detalhes.

Vitórias militares

O porta-voz governamental fez as declarações depois de o executivo liderado pelo primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ter anunciado quarta-feira num comunicado as vitórias militares em Amhara, com a captura de cidades estratégicas e a prontidão do exército para avançar em direção a cidades de Tigray como Abergele e Alamata.

O comunicado foi divulgado um dia depois de o governo etíope rejeitar a oferta de "cessação imediata das hostilidades" feita pelo dirigente das TPLF, Debretsion Gebremicheal, numa carta enviada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, datada de domingo passado e tornada pública na segunda-feira.

Debretsion anunciou ainda a retirada das suas forças em Afar e Amhara para Tigray, uma das condições para Adis Abeba iniciar negociações a favor de uma solução negociada para o conflito.

Legesse Tulu não se referiu na conferência de imprensa à oferta de cessar-fogo pelos rebeldes.

Ministro dos Serviços de Comunicação do Governo, Legesse Tulu.Foto: Seyoum Getu/DW

Mais de um ano de guerra

A guerra eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando Abiy Ahmed – laureado com o prémio Nobel da Paz em 2019 -, enviou o exército federal para Tigray com a missão de retirar pela força as autoridades da província, governada pelas TPLF, que vinham a desafiar a autoridade de Adis Abeba há muitos meses.

O pretexto específico da invasão foi um alegado ataque das TPLF a uma base militar federal no Tigray, e a operação foi inicialmente caracterizada por Adis Abeba como uma missão de polícia, que tinha como objetivo restabelecer a ordem constitucional e conduzir perante a justiça os responsáveis pela sua perturbação continuada.

Abiy Ahmed declarou vitória três semanas depois da invasão, quando o exército federal capturou Mekele. Em junho deste ano, porém, as forças afetas às TPLF já tinham retomado a maior parte do Tigray, e continuaram a ofensiva nas províncias de Amhara e Afar.

O conflito na Etiópia provocou a morte de vários milhares de pessoas e fez mais de dois milhões de deslocados, deixando ainda centenas de milhares de etíopes em condições de quase fome, de acordo com a ONU.

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