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ConflitosEtiópia

Etiópia nega uso de armas químicas contra civis em Tigray

Lusa
24 de maio de 2021

A Etiópia negou hoje acusações contra as suas tropas de utilização de fósforo branco como arma química contra civis em Tigray, região contra a qual o Governo federal tem mantido uma ofensiva armada desde novembro. 

Bildergalerie Äthiopien | Flucht aus der Region Tigray
Foto ilustrativaFoto: Baz Ratner/REUTERS

O Ministério dos Negócios Estrangeiros etíope garantiu esta segunda-feira (24.05) que "a Etiópia não usou e nunca usará tais munições proibidas porque leva muito a sério as suas obrigações ao abrigo da Convenção sobre Armas Químicas".

E acrescenta que "como vítima de ataques com armas químicas, a Etiópia também condena a utilização de armas químicas por qualquer pessoa, em qualquer lugar".

Numa reportagem publicada no domingo (23.05), o jornal britânico The Telegraph noticiou que "os civis no norte da Etiópia sofreram queimaduras horríveis que se enquadram no uso do fósforo branco, um possível crime de guerra", com base em gravações e depoimentos de testemunhas e vítimas e nas considerações dos peritos em armamento. 

Etiópia e Eritreia fora da Convenção sobre Certas Armas Convencionais

O fósforo branco pode ser utilizado para vários fins no campo de batalha, tais como a criação de uma cortina de fumo para impedir a visibilidade, para marcar áreas ou como arma incendiária, mas é considerado uma arma química por muitas organizações, o que tornaria ilegal a sua utilização ao abrigo da Convenção sobre Armas Químicas, em vigor desde 1997, assinada pela Etiópia, mas não pela Eritreia, cujas tropas também estão envolvidas na ofensiva em Tigray. 

A exposição a uma explosão com fósforo branco, que se inflama ao contacto com o ar, pode causar queimaduras graves e profundas de segundo e terceiro graus que são mais letais do que outras queimaduras devido à absorção do fósforo no corpo. 

Por outro lado, a utilização de munições incendiárias fornecidas por via aérea contra áreas povoadas é proibida pela Convenção sobre Certas Armas Convencionais, da qual nem a Etiópia nem a Eritreia são signatárias. 

Ahmed Abiy, primeiro ministro da EtiópiaFoto: Phill Magakoe/AFP

O conflito na região do Tigray começou em novembro de 2020, depois de o Governo da Etiópia ter lançado uma ofensiva militar contra a Frente Popular de Libertação do Tigray (FPLT) como retaliação a um ataque anterior destas forças a uma base do exército federal.

Denúncias

Desde então, as organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado saques e violações contra a população local cometidos por todas as partes, especialmente pelas forças eritreias destacadas para a região em apoio ao exército da Etiópia.

Perante os relatos de atrocidades cometidas contra civis, a comunidade internacional fez vários apelos ao Governo etíope, nos últimos meses, e a União Europeia suspendeu, em janeiro, o apoio orçamental ao país, de 88 milhões de euros, até ser garantido o acesso de organizações humanitárias à região de Tigray, algo que as autoridades etíopes têm impedido.

Desde o início do conflito no Tigray, mais de dois milhões de pessoas foram deslocadas à força dentro da região e pelo menos 75 mil fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.

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