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PolíticaÁfrica do Sul

EUA acolhem primeiros "refugiados" sul-africanos brancos

DW (Deutsche Welle) | AFP | AP | Reuters
13 de maio de 2025

A administração Trump está a apoiar os sul-africanos brancos a mudarem-se para os EUA, alegando que estão a ser perseguidos. A África do Sul nega as acusações.

Funcionários dos EUA saudaram sul-africanos brancos com as palavras "bem-vindos à terra dos livres"
O primeiro grupo de afrikaners da África do Sul chegou ao Aeroporto Internacional de Washington Dulles, na Virgínia, na segunda-feira (12.05)Foto: Saul Loeb/AFP/Getty Images

Cinquenta e nove sul-africanos brancos foram ontem (12.05) recebidos como "refugiados" pela administração Trump.

A chegada ocorre em pleno protesto contra a atual campanha da Casa Branca de detenções de imigrantes e deportações em massa.

"Bem-vindos à terra dos livres", disse o secretário de Estado adjunto dos EUA, Christoph Landau, ao saudar o grupo.

"Quero que todos saibam que são realmente bem-vindos aqui e que respeitamos o que tiveram de enfrentar nestes últimos anos", disse Landau ao grupo de afrikaners, muitos deles segurando bandeiras dos Estados Unidos da Amércia.

Os sul-africanos chegaram a Washington a bordo de um avião charter privado, alegadamente pago pelo Departamento de Estado. Depois partiram noutros voos para vários destinos nos EUA.

Porque é que os EUA acolhem estes sul-africanos?

Os afrikaners são uma minoria étnica branca, grande parte descendente de colonos holandeses, alemães e franceses.

Os sul-africanos brancos representam apenas cerca de 7% da população do país, mas continuam a deter cerca de 78% das terras agrícolas privadas da África do Sul e têm cerca de 20 vezes mais riqueza do que os sul-africanos negros.

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O Presidente dos EUA, Donald Trump, juntamente com Elon Musk, seu conselheiro e diretor executivo da Tesla, nascido na África do Sul, têm-se manifestado sobre o que alegam ser a perseguição dos sul-africanos brancos pela maioria negra do país.

Isto apesar de os afrikaners continuarem a ser um dos grupos mais privilegiados da África do Sul desde o fim do apartheid, há 30 anos. Governaram a África do Sul durante o regime de segregação racial do apartheid, que se caracterizou pela frequente repressão violenta de sul-africanos negros.

África do Sul rejeita acusações

Na segunda-feira (12.05), Donald Trump repetiu as afirmações, populares entre a extrema-direita, de que os agricultores brancos na África do Sul estão a "ser mortos" e até a enfrentar um "genocídio".

A África do Sul tem uma elevada taxa de criminalidade violenta. Embora os sul-africanos brancos tenham sido alvo de violência e assassínio, as estatísticas criminais do país não mostram que os africanos sejam desproporcionadamente atacados.

O governo sul-africano rejeitou veementemente a alegação. "Os agricultores brancos são afetados pelo crime, tal como qualquer outro sul-africano que é afetado pelo crime", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da África do Sul, Ronald Lamola.

A administração Trump também acusou o governo sul-africano de confiscar terras pertencentes a agricultores brancos. Em causa está uma nova lei de expropriação de terras que visa facilitar ao Estado a expropriação sem indemnização, se for do interesse público. Nenhuma terra foi expropriada sem indemnização ao abrigo desta lei.

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Donald Trump, que já cancelou a ajuda externa à África do Sul, disse que planeia abordar a questão quando falar com os líderes do país na próxima semana.  A decisão de dar publicamente as boas-vindas aos sul-africanos brancos, ao mesmo tempo que deporta um grande número de pessoas não brancas que vivem nos EUA, lançou dúvidas sobre a seriedade da ação.

Em fevereiro, o Presidente dos EUA assinou uma ordem executiva que permite aos afrikaners solicitar o estatuto de refugiado. Isto aconteceu apenas um mês depois de ter suspendido a admissão de refugiados do resto do mundo. Trump negou estar a favorecer os sul-africanos por serem brancos.

O governo sul-africano, liderado pelo Presidente Cyril Ramaphosa, afirmou que as alegações de perseguição contra os "afrikaners" brancos são "completamente falsas", salientando que estes se encontram entre as pessoas mais ricas e "economicamente mais privilegiadas" do país.

Ramphosa afirmou que os afrikaners brancos abandonaram o país principalmente por se oporem às políticas destinadas a combater a desigualdade racial.

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