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ConflitosEtiópia

Etiópia: Tropas do Governo intensificam ofensiva em Tigray

af | DW (Deutsche Welle) | com agências
14 de outubro de 2021

Ataques aéreos e terrestres das tropas etíopes contra os combatentes da Frente de Libertação do Povo Tigray intensificam-se na região do norte da Etiópia. Líderes mundiais reforçam apelos a um cessar-fogo urgente.

Äthiopien Spezialeinheiten der Armee und Milizen in der Region Afar
Tropas do exército etíope na região de Afar.Foto: Seyoum Getu/DW

A ofensiva lançada há uma semana pelas forças governamentais etíopes e os seus aliados contra as forças rebeldes da região de Tigray, no norte do país, está a intensificar-se, segundo um porta voz da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), que aponta para inúmeras baixas.

Em declarações à agência de notícias Reuters, Getachew Reda adiantou que o exército etíope e os seus aliados da região de Amhara estão a combater as forças de Tigray em diversas frentes, nas regiões vizinhas de Amhara e Afar.

Hailemariam Ambaye, chefe de segurança do governo da região de Amhara, confirma os ataques, garantindo que "as forças governamentais continuam a ofensiva para retomar os territórios ocupados. As tropas TPLF estão a tentar resistir, mas veremos o resultado. Neste momento, a ofensiva começou em todas as frentes e em breve daremos pormenores".

Nem o exército nem o Governo reconhecem a nova ofensiva que a TPLF diz ter tido início com ataques aéreos, na semana passada, dias depois da tomada de posse do primeiro-ministro Abiy Ahmed para um novo mandato de cinco anos.

Milhares de civis foram mortos e milhões forçados a abandonar as suas casas desde que a guerra começou em Tigray. Pelo menos 75.000 pessoas estão atualmente refugiadas no vizinho Sudão. Inicialmente, as TPLF foram forçadas a recuar, mas conseguiram recuperar a maior parte da região em julho, avançando para as regiões vizinhas de Ahmara e Afar.

Tomada de posse de Abiy Ahmed, a 4 de outubro, em Adis Abeba.Foto: ASSOCIATED PRESS/picture alliance

Amhara reivindica parte de Tigray, com terras férteis e uma importante fronteira estratégica com o Sudão. A área tem estado sob controlo de Amhara desde o início dos combates. As fronteiras de Tigray estão agora rodeadas por forças hostis e a Organização das Nações Unidas acusa o Governo de travar a ajuda alimentar a centenas de milhares de pessoas - uma acusação que as autoridades etíopes rejeitam.

Novos apelos ao cessar-fogo

Vários líderes mundiais voltaram esta semana a apelar ao cessar-fogo urgente para permitir o acesso humanitário à região. Segundo o Programa Alimentar Mundial, em Tigray, 5,2 milhões de pessoas precisam de apoio alimentar urgente.

Falando na sessão do Conselho de Segurança da ONU, esta terça-feira (12.10), o ex-Presidente sul-africano, Thabo Mbeki, defendeu que "as partes em conflito na Etiópia devem entrar num cessar-fogo permanente e envolver-se mutuamente num diálogo nacional inclusivo, precisamente para acordarem o que devem fazer em conjunto para alcançar o objetivo muito importante e nobre da unidade e diversidade".

Ajuda alimentar do PAM chega a uma aldeia de Tigray, em agosto.Foto: Claire Nevill/AP/picture alliance

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também voltou a apelar ao fim ao conflito na Etiópia, frisando que "a paz não se encontra num pedaço de papel. Encontra-se nas pessoas. As partes em conflito podem concordar em pôr fim às hostilidades. Podem concordar em iniciar o longo processo de reconstrução de um país. E podem mesmo unir forças para reconstituir um Governo".

Esta quarta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentou a crise humanitária que se vive na região: "Como etíope oriundo do Tigray, esta crise afeta-me pessoalmente, mas hoje falo como diretor-geral da Organização Mundial de Saúde".

Citando dados das agências da ONU, Tedros Adhanom, informou que "em Tigray, mais de 90% da população necessita de ajuda alimentar e cerca de 400.000 pessoas sofrem de fome". o RESPONSÁVEL advertiu ainda que muitas crianças em Tigray sofrem de desnutrição crónica e pediu às autoridades etíopes que permitam o acesso humanitário à região.

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