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Exército etíope nega ter atingido civis em ataque em Tigray

Million Hailesellassie | Jan-Philipp Wilhelm | rl
25 de junho de 2021

O porta-voz do exército etíope confirmou à DW que as Forças de Defesa Nacional realizaram um ataque aéreo que atingiu o mercado da aldeia de Togoga, mas negou que os alvos fossem civis. Testemunhas falam em 64 mortos.

Foto: Million Haileselassie/DW

Segundo o coronel Getnet Adane, tratou-se de um "ataque de precisão" contra os inimigos da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), na tarde de terça-feira (22.06). "A informação de que um mercado foi atingido é falsa. Até agora, não há nenhuma fonte que confirme que civis tenham ficado feridos neste ataque. Temos sempre o cuidado de distinguir civis de militantes. A TPLF procura exaltar os ânimos através da divulgação de informação falsa", afirmou esta quinta-feira (24.06).

No entanto, apesar da versão do exército, nas últimas horas têm aparecido cada vez mais testemunhas que relatam o sucedido. De acordo com vários trabalhadores do setor da saúde, que falam maioritariamente sob anonimato, o ataque aéreo que atingiu o mercado da aldeia de Togoga terá matado pelo menos 64 pessoas e deixado feridas várias dezenas.

Alyona Synenko, porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Addis Abeba, confirma a realização de operações de resgate: "Conseguimos facilitar a evacuação dos feridos da aldeia de Togoga para Mekele, a capital regional. Os feridos estão agora a receber tratamento no hospital Ayder em Mekele".

"Para nós é muito importante salientar que as instalações e o pessoal médico devem ser respeitados e protegidos em todos os momentos. Especialmente em situações como esta, é extremamente importante.", sublinhou a porta-voz do CICV.

Ataque aéreo terá feito dezenas de vítimasFoto: Tigray Guardians 24/REUTERS

"Não havia alvos militares no mercado"

Segundo o correspondente da DW em Tigray, Million Haileselassie, o Hospital Ayder recebeu desde ontem 33 vítimas do ataque, das quais duas crianças de dois e dez anos. "As vítimas do ataque aéreo disseram-me que não havia alvos militares no mercado, apenas civis", diz.

Apesar dos rumores, a Cruz Vermelha disse não estar em condições de confirmar os relatos feitos às agências internacionais por alguns médicos, que acusam o exército etíope de tentar impedir os serviços de emergência de aceder à aldeia, localizada a cerca de 30 quilómetros de Mekele. 

Este é já considerado um dos piores ataques desde que o conflito entre o governo etíope e a dissidente TPLF teve início, há mais de oito meses, e foi já condenado pela comunidade internacional. Estados Unidos, Nações Unidas e a União Europeia voltaram a apelar a um cessar-fogo imediato e a um acesso humanitário sem restrições à região. Exigem ainda uma "investigação independente" ao sucedido.

O ataque acontece numa altura em que o país aguarda os resultados das eleições gerais da passada segunda-feira (21.06) e nas quais se prevê que o primeiro-ministro Abyi Ahmed e o seu partido saiam vencedores.

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