EUA e aliados discutem nova ofensiva russa na Ucrânia
DW (Deutsche Welle) | cm | com agências
19 de abril de 2022
O Presidente dos EUA, Joe Biden, e aliados analisam hoje a nova ofensiva russa na Ucrânia. Ataque em grande escala contra a região do Donbass, por parte de Moscovo, tinha vindo a ser anunciado por Kiev há várias semanas.
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Joe Biden participa hoje numa reunião, por videoconferência, "com os aliados e parceiros" sobre a nova ofensiva russa no leste da Ucrânia. O encontro irá abordar o "apoio contínuo à Ucrânia e os esforços para garantir que a Rússia seja responsabilizada" pela invasão, disse um responsável da Casa Branca à agência de notícias France-Press.
A lista de participantes na reunião não foi divulgada. Na segunda-feira (18.04), o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, garantiu que Washington irá continuar a reforçar as sanções financeiras e outras medidas económicas contra a Rússia.
O encontro realiza-se depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter anunciado que a Rússia lançou ontem uma ofensiva contra o leste da Ucrânia, intensificando os combates na região do Donbass, controlada em parte pelos separatistas pró-russos. Um desenvolvimento previsto por Kiev há várias semanas.
"Segunda fase da guerra começou"
"A segunda fase da guerra começou", descreve o gabinete do Presidente da Ucrânia. Desde que as tropas russas começaram a retirar-se de Kiev, que o exército ucraniano esperava que as atenções se virassem para a região leste do país.
ONU alerta para os efeitos nefastos da guerra
05:35
"Uma grande parte do exército russo está agora concentrado nesta ofensiva. Não importa quantas tropas russas sejam conduzidas para lá, lutaremos, defender-nos-emos e faremos tudo o que for necessário para manter o que é ucraniano", avisou Zelensky.
Os ataques já estão a escalar em várias cidades do leste do país. A região é estratégica para Putin por causa de Donetsk e Luhansk, territórios separatistas pró-russos que o Kremlin quer "libertar” da Ucrânia.
Já no oeste do país, em Lviv, a 80 quilómetros da fronteira com a Polónia, cinco ataques com mísseis resultaram em pelo menos sete mortos.
Na cidade portuária de Mariupol, o cenário é de máxima destruição. As autoridades ucranianas alertaram esta segunda-feira (18.04) que a Rússia está a lançar bombas contra uma antiga fábrica metalúrgica que terá militares e civis abrigados.
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Política de sanções fracassou
No plano económico, o Presidente russo, Vladimir Putin, diz que a política de sanções do ocidente fracassou. E que os efeitos atingem os países que as adotaram.
"Falo da inflação crescente, do desemprego, do declinar dos padrões de vida dos europeus e da desvalorização das suas poupanças. A Rússia aguentou uma pressão sem precedentes. A situação económica está a estabilizar", declarou Putin.
A Ucrânia já entregou a resposta formal ao questionário da Comissão Europeia sobre eventual adesão à União Europeia (UE), dez dias depois de a presidente Ursula von der Leyen ter prometido a concretização "em semanas" de um relatório sobre a candidatura do país.
A Ucrânia espera que o pedido seja reconhecido na próxima cimeira europeia, que terá lugar em junho.
54 dias após o início da invasão russa pelo menos 2.072 civis morreram e perto de 3 mil ficaram feridos, segundo dados da ONU. Os números reais, alerta, poderão ser muito superiores.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".