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EUA e talibãs assinam acordo de paz histórico

Lusa | tms
29 de fevereiro de 2020

Documento assinado no Qatar deve resultar na retirada militar total dos americanos do Afeganistão, após 18 anos em guerra. No entanto, saída das tropas depende do compromisso dos talibãs no combate ao terrorismo.

O diplomata norte-americano Zalmay Khalilzad (esq.) e o líder político do talibã Abdul Ghani Baradar (dir.), em DohaFoto: AFP/G. Cacace

Os Estados Unidos e os talibãs assinaram este sábado (29.02) em Doha, no Qatar, um acordo de paz histórico que deve resultar na retirada militar total das tropas norte-americanas do Afeganistão.

Segundo a agência Associated Press (AP), o acordo prevê que dos 13 mil militares norte-americanos presentes no país apenas restem 8.600 dentro de três a quatro meses, e que a retirada total aconteça em 14 meses. Essa retirada fica, no entanto, pendente do respeito dos talibãs pelo acordo e do seu compromisso de combater o terrorismo.

A agência de notícias France Press adianta que o secretário da Defesa americano, Mark Esper, afirmou que os EUA "não hesitarão em anular o acordo" se este for desrespeitado: "Se os talibãs não respeitaram os seus compromissos, vão perder a oportunidade de se sentar com os outros afegãos e deliberarem sobre o futuro do seu país", disse o chefe do Pentágono.

Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americanoFoto: AFP/K. Jaafar

Também o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, presente na assinatura do acordo em Doha, advertiu que este entendimento é apenas o princípio de um processo de paz e que ainda há muito para fazer.

"Este é um momento cheio de esperança, mas é só o princípio, há uma grande quantidade de trabalho pela frente no campo diplomático", disse Pompeo em conferência de imprensa em Doha, adiantou a agência EFE.

União Europeia quer paz duradoura

A União Europeia já pediu que as negociações para uma paz duradoura entre afegãos comecem "sem demora".

"A União Europeia considera a conclusão hoje do acordo entre Afeganistão e EUA e entre os EUA e os talibãs um importante primeiro passo em direção a um processo de paz completo, com as negociações entre afegãos no centro", disse o representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell, numa declaração em nome dos 27 Estados-membros.

Borrell acrescentou que "não se pode perder a atual oportunidade de avançar em direção à paz".

Foto: AFP/G. Cacace

Acordo

A assinatura do acordo ocorre uma semana depois de a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos e os talibãs se comprometerem a reduzir a violência na região.

O documento inclui a possibilidade de negociações diretas entre os rebeldes e o Governo afegão, que o movimento insurgente tinha até agora recusado, e conduzirá a um tratado permanente de paz, que termina uma guerra que remonta a 2001 e que se tornou o mais longo conflito militar em que os Estados Unidos estiveram envolvidos.

O acordo contempla ainda a retirada gradual das tropas norte-americanas e a libertação de cerca de metade dos talibãs que tinham sido feitos prisioneiros pelas forças fiéis ao regime afegão.

O primeiro passo desta nova fase passará pela libertação pelo Governo de Cabul de cinco mil dos cerca de 11 mil elementos do movimento que se encontram presos. Em troca, os talibãs comprometem-se a libertar cerca de mil prisioneiros das forças afegãs.

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